Hector
Parece que as coisas estavam se desenvolvendo mais rápido do que eu havia planejado.
Localizei meu beta, Ezra, de guarda do lado de fora da cafeteria, um dos muitos estabelecimentos dos quais eu era dono.
Ao entrar, a campainha tocou e a mulher mencionada estava parada no balcão. Seria como tirar doce de uma criança.
Ela nem sequer estava em alerta.
Meus homens haviam relatado que guerreiros da Matilha Deserto de Âmbar haviam sido vistos entrando na cidade próxima, mudando suas coordenadas durante a noite. Aparentemente, estavam perseguindo uma mulher que conseguiu escapar deles na escuridão e continuava fugindo durante as primeiras horas da manhã.
Eu esperava alguém um pouco mais atlético para ter conseguido despistar os guerreiros, mas, por outro lado, o treinamento da Matilha Deserto de Âmbar não era tão superior quanto o extenso programa da Matilha Fantasma das Trevas.
Quando a notícia chegou até mim, não pude resistir a encontrar prazer no fracasso dos guerreiros da Matilha Deserto de Âmbar. Ordenei imediatamente que meu beta entrasse na cidade para buscar mais informações.
E aqui estávamos. Por sorte, ela não apenas escolheu fazer uma pausa em uma cafeteria, mas justamente em uma de minha propriedade.
Quando meu associado relatou que a mulher estava fazendo perguntas sobre a Matilha Fantasma das Trevas, soube que precisava conhecer ela. Quem exatamente era ela e por que havia deixado a Matilha Deserto de Âmbar? Ou melhor… fugido?
Fui intencional na forma como me aproximei por trás dela, deixando minha figura alta engolir seu corpo pequeno.
Mesmo sem ver ela de frente, percebi que era extremamente atraente. Seus longos cabelos castanhos escuros caíam em ondas. Meu lobo começou a agir de forma estranha, quase como se discutisse consigo mesmo, querendo que ela se virasse.
— Ouvi dizer que você tem perguntado sobre mim? — Perguntei, tentando fazer ela me encarar.
Quando ela se virou, meu coração parou por um instante. O ar ficou preso na minha garganta.
Eu não podia acreditar.
Ela se parecia com…
Mas essa fêmea tinha um brilho nos olhos, um nível de determinação que começou a confundir meu lobo. Seus olhos eram verdes, mas, ao encarar por mais tempo, percebi um leve tom azulado se formando ao redor da pupila.
Não consegui evitar continuar olhando. Havia algo neles… uma autoconfiança inegável.
Ela era forte. Quer soubesse disso ou não, eu teria que esperar para descobrir.
Meu lobo se remexia inquieto. Algo nela o intrigava profundamente.
Era uma coisinha fofa. Suas mãos se fecharam em pequenos punhos, como se estivesse debatendo algo internamente com sua própria loba.
Ela realmente acreditava que poderia me atacar?
…
Ela não precisaria passar por teste algum para entrar na matilha, mas eu não estava disposto a deixar ela saber disso. Viria comigo, iria para o território principal da matilha, não importava o que acontecesse.
Ela poderia pensar que tinha escolha, mas a verdade era que ela não sairia nem da Matilha Fantasma das Trevas, nem dessa cafeteria sem mim.
Continuei observando ela. Eu simplesmente não conseguia parar. Ela carregava um ar de autoridade que percebi ser natural. Algo assim não se aprende, nasce com a pessoa.
Ah, sim, ela sabia que era forte.
Meu lobo começou a traçar um plano em minha mente, algo que poderia finalmente me dar o que eu queria depois de todos esses anos. A resposta para todas as minhas perguntas. E ela havia caído no meu colo, um presente da própria Deusa da Lua.
— Você realmente quer se juntar à minha matilha? — Interrompi Ezra, soprando meu café quente.
Ela pareceu refletir por um instante. Mais esperta do que…
— Sim. — Respondeu, e um pequeno sorriso surgiu em meu rosto. Até que me lembrei: ela fazia parte de um plano maior.
Ela estava tentando esconder sua identidade, fingindo que não era da Matilha Deserto de Âmbar. Eu ia me divertir um pouco com ela. Talvez a deixasse se contorcer um pouco mais.
Caminhei até ela novamente. Meu sorriso desapareceu à medida que me inclinava para sussurrar em seu ouvido:
— Sei quem você é.

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