O Duque que me amava - Série Capman's, Livro 1 romance Capítulo 9

O trotar do cavalo fazia o corpo forte e grande de Lucian balançar levemente.

Enquanto suas mãos firmes seguravam as rédeas, seus olhos castanhos dividiam-se entre olhar a estrada e o céu, que anunciava a tempestade que, com toda certeza, o pegaria antes que ele chegasse à casa central da fazenda dos Capman. Mas a culpa de estar prestes a ficar ensopado era toda sua, afinal, Juan, que vinha cavalgando logo atrás de si, havia o avisado que deveriam ir de carruagem.

Lucian ainda conseguia ouvir os resmungos mal humorados do amigo enquanto cavalgavam com toda pressa e adentravam o território do gentil fazendeiro que se dispôs a acolhe-los. Não culpava o amigo por estar tão irritado, estava habituado a acompanhar nobres de mais alta estirpe ou nascidos em berço real, era difícil para Juan entender que ele não se agradava de todas aquelas bobagens propostas pela coorte e gostava de sentir o vento no rosto, o cheiro da brisa e do campo enquanto viajava.

Mas admitia que, talvez, trocar a carruagem pela brisa fresca e pela vista do céu noturno não foi uma boa escolha naquele dia, afinal, mal percorreram mais alguns metros e o duque sentiu os primeiros pingos de chuva molharem seus cabelos escuros e escorrerem por seu rosto.

— Eu avisei, senhor! — Juan falou, olhando-o com as sobrancelhas franzidas.

O rapaz, que era um pouco mais novo que Lucian, tinha cabelos loiros e longos, que desciam por seus ombros e estavam presos com uma fita escura, seu corpo era magro e esguio, seus óculos já estavam completamente molhados e ele mal enxergava àquela altura, portanto, seus olhos âmbar estavam confusos e estreitos, tentando lhe fornecer ao menos uma visão parcial do caminho a frente.

Lucian riu, sentindo suas roupas completamente ensopadas grudando em sua pele, balançando a cabeça levemente para diminuir a água que acumulava nos fios escuros de seu cabelo. Então, olhou para frente, avistando ao longe uma casa mediana com janelas iluminadas que se destacavam no breu da noite.

— Vamos, há uma casa bem ali! — gritou ele, tentando fazer sua voz soar mais alta que os trovões, que estremeciam o céu.

Agitou as rédeas e seu amigo o seguiu, correndo com os cavalos em direção a casa que, de certo, seria seu abrigo naquela noite.

A tempestade não deu trégua alguma, mas Lucian mal se importava com aquilo. A chuva, os trovões e o vento forte o faziam sentir o frescor da liberdade e acalmavam seu espírito, que ainda carregava o furor da última guerra e estava em busca de paz. O ducado para ele foi uma surpresa, bem como todas as responsabilidades que acompanhavam o título que boa parte dos outros soldados almejavam. Apesar de não achar que fazia seu estilo, aceitou com prazer a honra, mas também com um pouco de pesar, afinal, não nasceu para viver enclausurado.

Quando os cavalos pararam em frente a casa, ele desceu de sua montaria com maestria, puxando o animal para baixo de uma árvore, onde pudesse se manter minimamente seco, então subiu rapidamente os degraus, erguendo a destra e batendo apressadamente na porta.

— Espero que haja mesmo alguém… Estou congelando aqui — resmungou Juan, juntando as mãos e esfregando-as uma na outra na tentativa de se aquecer, fazendo Lucian revirar os olhos.

Um trovão alto soou, porém, mesmo assim, Lucian teve a impressão de ouvir uma voz feminina vinda de dentro da casa. Então, a maçaneta girou lentamente e a porta se abriu, no exato momento em que um raio cortou o céu, iluminando com sua luz cálida aquela que lhe abrigaria naquela noite.

Por um momento, o duque ficou paralisado.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Duque que me amava - Série Capman's, Livro 1