Meu melhor erro romance Capítulo 8

Gabriela

Explicar toda a situação de uma forma que Gabriel entendesse era um problema. Passei o caminho da casa dele dizendo que aquela não era a letra do Lucas e sim da namorada dele e tudo mais.

Ele estava nervoso ainda, porque, aliás, eu continuava grávida. Quando eu contei para ele na noite passada, ele começou a quebrar sua coleção de carrinhos. Ele sempre foi muito protetor. A frase que mais ouvi na minha adolescência dele foi "quando ele quebrar seu coração, não venha chorar pra mim." e eu sempre ia e o Gabriel nunca me negou atenção.

— Peça desculpas para o Lucas, sabe como é né, fiquei um pouco nervoso. — disse coçando a cabeça quando parei em frente à sua casa.

Apertei os olhos e dei um beijo na sua bochecha.

— Obrigada por cuidar de mim na noite passada, apesar dessa sua violência! — revirei os olhos.

— Me liga assim que for o médico, ou melhor, quando for ao médico eu quero ir junto, se cuida viu e cuida do meu sobrinho e qualquer que o Lucas apronta você me avisa — disse descendo do meu gol.

— Vou pensar! E não se preocupe com a gente, e o Lucas não é nem doido de fazer algum mal a mim e ao bebê...

— O Lucas não, mas a namorada, toma cuidado viu maninha e qualquer coisa mesmo me liga — ele falou preocupado, meu irmão acredita que ela fez tudo de caso pensado.

— Não se preocupe que eu ligo. Manda um beijo para a Joana e para os meu sobrinhos lindos.

Acenei e dei partida. Liguei o rádio do meu carro e fui arriscando um inglês falho durante o caminho. Quando entrei no meu apartamento notei o celular do Lucas quebrado no chão perto da parede.

Fui até a cozinha para tomar um copo de água e depois fui tomar um banho. Estava muito cansada, meu corpo pedia uma folga, Sorte que amanhã era sábado.

A água quente era um alívio para meus pés inchados, mas deixava minha pele vermelha por conta da temperatura. Apoiei as mãos na parede e deixei a água cair nas minhas costas.

— Gabi? — ouvi o Lucas me chamando.

— Tomando banho.

Terminei meu banho rápido e me envolvi em uma toalha, joguei meu cabelo para frente e o enrolei em uma toalha também.

Vesti um pijama do Batman e fui para a sala onde o Lucas segurava uma caixa de bombons trufados, meus olhos brilharam e minha boca salivou.

Olhei para ele que usava uma bermuda Marron e uma blusa branca e no rosto uns óculos escuros, só que não eram nem de longe uma armação bonita.

— Por que você tá usando isso? — apontei para a armação quadrada de cor vermelha. sentei ao seu lado e já abri a caixa, comi um bombom.

— Para esconder o roxo. — levantou o óculos e mostrou.

— Está engraçado. — peguei mais dois bombons.

— Deixa um pra mim. — brigou com minha mão e pegou um bombom.

— Coloca um filme pra gente assistir! — pedi deitando no sofá e jogando minhas pernas sobre as suas.

— Você não é nada folgada. — apertou meu

tornozelo.

Lucas colocou a caixa de bombom na mesa de centro, pegou o controle e colocou no Netflix, escolheu um filme super chato de terror.

— Terror não! — reclamei.

— Medrosa. Isso é Coraline!

— Não é medo, é porque é chato mesmo. Preferia ver Batman!

Ele riu e deu play no filme que eu nem sabia o nome. Na primeira cena do filme uma boneca medonha apareceu, troquei de posição enfiando a cara no ombro dele.

— Não vale esconder o rosto, tem que assistir.

Peguei uma almofada, coloquei no colo dele e deitei. Peguei a mão dele e obriguei começar a fazer cafuné no meu cabelo.

— Ah, o Gabriel te pediu desculpas.

— Meu olho não aceitou.— ele riu passando a mão entre os cabelos da raiz próxima a minha nuca.

— Já disse que você está muito engraçado com esses óculos?

— Já disse, agora assiste ao filme.— apontou para a tela rindo.

Virei com um olho aberto e outro fechado.

— Esse filme foi feito para criança mesmo? Olha os olhos dessas coisas. — me encolhi.

Lucas riu e uma das suas màos foi parar na minha barriga alisando com carinho, e ficou fazendo carinho na barriga e no cabelo e fui ficando sonolenta, quando meus olhos iam fechando a mulher com os olhos de botão apareceu novamente e eu dei um pulo.

— Calma, menina! — Lucas começou a rir.

—Não sério, esse filme não é de Deus não. — virei de costas para a TV. — Não quero mais ver.

— Gabriela, isso é um desenho! — ele ria da minha situação.

— Vou ter pesadelos. — choraminguei. Apertei a cintura dele com os braços. Ele estava cheirando a sabonete de hortelā, inalei fundo seu cheiro e apertei sua mão contra minha cabeça e ele continuo fazendo carinho até eu pegar no sono.

{Sonho}

Eu estava soando frio, minhas mãos estavam mais molhadas do que a bacia que servia para esterilizar os materiais.

O médico ergueu minhas pernas e eu tentei me mexer contra as gazes que amarravam minha mão na grade da maca. Tentei gritar mais minha voz era abafada pela escuridão do lugar.

Vi um rosto conhecido trazendo uma bandeja, era Sara, no lugar dos seus olhos estavam dois botões e sua boca em um sorriso ia entregando os objetos cirúrgicos para o médico. Mexia-me para ele não conseguir fazer o aborto.

Um bisturi atingiu minha intimidade, chorei de dor, meus pés se mexiam em protesto. Mas os objetos continuavam a mutilar meu corpo.

Vi quando o médico colocou um pequeno bracinho sobre a bandeja que Sara segurava.

— Deus me ajuda! — gritei. Comecei a gritar muito alto, minha garganta chegava a doer, mas não se comparava a dor de ter meu útero e meu coração mutilados.

Gritava e tentava me debater, mas nada adiantava. O meu filho estava sendo arrancado de mim.

(...)

— Ei! Calma! — Lucas me envolveu em um abraço.

Olhei para os lados, estava no meu quarto, Lucas estava me abraçando enquanto alisava meu cabelo.

— Foi horrível! — falei chorando.

— Calma, Gabi. Está tudo bem, nada de mal vai te acontecer. Foi só um pesadelo!

— O pior de toda minha vida. — levei a mão até meu ventre. — Queriam tirar meu filho de mim.

Lucas encostou-se à cabeceira da cama e me puxou para o meio do seu corpo. Como criança apoiei a cabeça no seu ombro me encolhi.

— Ninguém vai tirar nosso filho de você, me escuta eu não vou deixar ninguém tirar nosso bebê de você — ele falou me abraçando ainda mais forte.

Não tinha sensação pior do que aquela, eu não tinha ideia do quanto amava aquela criança até o momento. Passei a mão no meu ventre, minhas mãos tremiam de medo.

— Que horas são? — perguntei sem olhar para ele só olhava para minha barriga.

— Quatro da manhã.

— Preciso saber como está o meu filho. — pedi.

Ele assentiu e continuou a afagar meu cabelo, balançava meu corpo como se fosse de uma criança. Chorei muito enquanto ele falava.palavras de conforto e me embalava em seus braços.

Quando fechava os olhos às imagens do sonho vinham até minha mente, prontas para me atormentar. Agarrei forte a gola da camiseta de Lucas, quase implorando para que ele não me soltasse.

Não consegui mais dormir depois disso, Lucas pegou no sono ainda naquela posição, fiquei com dó dele e levantei para tomar um banho. Já era seis da manhã quando entrei no chuveiro.

Meu coração estava apertado, com medo, não sei. Terminei meu banho e assim que sai do chuveiro o telefone fixo tocou. Me enrolei na toalha e corri para atender, mas não deveria ter feito isso.

— Gabriela, meu namorado está ai? — a Sara falou do outro lado da linha.

Segurei no balcão, lembrei-me do sorriso dela no sonho. Afastei isso de mim, ela podia ser má, mas não era louca, não iria fazer mala mim e ao meu filho. Foi só um pesadelo, repetia para mim mesmo.

— Sim. — responde seca.

— Pode chamá-lo, por favor? — parecia que qualquer esforço para esconder o cinismo sumiu com a minha resposta.

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