Meu melhor erro romance Capítulo 2

Gabriela

Estou extremamente nervosa, não acredito que isso está acontecendo comigo, a única coisa que posso fazer agora é esperar que o meu melhor amigo me ajude.

— O que é isso? — ele perguntou com os olhos arregalados.

— O... que parece.. ser... — respondo em meio as lágrimas.

— Gabriela o que é isso? O que isso significa? — ele perguntou meio confuso e sentou ao meu lado na cama.

— Eu estou grávida, Lucas. Grávida de três meses!

— Como assim, Gabriela? Três meses e você só descobre agora?

Quando ele falou isso as lágrimas e soluços me dominavaram, eu tinha dificuldade para explicar.

Meu melhor amigo então me puxou para um abraço e afagou meus cabelos.

— Você sabe que tenho deficiência de progesterona, achei normal minha menstruação não vir, não desconfiei até passar mal ontem — meus ombros subiam e desciam, eu estou muito nervosa e muito assustada.

— Por que você não me ligou? — ele perguntou ainda fazendo carinho em mim.

— Não sabia qual seria a sua reação — quando falei ele parou de me abraçar.

Lucas se levantou e caminhou passando as mãos pelos cabelos negros. Sentou no chão a minha frente e eu encarei seus olhos azuis.

Suas mãos seguraram as minhas, senti o calor emergir delas e me confortar.

— Não precisa ficar com medo da minha reação, aliás, a culpa também é minha né? — ele suspirou e olhou para o lado. — Não deveria ter ficado bêbado naquele dia.

— Nem eu — levei a mão até meus fios de cabelo liso.

O Lucas começou a rir e eu o encarei, do que ele estava rindo. Não era pra ele rir, não era nada engraçado.

— Eu nem posso me perguntar se usamos camisinha, só nos lembramos de acordar nus no outro dia...

— Isso não é engraçado, Lucas. O que sua mãe vai achar disso? — eu arregalei os olhos só de pensar. — O que a Sara vai pensar sobre isso? Aí meu Deus Lucas! — as lágrimas voltaram a escorrer pela minha bochecha avermelhada.

— Gabi, eu comecei a namorar há Sara um mês depois daquela noite, eu não a traí, então não há o que temer — o Lucas falou tentando me acalmar.

— Ela já não gosta de mim, imagine quando descobrir que eu estou esperando um filho seu? — falei soluçando e levei a mão até meu ventre.

Meu filhinho não merecia vim ao mundo nesta confusão toda, não era o momento certo nem a pessoa certa, eu amo o Lucas, mas como amigo.

— Você é minha melhor amiga, veio antes dela, não acha que vou te deixar grávida, descalça sem amparo por ciúmes, né?

Sorri pela tentativa dele de me animar.

Desci da cama e passei os braços pelo pescoço dele. Lucas era o melhor amigo que alguém poderia ter.

A porta do quarto se abriu e uma Sara alegre entrou, até me ver abraçando o namorado dela.

Me afastei dele rapidamente e olhei para os lados secando as lágrimas. Lucas levantou e foi dar um beijo na namorada, que ciumenta como era, logo ficou de cara feia.

Bom, deixa-me explicar melhor essa história.

Conheci o Lucas ainda no ensino médio,ele morava na Praia Grande e se mudou para a capital junto com seu pai, ai teve que ingressar na escola que eu já estudava desde pequena.

Sempre fui muito sozinha, gostava de me dedicar aos estudos e não entrava muito da bagunça, uma típica nerd. Mas um certo dia um garoto extrovertido, inteligente e gato, entrou na minha sala, a princípio o ignorei assim como ignorava a todos, até que em uma das interclasses, o professor de educação física, a pior matéria que poderia existir, me obrigou a jogar, caso quisesse ter nota para passar de ano.

Lembro como se fosse ontem o péssimo jogo que tive e a brusca queda ao tentar fazer uma cesta, nessa queda acabei quebrando meu braço esquerdo. Quando acordei no hospital lá estava o tal garoto chamado Lucas, ele tinha sido designado pelo professor, que estava mais preocupado em ganhar os jogos do que com sua aluna de braço quebrado, para ficar comigo até meus pais chegarem.

O Lucas começou a conversar comigo e querer saber mais sobre mim, e eu retribuía todas as perguntas, e acabou que não nos separamos mais depois daquele episódio.

Fizemos faculdade na PUC, ele direito, como seus pais sempre sonharam e eu engenharia de produção. Tínhamos terminado há pouco mais de um ano a faculdade, ele já trabalhava num escritório que montou com o pai e eu em uma indústria alimentícia.

Tudo ocorria bem, até que na noite de ano novo de 2021 para 2022, bebemos a noite toda até não termos nem ideia de quem éramos, depois de ficarmos tanto tempo em casa tudo que queríamos era curtir um pouco, mas exageramos, só me lembro de acordar no outro dia, nua na cama e abraçada a ele.

Decidimos esquecer o incidente, até porque ele logo reencontrou a Sara, uma garota de 20 anos, que trabalhava no mesmo edifício que ficava o escritório dele. Completamente insegura sempre teve muito ciúmes da nossa amizade, e se tinha antes, quero ver como ficará quando descobrir que estou esperando um filho dele.

Encarei meu amigo sem graça, era melhor deixar os dois sozinhos para que ele desse a notícia para a menina.

— Bom, acho que vou indo — tentei sorrir.

Peguei meus óculos quadrados que estava sobre a cômoda ao lado da cama, e saí do quarto, minha bolsa estava em cima do sofá junto com minhas sapatilhas, Lucas me seguiu até a porta e deu um beijo na minha testa, e coloquei a máscara antes dele abrir a porta.

— Te ligo mais tarde — ele falou.

Assenti e fui pegar o elevador do prédio.

Passei a mão no meu ventre enquanto esperava para chegar até o térreo, o que seria dessa história? Ah, eu estou tão perdida.

E quando contasse para meus pais? Meu pai e meu irmão mais velho me matariam. Limpei mais algumas lágrimas. E a mãe de Lucas então? sempre colocou as expectativas no filho, o que ela ia dizer ao saber que uma mulher que não era a namorada dele estava grávida dele?

Minha cabeça rodou com todos aqueles pensamentos.

Desci no térreo e caminhei para estacionamento. Entrei no meu gol vermelho e dirigi para meu apartamento não muito longe dali. Por ter passado mal no dia anterior tinha pegado um atestado de dois dias.

Assim que cheguei me joguei no meu sofá e desencadeie a chorar.

Não podia ter acabado com minha vida desse jeito, ainda tinha tanta coisa pra fazer, minha pós-graduação, minhas viagens, conhecer o amor da minha vida.

Mas quem iria querer uma menina de 24 anos que já tinha um filho? Um soluço saiu profundo da minha garganta, alisei meu ventre, ao mesmo tempo que estou surtando estava feliz por ter um serzinho crescendo dentro de mim.

Em outras épocas eu correria para o colo do meu amigo e choraria até ficar desidrata, mas mesmo sabendo que agora ele estava do meu lado, eu não queria pressionar ele a nada. Respirei fundo, sequei minhas lágrimas e fui até a geladeira. Não tinha nada que eu queria comer, voltei a chorar de novo e peguei uma panela para fazer um brigadeiro. Assim que terminei coloquei na geladeira e fui tomar um banho.

Me despi e parei em frente ao grande espelho que tinha no meu quarto. Como não notei esse inchaço? Minha barriga já estava mais achatada. Como não notei? Passei a mão com cuidado e carinho.

Não era uma criança desejada, mas era minha criança e eu faria de tudo para protegê-la de tudo. Entrei no chuveiro e passei um shampoo nos meus fios de cabelo loiro. Me ensaboei e fiquei pensando por um bom tempo enquanto a água quente caía sobre minhas costas.

Sai do chuveiro e vesti um pijama velho.

Penteei meus cabelos e logo estava assistindo uma comédia romântica e comendo meu brigadeiro. A noite foi chegando e junto com ela meu sono. Meus olhos pesaram e não demorei a dormir. Mas não dormi por muito tempo, ou pelo menos pensei que não.

Acordei com a boca salivando por conta de um sonho com um bolo de ameixa com doce de leite. Olhei o relógio e já eram quase onze da noite.

— Bem que eu tinha estranhado essas minhas vontades repentinas ultimamente. Como foi que eu não desconfiei de uma gravidez? — me perguntei.

Assim como havia feito nos meses que antecederam a notícia e eu sentia essas vontades repentinas, levantei, vesti um moletom confortável e peguei a chaves do carro e o celular.

Peguei o elevador e desci no subsolo.Caminhei até meu golzinho e depois dirigi até uma padaria que ficava um pouco distante dali, mas tinha o melhor bolo de ameixa com doce de leite de todo mundo.

Estacionei na frente do lugar e comemorei por ainda não ter fechado. Corri para dentro e fui logo para as prateleiras de bolos. Peguei um inteiro para realizar meu desejo, porém assim que vi um de cenoura com chocolate, minha boca salivou, o peguei também e fui para o caixa. Peguei mais alguns chocolates e entreguei para o homem do caixa.

Paguei tudo e fui para o carro, não via a hora de chegar em casa e me deliciar com aqueles bolos. Parei em um cruzamento por conta de um sinal vermelho, porém assim que o sinal abriu o carro não deu partida, não saiu do lugar.

— Era só o que me faltava — lamentei.

Saí do carro tomando cuidado com os outros que passavam por ali e abri o capô, tentei analisar o que estava acontecendo, mas mesmo eu entendo muito bem desta parte eu tinha esquecido os meus óculos e minha visão de perto não estava a das melhores, bufei frustrada e voltei para dentro.

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