Felipe
Chegamos no Rio e cada um seguiu para seu apartamento. A verdade é que eu já estava com saudades do calor que faz aqui, totalmente contrário do clima instável de São Paulo, que ao mesmo tempo que está sol, já começa a chover.
Guardei o carro no estacionamento e segui para o elevador. Senti um frio na barriga e foi inevitável não lembrar daquele dia. Entrei no apartamento e comecei a desfazer as malas, em seguida, fui até a casa de meus pais.
…
Minha mãe que estava de costas falando ao telefone, nem me viu chegar. Fiquei parado na porta esperando que ela encerrasse a ligação e após, chamei sua atenção para mim.
— Será que alguém nessa casa sentiu minha falta? — Ela virou-se imediatamente e em seu rosto desabrochou um sorriso largo.
— Meu filho, que saudades! — Caminhou em minha direção e nos abraçamos.
— Como você está, mãe?
— Estou bem, meu amor… e você?
— Agora que estou de volta, muito melhor! — Ganhei outro abraço apertado, em seguida, perguntei. — Meu pai já foi para a empresa?
— Sim, mas virá almoçar em casa. Vai comer conosco, né?! Mandei preparar rocambole de carne com cheddar e de sobremesa, torta de chocolate com avelã e amêndoas.
— Hum... que delícia… até me deu fome! — Ela sorriu. — Vou ficar sim, mãe.
— Perfeito! — Sua expressão satisfatória, deixou-me contente.
— E as meninas?
— Ayla ainda não voltou da viagem e Kate está no quarto.
— Vou lá falar com ela!
— Faça isso! Eu vou ver como está o andamento do almoço.
Minha mãe seguiu para a cozinha e eu fui na direção dos quartos. Minha irmã estava tão concentrada que nem me viu abrir a porta.
— Não deveria trabalhar tanto! Assim vai se desgastar! — Proferi ao ver a quantidade de papéis em cima de sua mesa e ela rapidamente levantou da cadeira e correu em minha direção.
— Fe... Ah que saudade, irmão! — Pulou em meu pescoço e quase caímos.
— Ei!!! — Nós nos equilibramos e rimos. — Eu também estava com muita saudades!
— Nossa, como você está lindo! Pelo visto, São Paulo te fez bem! — Me olhou de cima embaixo.
— Olha quem fala... é você quem está encantadora!
— Ah, obrigada! — Ela forçou um sorriso e nesse momento eu percebi que algo não estava bem.
— O que aconteceu?
— Nada… Por que a pergunta? — Seu nervosismo evidenciou que não me enganei e se ela pensa que vai conseguir me enrolar, está errada.
— Não minta, Kate! Te conheço suficientemente bem para saber que há algo errado. O que houve? — Ela respirou fundo e acabou entregando os pontos.
— Está bem... vamos nos sentar que eu te conto.
Sentamos nas poltronas e ela começou a falar.
— O Victor apareceu na loja! — Quem ficou surpreso fui eu.
— Victor? Seu ex-namorado? — Assentiu.
— O próprio!
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