Na escola, todos olhavam para mim, eu me tornei o centro das atenções. A maioria dos professores conversaram comigo, uns perguntaram o que aconteceu outros me davam conselhos, eu fingia, escutava e dizia o que tinha acontecido na noite do sábado sem muitos detalhes.
Emma não viria a aula pelo resto da semana, por conta de seus joelhos machucados. Eu teria que suportar tudo sozinha na manhã da quarta-feira.
Durante o almoço, sentei ao lado de Adam em um pequeno restante próximo a escola. Comíamos nossa refeição, quando um grupo de garotos nos cercaram. Alguns eram simpáticos, outros perguntavam coisas que nunca existiram, típico de pessoas que não tinham o que fazer.
— Vocês viram o jornal, eu não quero mais falar sobre isso. — Digo irritada.
— É verdade que você atirou nele? — Uma menina aleatória pergunta.
— Não, de onde vocês estão tirando isso? — Pergunto com o cenho franzido.
— Emma transou com o padrasto dela? — Um garoto perguntou, aquele rosto já era bem conhecido na escola. Ele costumava fazer piadas machistas quando as meninas passavam no corredor e para completar, era capitão do time de futebol.
Eu olhei fixamente para ele, não acreditei que estava ouvindo aquilo.
— De todas as perguntas, essa foi a mais sem noção e indeiscente! Me levanto da mesa e batendo as minhas mãos na mesma. Ele olha para mim e sorrir.
— Todos sabemos que a Emma é uma vadia. — Ele diz me encarando. — Vocês pensam que nós esquecemos daquela história da foto, mas não.
— Eu digo a você, que tire o nome da minha amiga dessa sua boca suja! — Eu indago com raiva e o encarando. Adam segura meu pulso conforme eu vou levantando da cadeira.
— Qual é Charlie, e o Brian? — Eu engoli a seco com aquele nome. — Vocês são duas vadias!
— Eu sou vadia porque transo ou porque você é uma machista de merda? — Sentia meu rosto pagar fogo.
Ele gargalha e se aproxima de mim colocando suas mãos na mesa e me encarando.
— Como eu faço para conseguir um boquete seu? — Ele diz tocando em meus cabelos. Eu o encaro seriamente.
— É só pedir com jeitinho que ela faz! — Brian disse entre a multidão.
Eu olho para a mesa e vejo a faca que eu estava usando para cortar a comida, peguei a mesma e cravei ao lado de sua mão. Ele arregalou os olhos, todos me olharam incrédulos.
— Depois do que aconteceu comigo, eu não consigo sentir medo.
Ele arregalou os olhos e eu pude ver sua respiração ser cortada.
Adam que acompanhava a discussão de perto me puxou para longe de lá.
— Por que não me deixou furar o olho daquele garoto?
— Porque é loucura, só o que você fez já foi suficiente para render conversa o resto do ano!
Nos sentamos em um banco, eu apoiei meus cotovelos na coxa e meu rosto em minhas mãos.
— Por que estão falando aquelas coisas quando nós fomos as vítimas? — Digo entre lágrimas.
Adam passa sua mão em minha costa.
— Porque são mulheres. Depois do que aconteceu, todo mundo sabe que o Richard... — ele dá uma pausa e respira fundo — aliciava Emma.
— Eu não quero que ela venha, ela não tem obrigação nenhuma de ouvir esse tipo de coisa.
As aulas foram difíceis, todos olhavam para mim e cochichavam, o que eu fiz repercutiu por toda a escola e ninguém tinha coragem de perguntar para mim qualquer coisa sobre a noite do sábado. [...]
Olhei meu reflexo no espelho pela última vez, hoje no sábado iria visitar Hunter. Vestir meu vestido preferido, calcei meu all star amarelo e deixei meus cabelos soltos. Graças a minha gratidão a ele, meus pais não me proibiam de ir lá.
— Está bonita. — Emma diz se deitando em minha cama.
— Vou visitar Hunter. — Digo sorridente.
— Eu já imaginava. — Ela fala. — Eu sei que não conversamos muito sobre o que aconteceu, mas eu sou extremamente grata pelo que ele fez.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O estrangeiro