O Delegado (Duologia os Delegados vol1) romance Capítulo 13

Bônus do Roberto

Desde pequeno, sempre fui comparado com ele, passei a vida inteira escutando: Diogo Nogueira é uma criança estudiosa, e você não. Por que você não é como o Diogo? Ele é um menino comportado. Aquilo me deixava louco, desde criança era a mesma ladainha. Vocês não devem estar entendendo nada, pois então eu vou contar:

Minha mãe sempre foi amiga da mãe do Diogo, então era normal a gente sempre estar juntos. No início, éramos amigos, dois meninos que brincavam e aprontavam juntos. Mas, com o passar do tempo, eu comecei a perceber as coisas. O Diogo, o menino de ouro, era perfeito; eu não, afinal eu era a ovelha negra, sempre me metia em encrenca. Ele era perfeito demais, certinho demais. O cara não tinha um defeito, minha mãe sempre fazia questão de jogar na minha cara o quanto Diogo era um bom menino e eu não. Isso começou a me incomodar bastante, ela me falava coisas que me magoavam, eu era só uma criança. Mas, enfim, o tempo passou e realmente ela viu que o filhinho dela, afinal de contas, era mesmo o rebelde sem causa, como ela gostava de citar muito.

Meu celular tocou e, antes de atender, olhei no visor para ver quem estava me ligando. Era o Falcão. Esperei mais um pouco, temendo o que estava por vir. Não sabia como estava seu estado de espírito naquele momento. Tomei coragem e atendi, respirando bem fundo.

— Roberto.

— Seu filho da puta, que merda foi essa que me contaram? É verdade?

Puta que pariu, bando de filhos da puta, fofoqueiros, ficam querendo me derrubar, mas eu não vou deixar.

— Sim, é verdade — respondi, ouvindo um grito saindo junto com a palavra maldição.

— Como descobriram isso, Roberto?

— Ainda não sei, mas estão me vigiando — aquele filho da puta do Davi ia me pagar!

— Eu falei para você ser mais discreto, porra! E, pelo que meus informantes estão me passando, você não anda sendo nada discreto.

— Não foi minha intenção, senhor. Não imaginei que estavam de olho em mim — me justifiquei, mesmo não adiantando nada, é claro.

— Roberto, é melhor mesmo você consertar essa merda, não quero a polícia em cima de mim.

— Pode deixar, senhor, vou ser mais discreto novamente.

— Acho bom mesmo, Roberto, tenho muitos planos pro seu futuro, não quero ter que fazer algo do qual eu possa vir a me arrepender, estamos entendidos?

— Sim, estamos. E obrigado, pai — agradeci, desligando com um suspiro de alívio, dando graças a Deus que não foi nada mais sério. Como filho de traficante, eu tinha que dar bom exemplo lá dentro.

Minha mãe nunca soube que meu pai tinha entrado em contato comigo. Sempre que podíamos, nos víamos. Quando fiz 18 anos, eu fui apresentado à família do meu pai, que era bem diferente da família atual, isso dizendo o mínimo. Lá, eu conheci o dinheiro, era bom viver no luxo. Minha mãe não sabia das minhas escapadas até a casa do meu pai, sempre dizia que ia para a casa do Diogo. O santo Diogo, pensei com ironia, ele vai me pagar. Sempre fui melhor e sempre vou ser.

Olhei para o meu carro antes de entrar e alisar o volante, observando o painel, o estofado de couro, o câmbio feito de madeira de lei. Isso tinha sido uma conquista e tanto, foi um dos primeiros “presentes” que ganhei do meu pai por ter conseguido uma informação importante para ele. E assim começou o meu “trabalho” paralelo. Eu conseguia qualquer informação de que o quartel precisasse e passava para eles.

— Você é meu bebê — falei, ainda alisando o volante e apertando um pouco as mãos nele. Liguei e saí a toda a velocidade.

Desde que passei para a academia de polícia, eu tentava ser melhor em tudo, era um esforço perdido sempre tentando provar que eu podia ser melhor do que Diogo. Mas, depois que ele foi promovido a delegado, eu sabia que nada do que eu fizesse ia adiantar. E, nesse momento, eu já estava mais envolvido com o quartel do meu pai e com os seus negócios. Seria bom ter conseguido a promoção e ser um delegado também, porém o cargo era muito visado e ficaria muito mais difícil ajudar a organização com tanta gente em cima de mim, me observando.

Eu tinha sido muito bonzinho com o Davi, não esperava que ele fosse esperto o bastante para desconfiar de mim, e agora ele estava na minha cola. Esse idiota estava querendo me pegar, e eu não daria a chance para que ele conseguisse me derrubar. Lutei muito para estar dentro da polícia. Quando desisti de buscar a posição de delegado, era para eu ser o braço direito do Diogo, mas o filho da puta escolheu o irmão daquela vadia. Uma vadia, sim, eu sabia bem como aquela vagabunda era. Ninguém sabia, mas eu já a tinha encontrado algumas vezes no clube de BDSM. Uma cachorra, ela e aquela gostosa da amiga dela.

Sempre tive o maior tesão pela Raquel. Ela nunca me notou. Sempre que nos encontrávamos, ela ficava toda derretida e sentada com aquele babaca do Davi. Nunca gostei muito da aproximação deles dois.

— Ah, Raquel, um dia você vai ver que sou seu homem de verdade — prometi para mim, e dei um sorriso de satisfação.

Cheguei em casa, meu refúgio. Aqui era tudo do bom e do melhor. No meu serviço, eles nem imaginavam que vivia no luxo graças ao dinheiro do tráfico.

Meu sonho era trazer Raquel para minha casa e foder ela de todas as maneiras possíveis, sem limites. Só de pensar nela, meu pau se manifestou e ficou todo alegre. Precisava de uma puta. Peguei meu celular e liguei para o bordel de um amigo, ele sempre me mandava umas prostitutas. Afinal, eu, como policial, tinha minhas vantagens, sabia que ele, na verdade, era um cafetão, e, para ele não ser denunciado e para meu próprio prazer, é claro, sempre ligava para pedir uns favores, e ele, em agradecimento, me mandava as melhores prostitutas da casa.

— Adriano falando.

— Sou eu — simples, curto e grosso.

— No que eu posso ajudar, amigo? — Adriano, idiota, ainda me perguntava o que eu queria.

— Você sabe.

— A de sempre? — ele perguntou. A de sempre era parecida com minha Raquel. É claro que linda só a minha linda mesmo, mas ela dava para o gasto.

— Sim — respondi.

— Já estou enviando, amigo — agradeci e desliguei o celular.

Fui até o bar, peguei um uísque e coloquei uma dose dupla com uma pedra de gelo, e esperei a puta gostosa chegar. Enquanto tomava meu drink, lembrei como comecei a fazer os serviços sujos. Desde o início, quando nos conhecemos, meu pai me treinou e incentivou a entrar para a polícia, ele queria ter alguém confiável lá dentro, e quem seria mais perfeito do que seu próprio filho?

Sempre que algum “funcionário” do meu pai era preso, eu dava um jeito de chegar até os amigos dele e apagava os registros, e, quando não tinha jeito, eu simplesmente apagava o cara, com o maior prazer, simples e rápido, problema resolvido. Ninguém poderia saber quem era o meu pai, nunca. Todos o conheciam como Falcão, só eu sabia a verdadeira identidade dele, mas nunca o trairia.

Perdido em meus pensamentos, acabei distraído, e só saí do transe quando ouvi a campainha tocar em meu apartamento. Sem saber quem era, peguei a minha arma somente por precaução, cheguei até a porta e dei uma olhada no olho mágico. A minha puta tinha chegado. Coloquei a arma novamente em cima da mesinha e destranquei a porta, e puxei a vadia para os meus braços sem muita cerimônia.

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