O Duque que me amava - Série Capman's, Livro 1 romance Capítulo 8

Três meses depois

A luz do sol entrava pela janela e ia diretamente ao encontro do rosto da bela ruiva que dormia tranquilamente em sua cama. As cortinas não impediam que a claridade invadisse o quarto, mas isso não a incomodava, ela gostava de sentir o calor confortável dos primeiros raios solares da manhã ao acordar.

Primeiro, moveu lentamente os dedos dos pés, inspirando profundamente e esticando o corpo pequeno e delicado ao passo que ouvia as suaves batidas à porta, certamente, seria Dália, lhe avisando que o café já estava na mesa.

Assim eram seus dias desde que havia deixado para trás o pesadelo que viveu por dois anos. Charlotte Capman vivia sozinha com suas criadas, e melhores amigas, na casa mediana que ficava quase no final da propriedade de sua família. Não via muito suas irmãs, tentava não entrar em conflito com sua mãe, mas seu irmão ia visitá-la quase todos os dias.

— Senhorita, quer dormir um pouco mais? Não precisa se levantar agora — Dália falou, após abrir a porta do quarto e colocar a cabeça para dentro. — Venho trazer seu café aqui.

Dália era uma jovem de 19 anos, criada da família bem como sua mãe, tinha belos cabelos volumosos e castanhos, que emolduravam seu rosto jovem e delicado. Era uma jovem muito gentil e delicada, escolhida por Marcel juntamente com as outras três para fazer companhia a sua irmã, afinal, ela havia se tornado extremamente reclusa depois de tudo o que havia acontecido.

A coorte ainda não havia esquecido do escândalo que fora sua separação. Apesar de tentarem ser discretos, logo a fofoca se espalhou como fogo em palha e todos da cidade estavam sabendo que a filha mais velha dos Capman havia sido devolvida por não gerar filhos. Mas ela estava lidando bem com isso, conseguia sustentar a vergonha, principalmente por não pisar os pés na cidade desde que passou a morar naquela casa.

Sua mãe também se recusava a vê-la e falar com ela, ainda insistia que Charlotte havia destruído a vida das irmãs e Brista começava a acreditar nisso, afinal, não recebia presentes ou cartas há um bom tempo, seus admiradores e possíveis pretendentes haviam sumido como fumaça no vento.

— Não é necessário, Dália, vou me juntar a vocês — respondeu a jovem ruiva, se sentando na cama macia e olhando pela janela, percebendo ao longe escuras nuvens de chuva.

Não via aquele que outrora foi seu marido desde que havia saído daquela casa, suas criadas haviam dito que uma pobre moça foi oferecida a ele em casamento, filha de um homem que estava à beira da falência. Charlotte se entristeceu por ela, mas torcia para que Willian não a fizesse passar por tudo o que ela passou, para que a moça desse um filho a ele e, desse modo, pudesse viver em paz.

— Senhorita, sabe que não é…

— Não é de bom tom a senhora da casa comer com os empregados — Charlotte completou a frase, rindo levemente. — Já tivemos essa conversa antes, Dália.

— Está bem, se é o que quer — Dália respondeu, a contragosto. — Mas levante-se, coloque um lindo vestido e vá dar uma volta ao sol, logo mais vai chover.

Dito isto, a jovem saiu do quarto, mas não sem antes deixar uma bacia de água fresca no móvel de cabeceira para sua senhora se lavar e arrumar-se. Dália se compadecia muito com Charlotte, por isso, dava sempre o seu melhor para que ela se sentisse sempre bem. Cozinhava suas melhores refeições, fazia doces e sempre mantinha a cara iluminada e cheia de flores, para evitar quaisquer lembranças do tempo sombrio que ela vivera.

Charlotte se ergueu por fim, tirando a camisola, lavando o rosto e tirando o suor do corpo com o tecido úmido e a água fresca, então vestiu-se com um belo vestido, a saia era baixa, não havia enchimento quase nenhum, o corpete deixava sua cintura fina bem marcada e as mangas escondiam seus braços de forma elegante. Era de um belíssimo tom de verde que contrastava perfeitamente com sua pele clara e seus cabelos, mas combinava perfeitamente com seus belos olhos.

Calçou seus sapatos confortáveis e desceu as escadas sem pressa alguma, chegando a cozinha no exato momento em que Dália e Annie se sentavam à mesa, juntamente a Mariá e Justine, e começavam o café. Anne, diferente das quatro outras moradoras da casa, era mais velha, já com quase sessenta anos e viúva, se dedicava outras quatro moças em tempo integral, amava a ruiva como uma filha e indignava-se muito com o comportamento de Judith, que desprezava a doce filha que o Senhor havia lhe dado.

— Bom dia, senhorita! — Annie falou, servindo uma xícara de chá para Charlotte, deixando à frente dela um delicado prato de porcelana com alguns pães e creme. — Soube que as flores estão incríveis hoje pela manhã, o que acha de colher algumas em sua caminhada?

Annie, assim como Dália, procurava sempre fazer Charlotte se achar útil e querida pegar flores era o passatempo favorito da ruiva e, por isso, sempre a incentivaram a fazer tal coisa, não queriam vê-la no grande poço de tristeza e amargura em que esteve nos dois primeiros meses e, agora que ela estava se recuperando do sofrimento, só queriam para ela o melhor que a vida poderia dar.

— Annie tem razão, senhora! — Mariá, a mais jovem da casa, tinha somente 17 anos, se pronunciou pela primeira vez. — As flores estão muito bonitas!

Mariá trabalhava e morava ali há somente um mês, diferente das outras três, que foram contratadas por Marcel, ela foi levada até ali por Annie, que a encontrou nas ruas da cidade e se apenou pela situação dela, lhe oferecendo um teto e comida em troca de seu trabalho.

— Acho uma ótima ideia e o farei logo depois do café, olhei pela janela e vi que logo irá chover — comentou a ruiva, levando um pãozinho à boca.

— Seus livros novos chegaram logo cedo — Justine comentou, comendo um pedaço de pão. — Já os guardei na biblioteca.

Ainda habituava-se a comer com regularidade e quantidades significativas, mas ali, entre suas amigas, se sentia à vontade para comer como bem entendia, conversar alto e rir, era uma casa de mulheres e Charlotte se sentia muito bem assim, a presença masculina ainda a assustava.

O café foi permeado por fofocas e risos, através de Dália, Charlotte soube que, finalmente, o Duque de quem todos falavam estava a caminho e que, certamente, chegaria ainda naquele dia. Ela sabia que ele ficaria na casa central da fazenda e pretendia ficar bem longe da vista dele, bem como de sua mãe.

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