Carlota sentiu-se extremamente emocionada. Precisou abafar o próprio choro para assim, não despertar Adam. Sentiu as mãos de Antonela segurá-la e tirá-la dali.
A levou para um lugar mais reservado e ofereceu a Carlota um pouco de água. As mãos dela tremiam descontroladamente.
Bem, havia muitas coisas sobre Antonela que ela não havia notado. Ela era jovem, tinha os cabelos cumpridos e lisos. Vermelhos como fogo. Seus olhos eram tão claros, era bonita, apesar de um pouco pálida. Ela sorriu para Carlota, mas não foi a beleza de Antonela que chamou a atenção de Carlota, mas a sua bondade em confortá-la diante de tal situação.
— Há quanto tempo ele está doente? – as têmporas dela estavam molhadas e balançavam mais do que nunca.
Antonela desejou que ela não arrumasse uma confusão como havia feito Benjamim. Ela encarou Carlota como se não quisesse falar, mas disse, enfim.
— Há um mês, talvez, um pouco menos – disse ela, desviando o olhar.
Depois disso não conseguiu dizer mais nada. Antonela não queria se justificar para aquela gente e explicar seus motivos de ter escondido Adam por tanto tempo e não se importava se Carlota entenderia ou não.
Esperou que ela destilasse seu veneno e a julgasse por fazer aquilo, mas Carlota não disse nada por longos segundos, apenas segurou o guardanapo nas mãos e enxugou os olhos, borrando ainda mais a maquiagem.
— O que posso fazer para ajudá-lo? – ela se inclinou em um gesto rápido e agarrou a mão de Antonela com força – há algo que eu possa fazer?
Antonela estava assustada. Ela nunca havia conversado com Carlota, a não ser no dia em que ela a expulsou da empresa como uma coisa qualquer. Era estranho estar de frente a ela, tão preocupada com Adam, se colocando à disposição para ajudar.
— Não estou tentando assustar você – esticou a mão, na intenção de acalmá-la – e peço desculpas pelo mal-entendido na empresa. Quero que saiba que pode voltar a trabalhar para o Benjamim quando quiser.
Antonela se segurou para não revirar os olhos, mas o sorriso irônico nos lábios foi quase inevitável. Ela olhou para o relógio, depois elevou o olhar até Carlota e lhe disse finalmente.
— Eu não quero o emprego e não há por que se desculpar – disse, porém, seu semblante não coincidia com suas palavras – a senhora não precisa fazer isso, já disse que pode vir quando quiser, mas eu não vou fingir cordialidade com alguém que eu mal conheço.
Carlota franziu a testa com a sinceridade de Antonela. Talvez por ver o constrangimento dela, Antonela deu um passo para trás e depois outro até finalmente virar as costas e partir sem dizer mais nada.

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