O Egípcio romance Capítulo 72

É difícil acreditar que a lua de mel terminou.

Esses vinte dias que passamos no Egito foram maravilhosos. Hassan estava certo em dizer que eu precisava ir para o Egito se quisesse conhecê-lo de verdade.

Conforme correram os dias, entre sair, ou ficar no palácio, Hassan e eu conversamos muito. Hassan me contou cada travessura e como ele era um rapaz normal até sua mãe falecer.

Afasto os pensamentos desse assunto. Nem Hassan tocava mais nele. Graças a Deus, isso são águas passadas. Hoje Hassan é um homem maravilhoso, carinhoso, dedicado, romântico…

Já faz cinco dias que voltamos de viagem, e eu tenho mais cinco para gozar das minhas férias. Estou de papo para o ar nesses dias. Hassan está trabalhando meio período, com o intuito de ficarmos juntos.

Essa viagem abriu meu entendimento sobre a mulher árabe:

Sim, existe uma grande diferença quando falamos do Oriente e Ocidente, no mundo árabe a maior parte pratica a religião muçulmana, isso tem uma grande influência no comportamento do povo oriental, mais ainda nas mulheres orientais.

Os costumes permanecem ativos mesmo com toda a tecnologia de hoje em dia.

No mundo árabe, a mulher é o símbolo da honra da família, em sua criação, suas atitudes e gestos, e isso faz com que ela sempre se mantenha preservada, cuidadosa em tudo que faz, o modo de se vestir, falar e seus gestos.

Eu vi que no Egito a presença da mulher árabe está em todo canto. Em escolas, universidades, trabalhos etc.

Elas têm, sim, seus diretos e seu espaço. Seja estudando, no trabalho e até na política. Mas com certeza a família está em primeiro lugar, e a maioria não tem grandes ambições. Querem apenas casar e ser boas esposas.

Isso no Egito.

Em outros países árabes, segundo Hassan, a mulher não pode nada, é criada apenas para casar.

A mulher oriental não viaja sozinha, ou com amigos, ou você a encontra com um grupo de amigos para bate-papos, ou se senta em um restaurante ou barzinho sozinha. Estes são hábitos ocidentais.

Após o casamento, a mulher árabe coloca em primeiro lugar o cuidado com a família e se torna mais caseira ainda, e algumas até largam seus trabalhos e se dedicam totalmente às suas casas.

Não é comum ver uma mulher árabe ter amizades masculinas, isso não é visto com bons olhos, é uma tradição milenar.

Quem pode ir contra isso?

Após o casamento, a mulher começa a usar o véu — é claro que tem muitas que usam antes do casamento. Seu uso, além de ser algo religioso, também serve para não chamar atenção dos olhares masculinos. O uso de véu é sinal do respeito religioso, e os homens reverenciam isso.

Por natureza, a mulher árabe é muito vaidosa, gosta de se cuidar, mesmo usando véu ela usa trajes de tecidos caros, véus de seda, e está sempre muito bem maquiada, elas gostam de ser mulheres, e as solteiras apreciam chamar atenção por sua beleza, e não pelo seu corpo bonito.

Os homens têm o orgulho da sua masculinidade, gostam de se sentir responsáveis por sua família, gostam de se sentir úteis. Eles não são anjos, mas muitos são como Hassan, verdadeiros. Gostam da verdade. Eles adoram ser o porto seguro da família.

Estou sorrindo agora, surpresa com a rosa vermelha em cima do travesseiro que ele deixou para mim. Junto a ela tem um papel escrito com caneta preta. Que letra linda…

Karina,

Sou feliz, pois tenho um coração que ardente de amor.

Você é bela como uma flor do deserto, traz alento para a minha alma como um oásis. Em ti eu encontro tudo que preciso para ser feliz.

Te amo.

Hassan

Ao término da leitura, estou com os olhos cheios de lágrimas.

Apaixonar-me por Hassan é como sentir a vida à flor da pele. É como enxergar cores no mundo que antes eu não via.

Eu nunca imaginei que fôssemos dar certo e certamente nunca imaginei que esse amor seria tão forte.

Eu me lancei em seu mundo e estou sendo tudo o que eu sei que uma esposa precisa ser. Não tem sido um peso, tenho feito com alegria.

Eu o amo tão certo como eu respiro, e ele tem me devolvido esse amor com a mesma intensidade.

Meu celular toca, eu estendo minhas mãos e o pego. No visor, “Hassan”.

Com um sorriso, atendo.

— Sabāha l-ḫair — digo “bom dia” em árabe. Hassan adora meu esforço para falar algumas palavras.

— Sabāha l-ḫair. Eu te acordei?

— Não, eu já estava acordada. Lindo o poema.

Hassan funga do outro lado.

— Palavras do coração.

— Eu amo seu coração.

Sei que ele está sorrindo do outro lado da linha.

— Liguei para avisar que hoje iremos a um jantar.

— Mas você virá mais cedo para casa, ou não?

— Não, habibi. Por isso estou te ligando. Chegarei perto da hora de irmos.

— Está certo. E como é esse jantar?

— É na casa de um antigo investidor, hoje ele é apenas um amigo. Ele me convidou quando eu fui ao banco. Eu cruzei com ele na rua, perto da hora do almoço.

— Você? Indo ao banco? Pensei que ele fosse até você.

Hassan ri.

— E vai, mas hoje fui pessoalmente, pois tive um problema com meu cartão magnético.

— Entendi. É informal o jantar?

— Sim.

— Está certo.

Eu ouço alguém o chamando.

— Vou desligar, nos vemos à noite.

— Até a noite — sussurro para ele, a voz cheia de promessas.

Espreguiço-me na cama.

Meus pés pisam no carpete marrom a caminho da janela. Afasto as cortinas pesadas e abro a janela, o vento gelado entra no quarto. Fecho o vidro.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio