Meu coração se agita no peito.
— Bonito. Maduro. Rico — digo friamente.
Eu relanceio o olhar para Vitor, que está avaliando meu rosto, desvio meus olhos dos dele e os fecho, sentindo o calor gostoso do sol na pele. Fico vinte minutos estirada no sol, então me levanto e puxo minha espreguiçadeira para a sombra.
Vitor coloca seus óculos e me observa com um sorriso.
— Você é tão branquinha, que já ficou vermelha.
Eu forço um sorriso para ele.
— Verdade.
Ele, então, retira os óculos novamente e se deita ao sol. Eu pego o livro que tenho lido que está em cima da mesa desde ontem. Tento ficar entretida nele, mas só consigo olhar para ele, sem nada ler, o tempo todo em retrospectiva, me lembrando de Hassan e de tudo que aconteceu.
No almoço, mamãe caprichou na comida e o tempo todo ficou incentivando Vitor a comer, colocando as coisas em seu prato. Meu pai abriu um vinho e encheu o copo dele.
Deus! O que eles querem? Embebedar o rapaz? Talvez eles o achassem lento demais comigo. Talvez eles queiram que ele apresse as coisas.
Vai saber!
Eu encaro Vitor. Ele já está vermelho como um pimentão, depois de beber tanto vinho. Eu dou risada, achando graça nisso. Eu daria tudo para gostar de Vitor, já até me forcei a gostar dele, mas nunca consegui vê-lo como homem. Ele nunca me despertou o desejo.
Deus!
Já Hassan, só de pensar nele me dá uma onda de calor. É como se tivesse uma força invisível que me puxa para os braços dele, com o desejo de beijar aquela boca, passar as mãos em seus cabelos. Nunca na vida imaginei que eu pudesse me sentir tão atraída por uma pessoa.
Não poderia ser Vitor o homem que mexesse com meus neurônios?
Por que tinha que ser Hassan? Um homem aventureiro, um colecionador de mulheres? Um conquistador barato?
Depois do almoço, meus olhos estão fechando de sono, pela noite maldormida, eu bocejo. Mamãe levanta rapidinho.
— Vou fazer café.
Ela morre de medo de que eu desista de ir ao cinema.
Vitor, que está sentado ao meu lado, me observa.
— Se quiser, podemos ir agora. Tem uma sessão antes dessa, dá tempo para pegá-la ainda.
Eu bocejo novamente.
— Não. Se eu for agora, vou dormir no cinema. Só eu tomar café, passa meu sono — digo, e volto minha atenção para a televisão, que está passando um programa interativo de perguntas e respostas.
Mamãe logo nos serve o café. Vitor pega uma xícara e eu outra. O tomo em pequenos goles, está muito quente.
Meu pai vem com o jornal na mão em minha direção.
— Olha isso.
Eu deixo a xícara vazia de lado e pego o jornal. A foto de Hassan abraçado à irmã está na coluna social.
Deus! Hassan está lindo ao lado da irmã. Raissa está com um sorrisão no rosto, feliz pelo irmão finalmente ter voltado dos EUA.
Antes de ele chegar, ela só falava nisso.
Leio o artigo:
Hassan Hajid Addull Ala, 40 anos, ao lado de sua irmã Raissa Hajid Addull Ala, 20 anos, foi recebido com uma festa de boas-vindas pela família.
O telefone toca, mas eu continuo a ler:
O Shams Sfaga é o hotel que mais tem se expandido pelo mundo. O empresário aplicou recentemente R$ 700 milhões na construção de cinco empreendimentos: no Canadá, México, Cuba, Porto Rico e recentemente nos Estados Unidos. As unidades já estão em funcionamento e devem gerar vendas no valor de R$ 1,3 bilhão. Os hotéis, além de receberem pessoas de todo o mundo, se especializaram no mundo árabe. Têm até uma ala para os muçulmanos.
Meu pai sai da biblioteca e olha para mim.
— Filha, telefone. É Raissa.
Vitor fecha a cara.
Meu Deus! Ele podia pegar leve com seu olhar!
Meu sono sai na hora. Com o coração agitado por pura adrenalina, eu atendo.
— Karina, eu recebi o recado — ela diz, chorando. Deus! O que aconteceu agora? — Eu estou tão mal. Você pode vir aqui?
Eu estremeço.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....