POV de Kaia
O Pai era um pouco da velha guarda, daqueles Alfas tradicionais. Gostava de manter a casa do alfa sempre cheia de funcionários, como era na Matilha Águas Claras. Sempre tinha alguém disponível para atender às suas necessidades. Era assim que costumava ser, mas não tanto mais, não com os líderes de alfa modernos.
Os funcionários aqui estavam gratos por fazerem parte de uma matilha novamente, e faziam de tudo para superar as expectativas. Até ofereceram-se gentilmente para cozinhar o jantar para Samson e para mim, mas ele rejeitou a oferta antes mesmo que eu abrisse a boca para responder.
Ele queria cozinhar e, na verdade, seria bom termos a casa do alfa só para nós. Uma noite tranquila para que pudéssemos colocar a conversa em dia e relembrar os velhos tempos.
Eu não acreditei de imediato quando ele disse que sabia cozinhar, mas ele realmente sabia. Eu estava acostumada com betas que trabalhavam tanto quanto os alfas, sem muito tempo para si mesmos e, por isso, não eram muito bons em cuidar de si próprios. Então, ver Samson cozinhando foi algo refrescante.
Estávamos os dois na cozinha, com música suave tocando ao fundo, enquanto ele servia um copo de vinho, enquanto eu me sentava na ilha da cozinha observando-o. Era bom estar com alguém da minha infância, alguém com quem eu poderia ser eu mesma.
Muita coisa havia mudado desde os nossos dias inocentes de infância. Passamos um tempo falando sobre a matilha onde crescemos, como a lua sempre brilhava nas águas cristalinas e calmas que cercavam as terras como um fosso, protegendo um castelo.
Como à noite não parecia água, mas um espelho refletindo as estrelas cintilantes no céu, e como o suave brilho tranquilo da lua se refletia na superfície da água.
Só de imaginar, já me sintia instantaneamente relaxada.
Não há grande apresentação quando ele colocou o prato de espaguete à bolonhesa à minha frente. Ele não era de grandes gestos, ele sabia cozinhar e sabia disso. Ele teve que se cuidar por quatro anos, assim como eu. Ele era um sobrevivente.
Enrolava o espaguete no garfo antes de colocá-lo na boca, quando ele me fez uma pergunta.
— Então, o que aconteceu com a Matilha Fantasma das Trevas? — Ele perguntou, enrolando seu próprio garfo, já me olhando, esperando minha resposta. Onde comecei?
Usei o momento de mastigar o espaguete para pensar na resposta.
— O que você quer dizer? — Engulei, limpando o canto da boca com o guardanapo.
— Você saiu de forma abrupta. Eu esperava que ficasse lá por mais tempo. Algo aconteceu? — Ele insistiu. Eu sabia que precisava contar, mas uma parte de mim ainda não estava pronta para reviver o que passei... em ambos as matilhas.
Olhei para o prato de comida, refletindo sobre o quanto devia contar. Seria que me ajudaria compartilhar mais, deixar alguém do meu passado entrar nos meus segredos? Não tinha certeza. Às vezes, não havia nada de bom em falar demais. Às vezes, o passado era melhor deixado... no passado.
— Ei, Kaia... eu sempre estarei aqui para você. Pode me contar qualquer coisa. — A mão dele passava suavemente pelo meu braço, me trazendo de volta ao presente.


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