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Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 77

Ponto de Vista da Alora

— O que foi? — Perguntei, ao ver sua mandíbula se contrair e as mãos continuarem cerradas sobre as coxas.

Ele não respondeu com palavras, apenas balançou a cabeça. Ele não mentiria para mim, mas esconder a verdade, não dava no mesmo?

Estar com ele dentro do carro, com o motor desligado, estava começando a desafiar meu autocontrole. Precisei abaixar o vidro da minha janela. O cheiro dele só ficava mais forte sem o ar circulando. Eu já não sabia se podia confiar em mim mesma diante do vínculo de companheirismo... Aquele vínculo já tinha me confundido uma vez.

— Você sabe para onde ela foi?

— Não. E mesmo se soubesse, não contaria. — O tom dele veio com uma amargura que eu não estava acostumada a receber do Hector.

— Por quê?

— Eu não posso deixar que ela volte pro Than.

— Eu nunca faria isso... Eu não trairia sua confiança.

— Você não teria escolha... O Than tem algum tipo de poder sobre você. — Senti o gosto amargo nas palavras dele. Um sorriso frio se formou nos lábios.

— Ele é meu companheiro...

— Eu sou seu companheiro, Alora. E eu? — Ele rugiu, e um estrondo ecoou dentro do carro quando ele socou o volante, consumido pela raiva.

Dava para sentir o lobo dele tentando emergir, lutando contra o controle. O peito dele subia e descia com força, como se estivesse tentando se conter.

Me mexi devagar para abrir a porta do carro. Eu não deixaria que me marcasse à força.

Mas quando empurrei a porta para abrir, ele se inclinou sobre mim e a puxou de volta, fechando-a. O topo do cabelo castanho-escuro dele roçou no meu nariz, e não consegui conter o gemido que escapou da minha loba.

Por que tudo tinha que ser tão complicado? Por que eu tinha dois vínculos de companheirismo?

Ele ergueu a cabeça, mas não o suficiente para afastar aquele desejo dentro de mim. Os lábios dele estavam tão perto dos meus que eu conseguia sentir cada expiração. Inspirei o ar que saiu dos pulmões dele, um cheiro de hortelã quente que fez minha boca salivar. Era quase pecado desejar o ar que ele já tinha respirado.

Bastava inclinar um pouco mais o rosto e encostar os lábios nos dele, sentir ele de verdade.

— Alora... — Ele sussurrou, se aproximando ainda mais.

Fechei os olhos, pronta para sentir o toque da boca dele na minha. Mas o rosto do Than surgiu na minha mente, e a dor que eu causaria a ele com apenas um beijo.

Ele não suportaria. E eu também não suportaria machucar ele.

— Eu não posso... Me desculpa. — Me afastei, sentindo o peito pesar com a culpa de sempre partir o coração de alguém, e o meu também.

Sempre dividida.

— Você sabia que eu fui adotada? — Precisava mudar o clima naquele carro. Precisava focar de novo nos fatos. Me manter concentrada.

— Você... Adotada? Não. — Toda a tensão do momento anterior se desfez com a surpresa dele diante da revelação.

— Você não lembra de quando eu cheguei na matilha?

— Eu só fui morar na matilha de forma definitiva quando tinha oito anos. Você sempre esteve por perto. Sempre me dando dor de cabeça.

Ele riu, e aquilo me fez sorrir, saber que ele lembrava daquilo com carinho.

Mas todas as memórias dele envolviam apenas a mim e o Than. E era aquilo que era difícil de explicar.

Eu sempre estive com o Than.

— Eu acho que sou parente dela... Da Kaia. — Mordi o lábio inferior. Eu sabia que soava estranho, mas não podia ser coincidência sermos idênticas e nós duas termos um vínculo de companheirismo com o Than.

Capítulo 78 1

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