─ Não acredito que você está interessada no hóspede dos seus pais! ─ Emma, minha melhor amiga grita durante a ligação.
─ Fala baixo! ─ digo enquanto afasto o celular do meu ouvido. ─ quase fiquei surda.
─ Isso é nojento, Charlie. ─ ela zomba.
─ Eu não estou interessada, eu apenas disse que ele é bonito e tem um sotaque diferente. ─ tento parecer indiferente.
─ Está caidinha por ele, você não presta, meu deus! ─ ela se diverte com o assunto.
─ Ele não é velho, deve ter uns 24 anos... isso não interessa. Eu apenas comentei sobre ele. ─ Reviro os olhos e lembrando do homem.
─ E como ele é? ─ perguntou com voz maliciosa.
─ Bem alto, cabelos castanhos, olhos cor de mel... vá, eu não reparei muito nele. Mas eu sei que ele é bem diferente dos outros hóspedes. ─ falo enquanto roo minha enorme cutícula.
─ Eu pensei que você não fosse mais se interessar por outro cara tão cedo, desde o que Bruce fez com você.
─ Eu não disse isso, não quero nada com esse novo hóspede. ─ Deito de barriga para cima em minha cama. ─ e sobre o Bruce, dizer que eu perdi a virgindade com ele foi totalmente babaca e mentiroso, você sabe como quem aconteceu.
─ Eu sei. Olha, eu tenho que conhecer esse cara primeiro, aí eu digo se você pode ou não ficar com ele. ─ ambas rimos. ─ você é a garota que todos os caras querem, não pode se entregar para qualquer um.
─ Eu não vou ficar com ele, Emma, eu nem sei o nome dele ainda... ─ ouço minha mãe me chamando no andar abaixo. ─ tenho que ir. Beijos.
Ela me deu “tchau” e eu desliguei o telefone, olhei ao redor de meu quarto e suspirei.
Desço as escadas rapidamente e vou até a cozinha onde minha mãe preparava o jantar.
─ Já falei para não descer as escadas assim, pode se machucar! ─ ela me repreende. ─ coloque a mesa e chame o senhor Hunter para jantar. É o primeiro dia dele, ainda não se acostumou com os horários.
Eu solto um suspiro longo.
─ Por que não vai lá?
Minha bufa e larga as panelas vindo até a sala de jantar comigo.
─ Será se não pode me ajudar? Eu tenho que fazer tudo sozinha...
─ Tudo bem, eu vou lá!
Coloquei os pratos na mesa lentamente, eu não queria encarar aqueles olhos profundos novamente. Ele havia me deixado com as pernas bambas, e com vergonha da primeira vez que nos vimos. Fora a voz e o sotaque, eram um complemento e tanto para a sua beleza, deveria ser pecado alguém ser tão belo daquele jeito.
Quando terminei, subi as escadas calmamente e fui em direção a porta do quarto dele, era quase de frente para a porta do meu. Bati duas vezes na porta até ouvir passos pesados dentro. Destrancaram a porta e logo ele apareceu, com os cabelos castanhos bagunçados, esfregando os olhos.
─ Minha mãe mandou eu vir lhe avisar que o jantar está pronto. ─ digo retraída.
─ Obrigado. ─ disse esfregando os olhos.
Sorri de volta e saí de lá, por que diabos era tão difícil encara-lo? Eu estava tímida e sem jeito.Lavei minhas mãos e sentei a mesa, minha mãe era uma ótima cozinheira e eu sempre comia bem, fora as suas maravilhosas sobremesas. Tudo que ela fazia era tão bom, nunca errava na receita, mas hoje eu não sabia como iria comer com aquele bolo se formando em minha garganta.Começamos a comer e logo em seguida o Hunter se juntou a nós, eu me sentia incomodada com a sua presença, era como se eu estivesse sendo vigiada todo tempo, e não podia passar nenhuma vergonha que eu morreria, sendo assim, acabei comendo pouco no jantar.
─ Então, senhor Lins, como está a comida? ─ perguntou minha mãe enquanto cortava as batatas em seu prato. ─ Sinto muito, eu não sei cozinhar as comidas de seu país.
─ Está muito bom, minha tia é americana então já estou habituado. ─ ele indagou com um sorriso no final da frase. Falava tão formalmente, com o sotaque que dava todo um charme, com certeza fazia sucesso com as garotas. Coloquei as mãos no rosto e me senti envergonhada por pensar aquilo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O estrangeiro