Os minutos se arrastavam e Antonela não fazia ideia para onde Benjamim havia ido. Ela caminhou por aqueles corredores frios por diversas vezes procurando-o por cada canto, mas ele não estava. Havia fugido como um covarde que ela jamais imaginou que seria.
Já sentindo as pernas fraquejarem, ela o avistou sentado em um banco, do lado de fora do hospital. Seu coração disparou quando os olhos dele se encontraram com os seus. O par de olhos agora parecia mais escuro e frio. Já não vestia mais o seu terno impecável que lhe dava um ar superior.
Ele inclinou o corpo apoiando os cotovelos sobre as pernas e abaixou finalmente o olhar, soltando o ar nervosamente. Não viu quando Antonela marchou corajosamente em sua direção e parou em frente a ele.
Meio segundo depois, enquanto o coração socava seu peito, ela sentou-se ao seu lado, mas Benjamim não conseguiu olhar em seus olhos.
Ele se esforçou para manter a calma, com ela tão próxima e pronta para jogar em cima dele um caminhão de verdades. Sua cabeça ainda girava com o que ele viu minutos atrás. Mas ele não podia fugir disso, ele não queria.
— Me dê uma explicação – sua voz saiu rouca como se estivesse presa por muito tempo.
Diante do silêncio dela, Benjamim inclinou-se e a olhou nos olhos. Seus cílios longos ainda estavam molhados e havia uma vermelhidão profunda em seus olhos, indicando que ela havia chorado por horas.
Antonela sentiu um nó apertando sua garganta ao ver a fúria estampada no belo rosto de Benjamim. Foi incapaz de olhá-lo por muito tempo. Com as mãos tremulas passou as nos fios embaralhados da cabeça, inspirou o ar com força e soube que a hora havia chegado.
— A noite em que estivemos juntos – sua voz saiu tremula, ela odiava falar sobre aquela noite – alguns dias depois descobri que estava grávida e, como você não havia me procurado, eu decidir ir embora.
Benjamim sentiu o peito arder por dentro e a raiva explodir.
— Está dizendo que a culpa foi minha? – ligeiramente, ele levou a mão e puxou o rosto dela, forçando-a a olhar em seus olhos – por que não me contou? Por que não foi atrás de mim e disse a verdade?
Ele se esforçava muito para não gritar com ela. Antonela fechou os olhos quando percebeu que não podia mais segurar o choro que estava preso na garganta desde o momento em que o encontrou.
Aquela discussão era totalmente inútil, assim ele pensava, mas a revelação o feria de tal forma que ele precisava saber tudo, cada detalhe, todos os motivos que levaram Antonela a tomar a decisão de manter aquele garoto longe dele por tanto tempo.
— Você não merecia saber a verdade – uma lagrima escorreu pelos seus olhos – todos me viam como a noiva rejeitada do bilionário, você me tornou uma vergonha para minha própria família. Como acha que o Henrico reagiria quando soubesse que eu estava grávida do homem que me abandonou no altar?
Ao ouvir isso, ele deu um salto, colocando se de pé. Passou a mão sobre o rosto tentando acalmar os sentimentos que ferviam dentro dele. Agora tudo fazia sentido para ele. Por isso Antonela não permitia que ele soubesse onde ela estava morando, não o deixando se aproximar. Ele não estava errado quando enxergou nela uma áurea de mistério e medo.
Estava aí a verdade, sendo jogada em seu rosto sem dó nem piedade.
— Você não tinha o direito de fazer isso – ele apontou o dedo para ela na representação da sua fúria – não tinha o direito de esconder esse garoto de mim, sabendo que um herdeiro era tudo o que eu queria.
As palavras dele as feriram profundamente. Olhando para o rosto dele contorcido pelo ódio, ela também se levantou, se aproximando e segurando o dedo levantado, lhe disse com indignação.
— Meu filho não é o seu herdeiro – ela jogou a mão dele para longe e lhe mostrou os dentes – que fique claro que se o Adam não estivesse entre a vida e a morte, você jamais saberia que ele é seu filho.
Ela soltou um grunhido ao sentir o aperto dele em seu pulso, enquanto experimentava a respiração quente dele tocar sua pele. Imediatamente, o olhar dele recaiu sobre os seus lábios e ele se lembrou do beijo que havia dado nela.
Sentiu-se obrigado a se afastar para não cometer outra loucura. O suor molhou sua camisa branca, fazendo-a grudar em seu corpo. Ele jamais consideraria aquele acontecimento como um pesadelo. Ele havia tido um filho, o herdeiro que tanto esperou, com a mulher que agora ele amava.
Mas uma guerra estava sendo travada com Antonela naquele exato momento. Benjamim a olhou mais uma vez, sem saber ao certo se conseguiria perdoá-la por aquele erro. Ele precisava se apressar, se quisesse salvar a vida do menino.
— Me leve até o médico do Adam – ele disse e um brilho atravessou os olhos de Antonela – quero fazer o teste de compatibilidade.
Ela se segurou para não sorrir, mas as palavras de Benjamim reacenderam a esperança em seu coração. Ela se aproximou dele, que agora permanecia de costas, e disse, antes de partir.
— Você não vai pedir um teste de paternidade para saber se ele é seu filho?
— Eu não sei se vou conseguir perdoá-la algum dia – ele travou o maxilar, mas não olhou para ela e não viu quando uma tristeza invadiu seu rosto – mas não tenho motivos para duvidar. Tenho certeza de que ele é meu filho.
Observou-a passar por ele de cabeça baixa, silenciosamente e caminhando próximo, lhe disse pela última vez.
— Ainda temos muito o que conversar – voltou a olhar nos olhos dela – primeiro vamos salvar a vida do nosso filho.

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