Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 114

Ponto de Vista da Kaia

No momento em que abri os olhos, soube que tinha cometido um erro... Eu tinha dormido demais. Algo totalmente fora do meu costume.

Levantei da cama em disparada, vestindo roupas rapidamente e prendendo meu cabelo num coque alto, antes de correr para o banheiro para me arrumar.

Não dava tempo para tomar banho naquela manhã, o desodorante teria que dar conta do recado com força total naquele dia.

Eu devia ter ido dormir junto com o resto da casa, mas quando o Samson apareceu com marshmallows e vinho escondidos atrás das costas, enquanto eu ia subir as escadas, não consegui resistir.

Desci correndo as escadas, pulando dois degraus de cada vez, e encontrei os funcionários já arrumando a cozinha depois do café da manhã. Eu realmente tinha dormido demais, até o café que já tinha sido feito estava quase frio.

Fui até o escritório do meu pai procurando pelo Samson, já que tínhamos perdido a sessão de treino matinal... Aquilo não era nada bom para uma Luna. Abri a porta do escritório e encontrei meu pai atrás da mesa, com uma expressão tensa, enquanto uma agulha prateada entrava no braço dele.

Um rosnado forte escapou de mim ao sentir o cheiro de sangue no ar e o ardor do metal chegando até meu nariz. O que era aquilo?

— O que está acontecendo? — Fechei a porta atrás de mim, olhando direto para os rostos do meu pai, do Samson e do médico, buscando uma explicação. Ninguém respondeu, nem quando o médico tirou a agulha e o frasco de sangue, guardando tudo na mala e trancando-a.

— Pai? — Perguntei de novo, enquanto o médico saia apressado sem me olhar nos olhos, cabisbaixo. Meu olhar ficou firme quando me virei para o meu pai, ainda sentado na cadeira.

— Não é nada... — Ele começou a responder enquanto arregaçava a manga e fechava o punho da camisa.

— Não parece nada. — Respondi, irritada.

— Eu só queria fazer um exame.

— Exame de quê? — Olhei entre ele e o Samson, tentando entender. Então percebi.

— Não, pai!

— Pode ser que eu nem seja compatível... Vamos esperar para ver o resultado.

— Não...

— Tá tudo bem, Kaia. Pode ser que ela sobreviva e tenha uma vida boa como antes, com só um rim. Deixe o médico fazer o trabalho dele e terminar os exames.

Aquilo nunca tinha sido mencionado antes. Meu pai nunca tinha falado sobre a possibilidade dele ser doador e eu nem tinha pensado naquilo. Mas ele já estava fraco por causa da lesão na perna, talvez tivesse outras feridas que eu nem sabia. Será que ele conseguiria sobreviver com só um rim?

— E você? — Perguntei — Você também ficaria com só um rim?

— Deixe o médico cuidar da parte médica... Eu já dei meu sangue, isso já foi o que eu tinha que fazer por enquanto. Se eu for compatível, aí a gente conversa. Ela aceitou ser membro da nossa matilha, então preciso que você comece a planejar a cerimônia. — Ele fez uma pausa, sorrindo feliz, antes de olhar para minha cara confusa e, sinceramente, um pouco irritada.

— Olha, vamos com calma. Ele disse que ela era tão fraca que até mesmo só um podia não funcionar...

— Então eu vou dar o outro... — Se o pai tivesse doado um rim, o sacrifício dele tinha que dar certo.

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