Uma ardência se instaurou em meu peito, eu via apenas vultos mas conseguir assimilar o rosto de Charlie mesmo no escuro. Ela estava com os olhos cheios de lágrimas e falava algumas coisas para mim, eu lutava contra a dor e minhas pálpebras que queriam fechar.
— Eu te amo...— eu a ouvi dizer.
Apaguei.
Abrir meus olhos aos poucos, ouvia barulhos ao meu redor e vultos. Despertei por completo e olhei ao redor, eu estava em um quarto de hospital com aparelhos ao meu lado, tentei me movimentar, mas uma ardência surgiu em meu peito, reclamei e chamei a atenção da enfermeira que observava os aparelhos, olhei para o lado e vi um curativo no local.
— Calma, você não pode se mexer. — A enfermeira disse olhando para mim.
— Aonde...aonde estou? — Perguntei zonzo.
— Você no hospital, deu entrada na madrugada do domingo com uma bala no peito. — Ela disse calmamente. — Fique quieto, vou chamar o doutor.
Eu fixei meus olhos no teto branco, o quarto inteiro era extremamente claro.
— Que bom que já acordou. — um homem grisalho fala. Provavelmente era o médico. — Você levou um tiro, se recorda disso?
— Sim, sim eu me lembro. — Digo.
— Ótimo, vamos fazer alguns exames em você para certificar que está tudo bem. — Ele disse olhando para sua prancheta. — Provavelmente vai ser liberado em menos de uma semana, a bala pegou de raspão em seu peito, teve muita sorte, senhor Lins. Ah, você tem visitas. Vou pedir para entrar.
Assim que eles saíram voltei a encarar o teto. Aquela luz toda me deixava enjoado, ouvir duas batidas na porta, demorei um tempo para assimilar, mas percebi que era ela, com os olhos vermelhos. Charlie se aproximou de mim rapidamente, quando suas mãos tocaram as minhas senti uma onda de energia passar pelo meu corpo.
— Como você está? — Ela perguntou.
— Já estive melhor. — Diga seguido de um sorriso nasal.
Ela olha para meu peito e vira seu rosto, parecia que estava se culpando.
— Obrigada, você salvou a mim e Emma. — Ela enxuga suas lágrimas.
— Foi o mínimo...— tento me ajeitar na cama mas sinto dor. — Não precisa agradecer. Aonde está Emma, seus pais? Como ela está.
— Ela está aparentemente bem, foi muito pior para ela. O médico não deixou muita gente entrar, ele disse que seria melhor um por vez.
Nós ficamos em silêncio, eu encarei seus lindos olhos azuis e ela as meus. Levei sua mão gélida até meus lábios e depositei um beijo leve no local, o corte ao lado de minha boca doeu um pouco, mas valeu a pena.
— Eu não sei o que faria se algo te acontecesse, principalmente com aquele clima entre nós. — Digo sussurrando. — Eu acho que não aguento perder mais alguém.
Ela umedece seus lábios e sorrir com pesar. Charlie aproxima sua cabeça da minha e encosta nossas testas.
— Eu não quero mais ficar longe de você.
— Acabou seu tempo. — A enfermeira diz na porta do quarto.
— Eu virei outras vezes. — Disse e logo em seguida beijou minha testa.
A enfermeira nos olhou com a sobrancelha franzida, mas depois saiu com Charlie. Ouvir duas batidas na porta, era Denner, Ashley estava logo atrás dele, mas ela não entrou. Ela olhou para mim e balançou a cabeça negativamente sorrindo com os braços cruzados.
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