Ver aquela coisinha tão pequena no monitor, me deixou emocionado. Eu sorria como um bobo, Ashley olhava para mim com alegria. A médica apontava para nós vemos nossa pequena bebê. Eu ainda não acreditava que seria pai, cada vez mais a ideia estava ficando melhor. Me empolgava aos poucos.
Após uma conversa eu e Ashley, nós fizemos as pazes. Eu percebi que tudo aconteceu por conta de minhas ações, perder Charlie foi mais uma das consequências. Desta vez, ela não estava dando encima de mim ou tentando algo, achei estranho e muito repentino mas aceitei para melhor das hipóteses.
─ Meus pais querem conhecer você. ─ ela disse enquanto devorava seu sorvete.
Eu arqueio uma sobrancelha.
─ Não é tão inesperado, eles querem conhecer o homem que engravidou a filha deles, Hunter.
─ Eu sei, só que eu penso que o clima será estranho.
─ Meus pais são as melhores pessoas que você pode conhecer, eles não são como os pais convencionais. ─ ela diz. ─ Sábado às 18 horas, pode ser?
Eu respiro fundo, não sabia o que responder.
─ Está bem, Ashley, não faça eu me arrepender dessa decisão. ─ digo rígido. Ela sorriu.
Chamei um taxi para casa e Ashley foi para sua, sozinha. Prefiro não ter muito contato além de nossa filha, estabelecer aquele perímetro era necessário depois de tudo que ela fez.
Assim que cheguei coloquei minhas compras encima da mesa e liguei meu laptop. Uma nova mensagem do advogado, revirei os olhos de frustração. Sempre que ele aparecia, trazia consigo notícias ruins.
─ Vamos ver qual a boa de hoje, velho amigo. ─ resmungo abrindo seu e-mail.
"Prezado senhor Lins, venho comunicar que na semana que vem, eu pessoalmente, encontrarei com o senhor para esclarecer seu depoimento. O processo será mais rápido, pelo menos na parte judicial. Em alguns dias me comunicarei novamente com o senhor..."─ respirei fundo e encostei minhas costas na cadeira. Judicialmente seria mais fácil, mas sentimentalmente tudo fica ainda mais difícil. Minha ansiedade estava atacando, ultimamente eu estava fumando mais, gastando com bebidas e permanecia frustrado.
Tomei banho e raspei os poucos pêlos que nasciam em meu rosto, graças a faculdade e o estágio, eu deveria sempre me manter no padrão. Isso me deixava ainda mais desanimado com meu curso, o que eu estou fazendo? Eu sempre tive certeza de tudo que queria, mas agora estava ficando sufocante.
[...]
No sábado fui acordado por meu telefone tocando, minha tia. Eu atendi imediatamente mesmo sonolento, nós conversamos e eu tentei desviar de assuntos que envolvessem meus pais, porém, ela comentou sobre Maya estar namorando com um americano. Eu bufei.
─ Eu achei necessário falar isso, você iria descobrir uma hora ou outra. ─ ela diz receosa.
─ Tudo bem, todos sabíamos que isso iria acontecer em algum momento. ─ apoio meu braço na janela e encaro a paisagem. ─ tenho uma novidade, não sei porque escondi isso por tanto tempo. Eu vou ser pai.
Eu afastei o telefone de minha orelha quando ela gritou, ouvir palmas e ela chamando meu tio. Revirei meus olhos e sorrir.
─ Querido, por que não contou isso antes? Seremos avós! ─ ela comemora. ─ Como isso aconteceu? Nem sabíamos que estava namorando.
─ Não estou, digamos que foi um acidente muito bom.
─ Ah, agora eu quero ir para os estados unidos. ─ ela diz feliz.
Nós conversamos mais e eu finalmente desliguei o telefone.
Me preparei o dia todo para ver os pais de Ashley, eu não sabia como seria. Eu iria dizer: "oi, sou o cara que engravidou a sua filha", não aparentava ser uma boa apresentação. Passei a mão na barba rala e sorrir, era a primeira vez que eu me sentia ansioso há anos.
Era 18 horas, eu terminava de me arrumar, queria causar uma boa impressão nos pais da Ashley. Chamei o taxi e coloquei a localização que ela me enviou, comecei a ficar nervoso.
O carro parou em uma casa em um condomínio, olhei para o local e respirei fundo. Peguei o vinho que comprei antes e paguei a corrida. Me aproximei da casa com tensão, toquei a campainha e a mesma abriu com um sorriso nos lábios.
─ Vem, entra! ─ ela disse fazendo um sinal com a cabeça. Eu entrei e reparei imediatamente na casa, era grande e bonita. Parecia que tinha saído de um filme americano, era perfeita. ─ Mãe, pai, Hunter chegou. Venham recepcionar ele.
Sentei no sofá e ela sentou ao meu lado. Da porta surgiu um homem com a cara fechada e uma mulher, era a cópia de Ashley, os cabelos negros e os olhos profundos. Eles sentaram à nossa frente.
─ Esses são meus pais, Georgina e Thomas, meus pais. ─ ela indaga como se esperasse minha aprovação.
Um silêncio constrangedor instaurou na sala, eu estendi o vinho e a mãe dela o pegou.
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