Kaia
Algo havia mudado com o Alfa Hector. Ele estava se esforçando para passar mais tempo comigo.
Cada vez que eu mencionava ter meu próprio lugar, ele ignorava com um: “Vamos ver”.
Ele não me queria lá com um bebê recém-nascido gritando pela casa, acordando ele à noite, não quando não era dele, mas de seu inimigo.
Ele chegou ao ponto de me convidar para uma reunião de segurança da matilha. Algo que Than nunca permitiu, embora fosse sua esposa e a Luna. Ou assim eu pensava na época.
A reunião foi intensa, cobrindo cada ângulo do possível ataque dos guerreiros da Matilha Deserto de Âmbar, ainda contornando as fronteiras. Não faziam nenhum movimento que pudesse ser interpretado como um ato de guerra, mas deixavam claro que ainda estavam lá, esperando, prontos.
Beta Ezra liderou a maior parte da reunião, me encarando de vez em quando, enquanto mencionava o alfa e a matilha.
Não sei por quê, eu não tinha lealdade à Matilha Deserto de Âmbar. Mas, sabendo que eu era casada com o Alfa, Ezra poderia ser perdoada por ouvir os alertas da sua loba.
— Kaia, há algo que você gostaria de acrescentar? — Hector calmamente me perguntou na frente de seu beta e dos chefes de departamento.
O que eu diria? Que apreciava a proteção deles, mas que não deveríamos me envolver no assunto? Que ele estava ali por minha causa? Que ele atacaria, não se, mas quando?
E que era apenas uma questão de tempo.
— Posso ser sua esposa legalmente, mas, infelizmente, não tive acesso às reuniões da matilha. Não há muitas informações que possa dar ou qualquer tática que eu conheça que possa ajudar.
— Você não era sua Luna? — Um macho perguntou. Achei que ele fosse o chefe de treinamento.
— Eu não tinha permissão para realizar tarefas de Luna, que permaneciam com sua mãe. Sinto muito. — Dei de ombros, sentindo uma decepção por não poder ajudar mais.
— Não precisa se desculpar, Kaia. — Hector disse antes de prosseguir para discutir o aumento do treinamento e o uso de armas, se necessário.
…….
A reunião continuou até tarde da noite, e as xícaras extras de café que eu tomei para manter minha mente focada enquanto falavam sobre formações de ataque me mantiveram acordada até as primeiras horas da manhã.
Antes de finalmente adormecer, olhei pela janela do quarto, tentando ver se conseguia avistar os guerreiros de Than à distância, xingando eles por já terem impactado minha nova vida.
Não acordei até o final da manhã e perdi o café da manhã, pelo que me senti culpada. O Alfa e eu costumávamos tomar café da manhã e jantar juntos. Senti falta de não o ver naquela manhã.
Achava que estava sozinha em casa.
Aubrey havia ido para casa até a hora do almoço, e usei a privacidade para verificar meus e-mails no conforto do sofá da sala de estar.
Espalhada no sofá, descansando às minhas costas, com o laptop descansando no meu estômago, chequei meus e-mails e encontrei uma nova mensagem do meu contato que estava me ajudando a encontrar o meu pai.
Um velho amigo que se tornou um investigador.
Eu nunca perguntei onde ele estava porque ele fazia alguns trabalhos particulares para o governo humano, mas ele concordava em continuar me ajudando e enviando atualizações.
Eu havia escrito para ele dizendo que, se o meu pai estivesse na Matilha Fantasma das Trevas, ele estava disfarçado, pois não havia nenhuma evidência óbvia de que estivesse lá. E eu não estava pronta para perguntar a Hector ainda.
O bebê era minha maior prioridade. Se a notícia de que esse bebê era neto do meu pai vazasse, os guerreiros de Than seriam a menor das minhas preocupações.
Ele disse que havia uma possibilidade de que ele tivesse viajado em direção à costa na tentativa de ir para o exterior. Que eu deveria ter paciência enquanto ele verificava os registros das câmeras de segurança dos portos e terminais marítimos mais populares.
Não sei, ir aos portos mais movimentados não parecia algo que meu pai faria.
— Ta-dah!
Eu já estava sem palavras, mas fiquei ainda mais quando vi uma mesa de madeira branca posicionada ao lado da dele. — Não estou entendendo.
Ele estava esperando que um novo membro da equipe se juntasse a ele naquele dia? Ezra havia encontrado sua companheira e ela iria trabalhar ao lado de Hector, realizando tarefas administrativas da matilha?
Hector soltou minha mão. A frieza repentina pela falta de seu toque me fez querer agarrar sua mão e nunca mais soltar.
Ele colocou meu laptop na mesa antes de olhar para mim com expectativa.
— Achei que poderíamos trabalhar um ao lado do outro. — Ele sorriu. Um sorriso particular que achei que nunca havia visto em seus lábios antes.
Em todos os meus anos, como a suposta Luna de Than, ele nunca me deixou trabalhar ao lado dele em seu escritório. Ele nunca me concedeu essa posição de confiança.
— O que você acha?
— Eu amei! — Um grito escapou de mim, pois, por um momento, esqueci que ele não conseguia sentir o vínculo de companheirismo e que eu estava grávida do filho de outro macho.
Na inocência da minha alegria, corri até ele e joguei meus braços em volta do seu pescoço, tendo que ficar na ponta dos pés.
— Obrigada. — Sussurrei antes de perceber o quão perto estava dele.
Ele olhou para mim e senti seu cheiro irradiando. Vi seus olhos acinzentados acendendo com um fogo dentro deles.
Hipnotizada por seus olhos, percebi que estava olhando por muito tempo. Ele pareceu notar e, então, retirou minhas mãos do seu pescoço.
Não deixei o constrangimento continuar e imediatamente me sentei à mesa, fingindo digitar no meu laptop, arrancando uma risada divertida do meu Alfa.

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