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Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 112

Ponto de vista da Kaia

Eu observei a reação do meu pai ao que a Alora acabou de admitir. O médico da matilha encarava sua nova paciente, completamente chocado.

— Você bebeu acônito... E sobreviveu? — O médico perguntou, pasmo.

— Quase não. — Ela respondeu. — Fiquei em coma por quatro anos. As máquinas é que me mantiveram viva.

— Você já pensou em fazer um transplante? — As palavras do médico pareceram um pesadelo horrível que não queria passar.

— Não vou fazer transplante. Não quero ficar pensando demais nisso... Só quero aproveitar meu tempo com o Beckett e com a Kaia. — Ela falou firme, sem olhar para mim nem uma vez.

— Eu recomendaria...

— Obrigada, doutor, mas eu sei exatamente do meu estado. Já fiz todos os exames, os melhores especialistas me avaliaram... Só preciso de um alívio para a dor, se você puder receitar.

— Se o Alfa autorizar...

O olhar do meu pai cruzou comigo antes de voltar para o doutor.

— Sim, eu autorizo. Na verdade, Alora, você pode se retirar por enquanto. Tenho algumas coisas da matilha para conversar com o Samson e com a Kaia... Depois a gente se junta a você.

— Tudo bem, já vou preparar um chá. — Ela disse, levantando e tentando disfarçar uma careta quando levou a mão à lombar. Saiu do consultório com o doutor, e o Samson se levantou para fechar a porta atrás deles.

Eu soube na hora o que estava por vir...

— Você sabia disso? — Meu pai sussurrou, sabendo que a Alora não estava longe o suficiente para não ouvir, mesmo com seu tom baixo de sempre.

— Eu sabia que ela precisava de um transplante, sim... — Suspirei.

— Por isso ela está aqui... Para tentar fazer você ser a doadora? — O Samson soltou na lata.

— Não... Não é isso. Eu realmente acho que ela só quer conhecer a gente, meu pai e eu. Ela só descobriu isso recentemente...

De repente, me senti bem protetora da Alora contra a acusação do Samson.

Ele, de todos, deveria entender o que era uma segunda chance. Toda aquela matilha foi construída em cima daquilo.

— A gente construiu essa matilha com base em segundas chances. Você precisa dar essa chance para ela, Samson. — Eu rosnei baixo. Me virei e vi meu pai arqueando uma sobrancelha diante da minha reação.

— E aquele companheiro dela... Aquele alfa... — Ele perguntou.

— Pode ser um problema se ela virar membro da nossa matilha.

— Não dá para chamar ele aqui? Deve estar preocupado para caramba com ela. — O Samson sugeriu, e eu senti o pânico subindo dentro de mim. Eu sabia que meu pai percebeu porque meu coração começou a acelerar.

— Eu não posso deixar ele vir...

— Por quê, Kaia? — Meu pai juntou as mãos e encostou nos lábios.

Naquele momento era minha chance. A chance de contar para eles. Para contar para ambos.

As palavras estavam quase saindo...

— Kaia?

— Ele não era nada bom, pai. Ela ficaria melhor sem ele, mas ela precisava decidir isso sozinha.

— Então você já o conheceu? — Meu pai insistiu, e eu percebi que já tinha falado demais.

Droga...

— Foi só de passagem...

Ele sabia que eu mentia, eu nunca tinha conseguido mentir para meu pai.

Foi como se as comportas tivessem se aberto.

Eu nunca tinha demonstrado muita emoção na frente do meu pai desde que voltei, tinha tomado cuidado para esconder. Não queria que ele sentisse o peso do que eu tinha passado.

— Você ainda é casada com ele?

— Sim... Eu estava esperando os papéis do divórcio quando estava com minha última matilha. Mas agora ele não sabe que eu estou aqui.

— Então você é a Luna legítima da Matilha Deserto de Âmbar?

— Não estou marcada...

— Não, mas o contrato é válido. Espere, ele casou com você só para ser doadora?

— Sim, essa foi a intenção dele.

— Eu vou torcer o pescoço dele... Espero que você tenha se recusado a doar algum órgão... — Meu pai explodiu, o punho batendo forte na mesa.

— Ele... Não queris só um rim... Ele queria os dois.

— Eu vou matar ele...

— Não, pai... Sim, quando chegar a hora. Mas a Alora é inocente, ela não sabia. Por favor, não deixe as últimas semanas dela amargas, cheias de dor... Deixe ela ficar com a gente.

Ele assentiu devagar, absorvendo minhas palavras, respirando fundo para controlar a raiva que crescia.

— Então eu posso matar ele?

Matar ele... Ele iria querer castrar quando descobrir o que o Than realmente tinha feito.

— Sim, pai, aí você pode matar ele.

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