Felipe
— Não foi isso que eu disse, Allana!
— Mas insinuou! — Retrucou rapidamente e eu tentei expor meu ponto de vista.
— Depois de tudo que ouvi ontem, acho que ele marcou sua vida, senão, você não teria motivos para esconder de mim. — Mencionei e ela calou por alguns segundos, em seguida encarou-me seriamente.
— Você duvida dos meus sentimentos, Felipe? — Interrogou-me franzindo as sobrancelhas e eu respondi no impulso.
— Nem sei mais o que pensar…
Ao me ouvir, ela se expressou facialmente e assentiu em silêncio ao baixar a cabeça, mas logo voltou a me olhar.
— Você não confiou em mim e não acredita nas explicações que te dei. Eu estou tentando conversar desde ontem e você está sendo indiferente e além de tudo, acabou de me dizer que duvida do que sinto por ti. Sinceramente, eu não esperava isso. — Notei um certo desapontamento em sua voz, mas não cedi pois estou em meu direito.
— E o que você esperava? Que eu fingisse que nada aconteceu e abrisse um champanhe para comemorar? — Neguei com a cabeça expressando indignação e ela fez menção de falar, mas eu continuei. — Você ouviu tudo que ele disse, calada e isso deixou claro que deu razão a ele, pois nem tentou desmentir.
— Você está interpretando mal, Felipe… Eu me calei para evitar prolongar a provocação dele… só isso!
— Deixando-o falar o tudo aquilo, sem ao menos negar? Essa é a sua maneira de demonstrar que ele está errado? Você já se colocou em meu lugar?
— Já sim! E pode ter certeza que eu acreditaria no que você me dissesse, a não ser que houvessem fatos que comprovassem o contrário. — Argumentou completamente segura e eu rebati.
— Não acredito que tenha, pois como já disse, você não o desmentiu e para mim, quem cala, consente! Se a situação fosse contrária, tenha certeza que eu deixaria claro o seu lugar em minha vida, para quem quer que fosse. — Destaquei sem me intimidar, pois é o que eu faria.
— O que deveria importar para você é o que eu te disse e o que estou tentando demonstrar a cada dia, mas não... a palavra dos outros tem mais valor.
— A questão não é essa, mas sim a sua atitude diante daquele fato deplorável. Você deixou muito a desejar quando ouviu tudo calada. Por que não retrucou a ele como fez inúmeras vezes comigo?
Ela somente negou com a cabeça enquanto Gustavo se aproximava.
— Desculpa atrapalhar a conversa de vocês, mas temos que ir… — Pronunciou apreensivo e sua irmã virou sem dizer nada e seguiu para o avião.
Embarcamos também e ela já estava sentada em um dos bancos perto da cabine. Seu irmão colocou os fones de ouvido e acomodou-se na parte de trás, com as cortinas fechadas e eu sentei-me à sua frente.
É óbvio que ela não gostou que eu tenha saído sozinho na noite passada, mas depois do que aconteceu, o direito de ficar chateado é totalmente meu. Até mesmo porque, não fiz nada além de sair para beber.
Permaneci pensativo encarando a janela por alguns minutos e logo ela quebrou o silêncio.
— Vai continuar sem falar comigo? — Perguntou e eu olhei para ela.
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