O som dos seus passos apressados se aproximava cada vez mais do local onde ele faria o exame. Benjamim passou em frente ao quarto de Adam, esticando o pescoço e observando o garoto deitado na maca, tão frágil.
Ele desejou não ser tarde demais, que o exame que estava prestes a fazer desse positivo e ele salvasse a vida do filho que ele mal conhecia. Seu peito encheu-se de emoção quando finalmente entendeu o que acontecia.
Agora ele tinha um filho, o herdeiro que tanto desejou com a mulher que abandonou no altar. Desviou o olhar para Antonela, que caminhava ao seu lado silenciosamente.
Antonela ficou observando-o entrar no quarto onde o exame seria feito e desaparecer. Ela não tinha ninguém para ampará-la naquele momento em que seus sentimentos estavam tão aflorados dentro dela. Sentiu suas pernas fraquejarem quando finalmente se viu sozinha. Mas sentiu-se obrigada a ficar ali, esperando que ele saísse, para só assim seguir em diante.
Ela se ajeitou no banco desconfortável de madeira. Uma vez acomodada, fechou os olhos e orou pedindo para dar tudo certo. Benjamim era sua última esperança, se ele não fosse compatível com Adam, ela não saberia o que fazer.
As mãos de Antonela se apertaram com força assim que ela viu Benjamim sair do quarto. Ele parecia cansado dessa vez. Já não tinha o semblante irritado ou um comportamento agressivo, ao contrário, ele parecia mais calmo dessa vez. Precisou se sentar ao lado dela, fazendo uma careta de dor.
Um período silencioso transcorreu entre eles, como se agissem como dois estranhos que estavam se vendo pela primeira vez.
Ela esperou pacientemente que ele dissesse alguma coisa, porque Antonela sabia que Benjamim ainda tinha muito a dizer e sua espera não foi prolongada.
— Você falou para o Adam sobre mim?
Antonela engoliu em seco, sentindo a saliva rasgar a garganta. Ela girou devagar o pescoço e encontrou o olhar dele esperando pelo seu.
— Não - a resposta saiu em um tom baixo – eu nunca falei para ele sobre o pai.
Benjamim balançou a cabeça e nesse momento ela conseguiu ver a indignação voltando com tudo. Era visível em seus belos olhos.
— Chegou a hora de acabar com esse segredo – ele se inclinou, ensaiando uma saída – vou agora mesmo contar a ele que sou o seu pai.
O coração de Antonela batia cada vez mais rápido, observando-o se erguer e se preparar para ir em direção ao Adam. Ela não concordava com essa ideia, uma vez que Adam estava doente e fraco para entender os acontecimentos de sua vida. Mas ela não contestou a decisão dele, não ousaria lhe tirar também esse direito. Caminhou ao seu lado até o quarto onde Adam estava e lhe fez um pedido.
— Deixe que eu conte a ele toda a verdade – sem perceber, ela segurou seu braço para impedi-lo de prosseguir.
O olhar de Benjamim recaiu imediatamente sobre o seu gesto, mas não havia fúria em seu olhar, ao contrário, ele sentia o corpo fraquejar todas às vezes que ela o tocava.
Ele olhou nos olhos dela novamente, quando Antonela afastou a mão, considerando seu gesto um grande erro. Benjamim, no minuto seguinte, balançou a cabeça afirmando concordar com ela.
Antonela entrou no quarto e viu Carmélia parada ao lado da cama do menino, auxiliando-o a se alimentar. Era triste ver o filho naquela situação, tão limitado e fraco. Nenhuma criança deveria passar por algo parecido, pensava Antonela.
Quando os olhos de Carmélia recaíram sobre eles, ela entendeu que era o momento de partir. O olhar cansado de Adam recaiu sobre Antonela e novamente sobre Benjamim. Pela primeira vez em toda a sua vida, Benjamim não soube como agir.
— Como você está se sentindo? – ela se aproximou dele e sorriu.
Adam estava pálido e com muitos hematomas no corpo. Sentiu a mãe acariciar seu pequeno rosto e esperar pacientemente que ele respondesse.
— Quero voltar para casa – ela sabia que sim – quando vamos embora?
— Diga “oi” para ele, Adam – Antonela insistiu.
— Você é o meu pai? – ele perguntou e benjamim sentiu um suor escorrer pelo seu rosto.
Ela viu a emoção aflorar sobre ele, suas mãos agitarem e Benjamim abrir os lábios na intenção de respondê-lo, porém, não conseguiu. Ela não poderia viver aquele momento por ele, precisaria deixá-lo fazer sozinho.
— Vou deixá-los a sós para conversarem – era uma atitude arriscada, mas ela olhou para Benjamim confiante de que ele faria um bom trabalho.
Antonela deu um último beijo em Adam, mas não direcionou nenhuma palavra a Benjamim. Caminhou para fora, com o coração saltando contra o peito. Quando se viu do lado de fora, seu peito voltou a sofrer uma segunda explosão, quando seus olhos se encontraram com os de Henrico.
— O que você faz aqui? – ela direcionou um olhar furioso para o pai.
— Cansei de ser um covarde e me esconder de você – Henrico disse – você não vai arrancar de mim o direito de ficar perto do meu neto. Sei que o Benjamim está aqui.
Antonela franziu o cenho em completa dúvida, quando observou Carmélia se aproximar, com os ombros caídos, como se carregasse um peso enorme sobre eles.
— Contei a ele a verdade – Carmélia sussurrou.
Antonela já estava pronta para discutir com Carmélia sobre aquilo, quando outra figura apareceu entre eles.
Era Alessia.

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