Continuação…
Felipe
Eu não acredito no que acabo de ouvir! Como assim namorada do Igor? Isso não pode ser verdade! Eu gritava internamente enquanto minha cabeça custava a entender tal brincadeira do destino. Permaneci calado enquanto nos encaravamos fixamente sem dizer nada até que Caio entrou repentinamente, quebrando o silêncio torturante que tomava conta da sala.
— E aí, cara... tá todo mundo esperando a bebida e você não vem. — Nunca na vida gostei tanto de vê-lo chegar.
— Eu já estou indo! Muito prazer, Allana. — Dirigi-me a ela que apenas assentiu e pedi licença para me retirar. — Com licença.
Seguimos para área externa e já do lado de fora entreguei a garrafa ao meu amigo e me afastei dos outros para que pudesse digerir aquilo. Poucos minutos depois, Caio aproximou-se trazendo novamente a bebida e se posicionou ao meu lado, mas não disse nada.
— Pode falar que você me avisou. — Virei o copo bebendo todo o líquido que nele continha e foi a vez dele se pronunciar.
— Eu não vou falar isso. Sei como deve estar se sentindo e não gosto de te ver assim, mano.
— Não... Ninguém sabe como estou me sentindo! Tantos caras por aí e ela foi namorar justamente um que cresceu comigo. Eu preciso sair daqui.
— Cara, entendo que tenha sido um baque muito grande para você, na verdade até para mim foi uma surpresa, pois não tinha como imaginar essa situação, mas você precisa se controlar e aguentar mais um pouco. Como vai embora se ainda nem viu o Igor? Vai soar no mínimo estranho. Sem contar o jeito que vocês se olharam... Eu acompanhei tudo aqui de fora e tenho certeza que Bia também percebeu.
Ele tem razão! Nossa reação deixou muito a desejar, mas não tinha como ser diferente. Como eu iria imaginar algo do tipo? Eu sempre soube que ela poderia ter alguém em sua vida, mas como não tem nada sentimental em suas redes sociais, não tinha como saber que ela tem namorado e muito menos que é o meu amigo.
— O que eu faço então? — Perguntei, afim de encontrar uma solução.
— Age naturalmente. — Eu ri com sarcasmo.
— Como se fosse fácil! — Virei o copo novamente e me servi outra dose.
— Não é, mas você tem que tentar. E vê se para de beber desse jeito ou todo mundo vai perceber que há algo errado! — Quase não deu tempo dele alertar.
— Ei… Por que tá bebendo desse jeito? Vai devagar aí ou não vai aguentar virar a noite! — Bia falou enquanto se aproximava com Allana.
— Não vou ficar muito tempo, daqui a pouco eu já vou. — Forcei um sorriso.
— Claro que não! Sempre foi o último a sair... O que está acontecendo? Hoje você está estranho demais...
Eu não tive o que responder e mais uma vez foi o Caio quem me salvou, ou não.
— É porque ele vai sair com a Camila!
— Não acredito! De novo? — Ela me questionou e como eu não estava afim de conversa, não disse nada. — Olha, sinceramente eu não sei porque você insiste nisso... ela vai acabar complicando a sua vida.
— Deixa ele, Bia...
Enquanto os dois discutiam sobre o que devo fazer, eu não parava de olhar para Allana e mesmo ela tentando disfarçar, notei que seus olhos também me encaravam a todo instante.
— Onde está o Igor? — Mesmo não querendo ver os dois juntos, achei melhor perguntar sobre ele antes de deixar transparecer que só quem de fato está me importando é essa bela mulher, que infelizmente é proibida para mim.
— Lá fora em ligação e por falar nisso, vou ver o porquê ele está demorando tanto. Já volto! — Bia se retirou.
Aproveitando que estávamos só os três, decidi puxar assunto com ela, afinal, Caio sabe de toda a situação e assim me sinto mais à vontade.
— Quer beber alguma coisa, Allana? — Perguntei e ela assentiu.
— Sim, uísque com gelo, por favor.
— Vou pegar um copo para você... Com licença! — Meu amigo saiu, deixando-nos a sós.
Respirei fundo e tentei agir naturalmente, quando minha vontade era falar tudo que estou sentindo no momento.
— Senta, o Igor não deve demorar. — Apontei uma cadeira e ela sentou-se. — Como é o destino, né... sendo sócios há tanto tempo e não nos conhecíamos.
— Não tinha como ser diferente, eu nunca vou à empresa.
— Seu irmão comentou. — Ela deu um sorriso discreto e não falou mais nada e para não deixar o clima tenso, decidi prolongar o assunto. — Faz tempo que você e Igor estão juntos?
— Alguns meses... Mas e você, por que não trouxe sua namorada?
— Porque eu não tenho uma. — Ela me olhou surpresa.
— Ah, me desculpe... pensei que a mulher que mencionaram a pouco ocupava esse lugar.
— Não... isso não tem nada a ver. Esse lugar está vago e, ao que parece, permanecerá assim por muito tempo.
— Compreendo... não é do tipo que se apaixona. — Por que será que todo mundo me julga dessa forma? Eu não sou assim!
— Você interpretou errado! Sou do tipo romântico, mas em meu coração existe um amor platônico. — Expliquei.
— E por que o considera dessa forma? É por questão de distância ou algo do tipo?
— Não... ela está mais perto do que você pode imaginar! Além disso, distância nenhuma seria capaz de me manter longe se ela não fosse comprometida. — Com essa revelação, pude vê-la engolindo seco.
Deus, eu devo estar ficando louco! Não posso falar essas coisas. Ela é namorada do meu amigo e eu tenho que respeitar a ambos.
— Nossa... deve ser difícil. — Falou enquanto colocava o cabelo atrás da orelha.
— Sim, você não imagina o quanto!
O silêncio perdurou por alguns instantes, até Bia voltar acompanhada de Igor.
— E aí cara….Pensei que não voltaria mais! Como você está, irmão? — Cumprimentou abraçando-me e eu retribui
— Estou bem… e você?
— Não poderia estar melhor! — Vê-lo puxando ela para junto de si, fez meu sangue ferver nas veias, mas infelizmente eu não tenho o direito de sentir ciúmes.
— Pessoal me desculpem pela demora, eu estava resolvendo um assunto. — Caio entregou-lhes os copos e serviu as bebidas.
Os outros se juntaram a nós e ficamos todos conversando e bebendo por algumas horas. Igor não desgrudou de Allana nem por um minuto e sinceramente, isso está me incomodando, mas parece que não sou o único.
— Igor, eu quero ir embora... não estou me sentindo muito bem.
— O que você tem, amor? — Ele perguntou, visivelmente preocupado.
— Nada sério... Só uma dor de cabeça, mas prefiro ir.
— Claro, sem problemas... eu te levo! — Afirmou se levantando e ela rebateu.
— Não precisa, eu posso chamar um táxi. Fica e aproveita a companhia dos seus amigos... Eu só preciso dormir um pouco.
— De jeito nenhum! Eu vou com você.
A insistência dele a deixou sem alternativas e ela acabou concordando. Despediram-se de nós e saíram.
Por um lado fiquei aliviado, mas por outro, completamente paranóico. Odeio imaginar que agora os dois vão dormir juntos, pois sendo namorados, dificilmente ele vai deixá-la sozinha em uma sexta à noite.
Pensando nessa possibilidade, não demorou muito e meu humor azedou de vez, então decidi ir embora também. Me despedi de todos e quando estava saindo, encontrei uma pulseira caída no chão. Peguei e voltei para entregar à sua dona.
— Bia, isso estava na beira da piscina. — Entreguei-lhe o acessório e antes que ela pudesse falar, a Rafa se adiantou.
— Essa pulseira é da Allana… ela vai malhar com ela todos os dias.
— Vou guardar e amanhã devolvo. — Beatriz falou, mas Rafaela teve outra idéia.
— Da para o Fe levar… ela mora no Soter também.
O destino deve estar de marcação comigo! Tantos edifícios na cidade e ela tinha que morar justamente no mesmo que eu!
— Você pode fazer esse favor, Fe? — A Bia perguntou e vi o Caio coçar a cabeça.
Não me agrada nem um pouco ter que ir até o apartamento dela, sabendo que Igor com certeza está lá, mas para não demonstrar o quanto isso me desagrada, aceitei.
— Está bem, eu levo. — Meu amigo balançou a cabeça em negação e eu sei exatamente o que ele está pensando.
Deixei o local e voltei para o edifício.
Ao entrar, falei ao porteiro seu nome, perguntei o andar e o número do apartamento dela e após guardar o carro no estacionamento, segui para o
5 andar.
Toquei a campainha já arrependido por ter vindo até aqui e logo a porta se abriu… Que vista é essa meu Deus!!! Allana estava usando apenas uma lingerie preta de renda e foi impossível não encará-la de cima a baixo.
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