Ponto de Vista da Kaia
Minhas mãos cobriam meus ouvidos. Cada palavra que saía da boca dele era uma mentira atrás da outra.
— Kaia, você precisa se acalmar. O bebê...
— Esse bebê é dele. Do seu inimigo... O que você vai fazer? Trocar a mim e ao bebê por ela?
Oh, deusa... Eu não acreditava de verdade que ele fosse capaz de algo daquele jeito, até ver a reação no rosto dele.
Ele tentou disfarçar, mas naquele breve momento, nem conseguiu enganar a si mesmo.
Sim, aquele era o plano desde o começo. Se aproximar de mim, ganhar minha confiança... Só para depois me entregar, junto com o bebê, em troca dela.
— Você ama ela?
— É complicado... — Ele fechou os olhos, soltando um suspiro profundo. Como se doesse só de falar dela.
— Complicado?
— Ela era para ser minha, mas ele já a tinha.
— Então eu estava certa. Ela também é sua companheira?
— Sim.
Eu só percebi que havia uma plateia quando ouvi Aubrey arfar ao ouvir a confissão de Hector. Então eles eram companheiros. Por isso... Assim como Than... Ele não conseguia sentir o laço entre a gente.
Condenada a ser sempre a segunda opção.
Eu não podia ficar. Não dava para viver mais uma mentira. Eu preferia ser uma loba solitária e enfrentar a maternidade na escuridão do que viver uma farsa.
— Kaia...
— Você ama ela?
Ele demorou um pouco para responder.
— Seria tolice de um homem não amar sua própria companheira.
O que aquilo queria dizer? Ele tinha voltado a ser um enigma. Se não mentia, vinha com um quebra-cabeça.
— Só seja honesto comigo. Eu... Tudo isso... Foi só para você me trocar por ela?
— Kaia...
— Só responda.
Minha loba tentou emergir, gritando com todas as forças. Eu a empurrei de volta. Ela não podia desperdiçar energia. Isso podia prejudicar o bebê.
— Sim. Mas isso foi antes de eu te conhecer...
Eu precisava ser livre. Livre do Than, livre da Alora... E livre do Hector.
Eu já nem sabia mais o que estava dizendo. As palavras simplesmente saíam da minha boca, sem filtro, sem controle. Tinha desistido de esconder minha dor e minha raiva através do vínculo de matilha. Ele sentia tudo o que eu sentia.
Ele tentava me acalmar, repetindo várias vezes que aquela raiva não fazia bem pro bebê.
Foi aí que eu senti. Senti como se meu mundo estivesse começando a desabar antes da hora.
Uma cólica forte surgiu na parte inferior da minha barriga. A dor foi aumentando até virar uma queimação insuportável. Levei as mãos à barriga, e meus olhos encontraram os de Hector, cheios de medo, o mesmo medo que eu sentia.
— Alfa... Sangue. — Ouvi Aubrey ofegar enquanto corria na minha direção.
— Ela está grávida...
Me senti como se estivesse debaixo de água. Meu ouvido começou a ficar abafado e meus olhos pesaram. Minhas pernas começaram a ceder, e por um segundo, juro que tive a sensação de estar caindo.
— Kaia! — Ouvi ele gritar meu nome, e então seu corpo se moveu tão rápido que conseguiu me segurar antes que eu batesse com o rosto no chão.
Seus braços me envolveram com firmeza antes de me erguer e me apertar contra o peito.
— Ezra, leve a gente pro hospital! — Rosnou Hector, me carregando para fora da casa do alfa direto para o carro.
A última coisa que consegui distinguir foi o barulho das portas batendo e o ronco do motor dando partida. Talvez fosse só minha imaginação, mas eu podia jurar que ouvi a voz de Hector sussurrando no meu ouvido...
— Aguente firme, Kaia...

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