Resumo de Capítulo 38 – Capítulo essencial de O Cafajeste já tem Dona por Érica Mayumi
O capítulo Capítulo 38 é um dos momentos mais intensos da obra O Cafajeste já tem Dona, escrita por Érica Mayumi. Com elementos marcantes do gênero Romance, esta parte da história revela conflitos profundos, revelações impactantes e mudanças decisivas nos personagens. Uma leitura imperdível para quem acompanha a trama.
O silêncio que se seguiu foi pesado, até que eu o quebrei:
- Quem afinal passou meu novo endereço? Não existem muitas pessoas no seu círculo de amigos que sabem onde eu estou. – Ele continuou sem responder – Vou ter que adivinhar então? – Outra pergunta sem resposta. Isso estava começando a ficar chato, afinal ele foi ali para conversar comigo ou ficar calado? – Foi Thiago? – Perguntei.
- Thiago? Thiago?! – Ele exclamou – Está me dizendo que o meu amigo sabia onde a minha filha estava e não me disse nada?!
- Eu pensei que você soubesse da história toda, mas já vi que não. Se me disser quem te deu meu paradeiro eu te conto o que aconteceu todos esses meses, e depois você pode ir embora.
Suspirando, ele me confidenciou:
- Não foi Thiago. A última vez que eu o vi foi quando passou a parte dele da empresa para o meu nome e me deixou bem claro que pretendia vir buscá-la assim que descobrisse onde você estava. Depois disso nunca mais tive notícias dele.
- Sim, não teve notícias porque ele fixou residência aqui em Paris.
- Certo. Descobri onde você estava por acaso, na verdade. Fui visitar Eduardo e Lisa um dia desses, e você sabe, Lisa fala pelos cotovelos. Talvez não fosse a intenção dela revelar nada, mas deixou escapar que tinha te visitado em Paris, e mencionou o quão bem você estava. Obviamente isso atiçou a minha curiosidade, e pedi a ela o seu endereço. Ela relutou bastante antes de me passar, e só o fez quando Eduardo a convenceu de que o melhor seria que nós conversássemos. Eu... – Ele fez uma pausa – Eu só queria saber como você estava, se está precisando de alguma coisa.
- Eu estou bem. – Falei, um pouco rude demais – Agora já pode ir embora.
- Não, por favor, espere. Antes eu gostaria de te dizer que... – Ouviu-se um bebê chorando, e pela força dos pulmões eu deduzi que era Lizie. Suspirei. Eu teria que fazê-la parar antes que ela acordasse Alex. – O que é isso? – Perguntou, confuso.
- O som de um bebê quando acorda. – Fui irônica. – É um som facilmente reconhecível para qualquer um.
Ignorando-o, subi as escadas. Ele veio atrás de mim.
- E o que você faz com um bebê na sua casa?
Revirando os olhos da sua falta de imaginação, falei:
- Se você usasse a sua lógica para tudo na vida e não só para os negócios, perceberia que o que está acontecendo aqui é de fácil dedução para qualquer um.
Ele parou para pensar no que acabei de dizer, e depois seus olhos se iluminaram quando ele exclamou:
- Por Deus! Eu tenho um neto?!
- Na verdade não. Você tem um neto e uma neta.
- Dois?! Dois?!
Ai, que escândalo...
- Sim, dois. Agora para de gritar antes que o outro acorde também, se é que já não acordou com toda essa gritaria de Lizie.
Não sabia se era aquela visita inesperada, ou talvez fosse a falta de sexo, ou uma mistura de ambos, mas o fato era que eu estava com um mal humor dos infernos. Nem eu estava me aguentando.
- Você precisa de mais alguma coisa? – Perguntei, parando na porta do quarto de Lizie. Por algum motivo não querendo que ele a visse.
Lizie ainda choramingava, mas não estava mais fazendo escândalo. Ela era assim mesmo. Como se chorasse só para avisar que estava acordada.
- Eu só queria pedir desculpas. Por tudo. – Ele falou – Não foi certo o que aconteceu meses atrás, e foi mais errado ainda que esperasse todos esses meses para vir procurá-la.
- É, foi errado. – Quem disse que eu facilitaria as coisas para ele?
- Sua mãe teria me matado se visse o meu comportamento nesses últimos anos. Sei que não te dei tanta atenção quanto deveria, e que estive mais enfiado na empresa do que cuidando de você. E também sinto muito pelo casamento arranjado. Uma vez prometi para sua mãe que jamais a faria se casar por obrigação, e até nisso eu falhei.
- Nada disso importa mais. Agora sou uma mulher divorciada.
- Vocês se divorciaram? Por que? O que houve?
- Foi ele quem não aguentou, na verdade. Thiago tem uma mentalidade tão machista e retrógrada quanto você. Não aguentou lidar com o meu trabalho. – Contei.
Seus olhos se encheram de lágrimas com as minhas palavras. E ele prometeu:
- Sempre serão. Você e eles. – Então eu o abracei, selando aquela trégua entre nós.
Aquilo não era o que ele queria, mas era tudo o que eu poderia dar no momento. Talvez as coisas nunca voltassem a ser como antes, mas por enquanto, aquilo bastava para nós dois. E talvez, com o tempo, as coisas pudessem se tornar melhor do que antes.
Meu pai passou o dia em casa, paparicando os netos. Ficou dizendo e repetindo que se soubesse da existência deles teria vindo com presentes, montes de presentes. Ele ficou encantado com os dois, mas percebi que Lizie seria a mimada da família. Mesmo sendo tão pequena e tão chorona, possuía um carisma próprio.
Depois que ele foi embora, com a promessa de retornar mais vezes, me arrumei para ir à boate. Eu não entendia como as boates em Paris podiam funcionar todos os dias. As pessoas devem perguntar “Quem iria na boate em plena segunda-feira?”, mas a verdade era que tinha quem fosse. E talvez as pessoas se perguntassem porque eu trabalhava de segunda, mas não ia de sábado. A resposta é: Quando trabalhava no bar, eu ia todos os dias, mas como agora fazia serviços administrativos, eu trabalhava de segunda a sexta. E todas as segundas eu tinha que fazer o trabalho que acumulou durante todo o fim de semana. Por isso que, embora às segundas a boate fosse mais vazia, era sempre um dia com muito trabalho para mim.
Quando cheguei na boate, tive uma agradável surpresa, Jean me informou:
- Hoje você vai ter que trabalhar no bar, Elena. Eu tenho que sair e resolver alguns problemas com a nova filial que vai abrir em breve. E talvez você tenha que trabalhar durante toda a semana no bar.
- Mas e...
- Não se preocupe. Vou mandar um dos seguranças ficar no escritório tomando conta de Lizie e Alex, e você pode subir a hora que quiser, independente da quantidade de movimento que estiver tendo no bar. E também vou deixar um dos garçons que servem as mesas para ficar no seu lugar quando você subir. Vai dar tudo certo, eu prometo. Agora preciso correr. – Ele falou, como se lesse meus pensamentos.
Então ele saiu. Logo, apareceu o mesmo segurança que tomou conta deles quando tive que trabalhar no bar naquele dia da briga.
Não queria nem lembrar daquele dia...
O movimento da boate estava tranquilo aquela noite, e Lizie e Alex também, ou, pelo menos, era o que eu imaginava, já que o segurança não tinha dado às caras no bar.
Ninguém tinha tentado passar a mão em mim, graças a Deus... Tudo o que eu menos queria era estar no meio de outra briga.
Eu estava um pouco distraída com a movimentação da pista de dança, já que não havia muitos drinks para fazer. A maioria dos pedidos que chegavam eram simples. Estava tão chato ficar lá que eu até já estava ficando com sono, coisa que nunca tinha acontecido antes, nem mesmo enquanto trabalhava no escritório.
Foi então que eu o vi.
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