O Cafajeste já tem Dona romance Capítulo 39

Entre a multidão da pista de dança, mais próximo do bar do que eu gostaria, estava Thiago e, para a minha completa descrença, estava acompanhado, fazendo uma espécie de dança do acasalamento com ninguém menos do que a adorável Jéssica. Notem o sarcasmo daquelas duas últimas palavras.

A vadia cretina se agarrava em Thiago, colando ambos os corpos e se esfregando nele inteiro. E quando eu digo inteiro, quero dizer INTEIRO. Até pude ver o jeito que ela esfregava aquela bunda nojenta na frente da calça daquele imbecil, onde provavelmente havia uma ereção.

Tive ódio daquela cena, e embora eu dissesse a mim mesma que não importava, que estávamos divorciados e ele poderia fazer o que quisesse com quem quisesse, não pude deixar de me sentir como uma corna.

Se era possível, me senti pior do que já me sentia. O problema era que antes, conseguia ao menos disfarçar que estava bem, embora por dentro eu gritasse de agonia por causa da solidão.

Senti lágrimas banharem os meus olhos ao ver aquela cena, ao imaginar para onde iriam e o que fariam quando saíssem da boate. Ou mesmo em algum canto escuro e deserto daquele lugar.

Eu não poderia suportar continuar vendo aquilo.

Vi que o rapaz que trabalhava servindo estava por perto, então fiz sinal para ele tomar o meu lugar. Sem esperar nem mais um minuto, subi para o escritório. Ficar sozinha para me recompor era tudo o que eu precisava. Juntaria os pedaços do meu coração quebrado antes de descer e fingir que não me importava.

Lizie e Alex pareciam finalmente terem se rendido ao sono, e o segurança continuava sentado em uma cadeira, observando-os. Me tranquei no banheiro e respirei fundo, tentando não sucumbir às lágrimas. Eu sabia que se começasse a chorar, meu rosto logo me delataria, assim como também seria mais difícil parar a enxurrada depois que ela começasse. Eu precisava aguentar chegar em casa antes de poder finalmente me render a tudo o que estava sentindo.

Quando pensei que as lágrimas estivessem finalmente controladas, voltei para o bar.

A vontade de chorar retornou com força total quando meus olhos foram atraídos para onde eles estavam, não mais na pista de dança, mas encostados a uma parede, se atracando ferozmente.

Senti meu estômago embrulhar com aquela visão. Eu precisava ir para casa.

Quando cheguei ao bar, olhei para o garoto que tinha assumido meu serviço, tentando lembrar do nome dele em meio a todo aquele turbilhão de emoções que eu estava sentindo. Não me recordava de seu nome. Falei:

- Será que você poderia ficar meu lugar pelo resto da noite? Eu não estou me sentindo bem. Queria ir para casa, se não se importar.

- Claro. Eu dou conta por hoje. – Ele respondeu – Quer que eu ligue pra Jean? Talvez ele possa vir te buscar.

- Não é preciso, obrigada. Pode deixar que eu mesma ligo e digo que fui embora.

Voltei para o escritório e peguei minhas coisas, e os meus filhos. Avisando ao segurança:

- Você pode voltar ao seu posto, eu estou indo embora. Não estou me sentindo muito bem.

Ele assentiu e partiu.

Eu também.

Não ligaria para Jean vir me buscar, como se eu não fosse adulta o suficiente para me virar sozinha. Carregada de coisas, saí pela porta dos fundos, não querendo ter que passar pela multidão. Quem sabe o que eles estariam fazendo agora...

Já na rua, pedi um táxi pelo celular. Eu jamais conseguiria pegar um ônibus àquela hora e carregando tudo aquilo de coisas. E era muito longe e perigoso ir andando, além de estar muito frio.

Dentro do táxi, pude respirar mais aliviada.

Observava meus filhos dormirem, aconchegados em meus braços, e pensando quão triste era que tivessem tanto azar com o pai que dei a eles. A minha mente começou a clarear. E então entendi porque, em todos esses dias, ele não apareceu nem uma vez sequer, nem mesmo para ver os próprios filhos, quando até um tempo atrás fazia de tudo por eles. Era óbvio que deveria estar ocupado demais com aquela biscate para sequer se lembrar da existência dos meus pequenos. Eu pensei que, independente do que o futuro me reservasse, Thiago seria um pai presente, mas, naquele momento, percebi que nós três estávamos no mesmo barco. Thiago nos considerava um único pacote, como um combo grande e indesejável. A casa provavelmente foi só uma forma de que nenhum de nós pedisse pensão.

Como se uma casa fosse suficiente para suprir todo o resto.

Como se eu fosse querer qualquer dinheiro que saísse do bolso dele...

Eu ainda tinha a minha dignidade.

Quando cheguei em casa, ainda me sentia enjoada. Corri para o banheiro e vomitei. Não que eu tivesse comido alguma coisa nas últimas horas.

Sentei no chão do banheiro e fiquei lá por um bom tempo. O frio do ladrilho esfriando meu corpo, era uma sensação boa.

Como não sentia vontade alguma de conversar, mandei uma mensagem a Jean, explicando o que aconteceu. Não obtive nenhuma resposta de imediato, então guardei o celular e fui tomar banho.

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