Felipe
Não pude deixar de ouvir a conversa de Kate quando percebi que tratava-se de Allana e que bom que eu permaneci ali, porque ela não ia me contar.
Apesar de não ter entendido claramente o que falaram, pois só ouvi o que minha irmã dizia, entendi que Igor fez algo grave e por conta disso Allana saiu sem ao menos trocar de roupa e isso me preocupou muito e me fez querer saber mais.
A confrontei por ter mentido para mim e saí depressa para a praia do Recreio, pois é a que fica em frente ao edifício, afinal, ela saiu a pé e com certeza não foi muito longe.
Segui dirigindo no asfalto e prestando atenção naquela imensidão de areia e água para ver se a encontrava, mas nem sinal! Continuei por mais alguns metros e logo à frente a vi sentada em uma pedra, estacionei e fui até lá. Ela estava tão distraída, olhando a escuridão do mar que nem me viu chegar.
— Sabia que é perigoso ficar sozinha aqui à noite? — Perguntei sentando-me ao seu lado e ela me olhou visivelmente surpresa.
— O que você faz aqui? — Interrogou secando o próprio rosto que estava completamente molhado pelas lágrimas e eu inventei uma desculpa, que obviamente não colou.
— Resolvi caminhar um pouco na areia e te vi aqui sozinha, então vim ver se precisa de algo…
— Kate te contou, né?! — Baixou a cabeça e começou a mexer na areia com um palito que estava em sua mão.
— Não… digamos que eu soube por acaso.
— Felipe, acho melhor você ir embora. Igor pode aparecer e interpretar mal a situação… não quero mais problemas. — Fiquei chateado com o que ouvi e não hesitei em perguntar.
— Gosta muito dele?
— Não é isso… — Ela se calou e eu insisti.
— O que é então?
— É melhor você ir, Felipe!
— Não sem saber o que está acontecendo… me diz! Se não gosta dele, o que há então? Tem medo? — Novamente o silêncio torturante tomou conta e eu perguntei outra vez. — É isso, Allana? O que o Igor fez para que sinta medo dele?
Ela permaneceu na mesma maneira e vi outra lágrima escorrer de seus olhos, então segurei carinhosamente em seu queixo, erguendo sua cabeça.
— Ei, não chora! — Pedi e nesse momento notei algumas marcas em seu pescoço. — O que é isso? Por acaso é o que eu estou pensando, Allana? — Indaguei, já muito putø, por imaginar do que se tratava e ela se manteve quieta, o que confirmou minhas suspeitas.
— PÜTA QUE PARIU!!! EU NÃO ACREDITO QUE O IGOR FOI CAPAZ DISSO!!! EU VOU MATÄR ELE!!! — Me alterei sem perceber e quando me dei conta, eu estava em pé andando de um lado para o outro e ela chorando muito mais, provavelmente assustada com a minha reação. — Me perdoa, eu não queria te assustar… fica tranquila, vai ficar tudo bem!
Contive minha raiva e a envolvi em um abraço protetor, esperando que se acalmasse e senti-la tão aflita, cortou o meu coração. Ela é tão frágil que eu não consigo acreditar que aquele idiøta se atreveu a machucá-la ao invés de cuidar. Um monstro que maltrata mulheres… Eu me nego a acreditar que um dia o chamei de amigo.
— Não chora, por favor! Eu não suporto te ver assim… — Implorei, enquanto acariciava seus cabelos macios e senti meus olhos lacrimejando.
Ela se afastou e me encarou de uma forma tão serena, com aqueles lindos olhos azuis completamente molhados, a ponta nariz vermelho e as bochechas rosadas por causa do choro constante, que foi impossível conter a vontade de umedecer aqueles lábios tão convidativos com os meus.
Aproximei nossas bocas e ela permaneceu parada, mas quando estava quase alcançando meu objetivo, ela recuou secando o rosto.
— Obrigada por tudo! — É óbvio que ela está fugindo da situação, mas uma coisa é certa, eu a senti tremer com a minha aproximação.
— Me agradeça ficando em segurança! — Levantei e lhe estendi a mão. — Vem… vou te levar até a Kate. — Ela se apoiou, levantou e começamos a andar em direção ao carro.
Percorremos o caminho todo, cerca de 13 minutos, em total silêncio e quando chegamos, minha irmã apareceu rapidamente e desembestou falar.
— Amiga, me desculpe por não ter ido te buscar, mas meu irmão saiu na frente e não me esperou. Como você está? — Ela forçou um sorriso e as duas se abraçaram.
— Estou melhor, amiga…
— Vem, vamos entrar! — Kate convidou, nós entramos e encontramos meus pais na sala.
— Boa noite! — Allana cumprimentou receosa e eles responderam calmamente então ela continuou. — Elisa, Humberto, me desculpem por incomodar vocês com meus problemas a essa hora... — Meu pai não deixou que ela terminasse.
— Não se preocupe, filha! Não é incômodo nenhum! Agora se tranquilize, aqui você está segura.
— Sim, minha querida… vai ficar tudo bem! Confie! — Minha mãe a abraçou e ela agradeceu.
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