Antonela permaneceu assustada, até que o carro que Fred dirigia saísse do hospital, indo em direção à estrada principal da cidade. Só quando ela percebeu o que havia acontecido e que estava em segurança, conseguiu soltar o ar preso nos pulmões.
Suas mãos úmidas e trêmulas relaxaram. Ela as enxugou na calça jeans que vestia. Olhou para Fred, perguntando como ele sabia que ela precisava de ajuda e como ele conseguiu ser tão eficaz em tirá-la do meio dos leões.
— Você me disse que o Benjamim o enviou…
Fred girou o pescoço e riu para ela. Ele olhou para a mão dela, depois voltou sua atenção para a estrada, mas com um sorriso ainda estampado no rosto.
— Preciso saber para onde devo levá-la – a voz dele surgiu – afinal, o Benjamim não me disse onde você mora.
— Ele não sabe onde moro – a voz quase morreu – então você falava realmente a verdade quando disse que foi ele quem o mandou aqui?
O carro começou a andar em marcha lenta e o olhar de Fred passeou pela pista como se ele estivesse completamente perdido.
— O senhor Benjamim ordenou que eu viesse até o hospital ficar de olho em você – confessou e o rosto de Antonela se transformou em surpresa – já fazia algumas horas que eu estava na porta do hospital. O Benjamim concluiu que você iria para casa hoje e pediu para que eu a levasse em segurança.
Antonela olhou para Fred, e com a cabeça negou fervorosamente que aquilo fosse verdade. Fred parecia confortável com a situação, nada o incomodava, afinal, ele estava apenas cumprindo ordens.
Percebendo o silêncio transcorrer entre eles, Fred parou o carro no acostamento. Antonela se assustou e coisas absurdas passaram pela sua mente, afinal ela não conhecia aquele homem o suficiente para confiar nele. E se Fred a fizesse mal? Se aquilo fosse uma armadilha de Carlota para eliminá-la.
Aquilo não fazia o menor sentido.
Ela olhou para ele com os olhos arregalados e agarrou a bolsa com as duas mãos, encolhendo os ombros. Antonela estava apavorada.
— Não precisa ter medo, Antonela – ele sorriu como se estivesse se divertindo com ela – apenas diga seu endereço para que eu possa levar você até em casa.
Ela fechou os olhos e recostou-se no banco do carro, sentindo o peito pesar menos. E então, com um pouco de dificuldade, disse a ele para onde deveria ir. Fred a olhou de rabo de olho e, ligando o carro, foi em direção onde Antonela havia indicado.
Fred era um homem discreto e emanava uma calma quase insuportável. Tinha os olhos atentos à estrada e não abriu mais a boca para falar nada a ela. Mas havia muitos questionamentos perturbando Antonela. Endireitou-se no banco, enchendo os pulmões de ar. Talvez Fred percebesse as mudanças sutis em seu comportamento, mas ele continuou calado e concentrado na estrada, sem se incomodar com os movimentos que Antonela fazia constantemente ao seu lado.
— E como está o Benjamim? – a pergunta saiu tão rápida, que Fred girou o pescoço para olhá-la na mesma rapidez.
— Ele está seguindo as orientações médicas – ele virou o rosto impassível, olhando para um ponto invisível à frente – ele vai se recuperar rápido e está cuidando de tudo. Ele não irá permitir que a mãe dele tome o Adam de você.
Antonela ficou constrangida por Fred ter conhecimento de algo tão pessoal, sentiu todo o sangue fugir das suas veias. Fez outro silêncio até que ela abandonasse o constrangimento e continuasse com suas indagações.
Ela desviou o olhar, como se estivesse em desespero por saber que a situação era mais difícil do que imaginava. Lançou um último olhar para Fred, dando um sinal positivo que faria o que ele estava dizendo, e depois virou para trás, para a casa vazia e escura.
Ela não viu quando Fred se afastou. Apenas ouviu as portas do carro se fecharem com um baque alto e pesado. Ele só partiu quando ela já estava na casa em segurança.
Depois de um banho e com roupas limpas, enquanto enfrentava o silêncio assustador da casa, ela se deitou na cama pensando o quanto Benjamim estava sendo cuidados ao defendê-la da própria mãe. Agarrou o travesseiro que era de Adam enquanto seus olhos enchiam de lágrimas, mas ela não teve muito tempo para se lamentar, logo pegou no sono, acordando apenas no dia seguinte, com o barulho visceral do despertador perto da cama.
Mal havia se levantado, quando ouviu alguém mexendo na porta. Levantou-se em um pulo, já planejando se defender de um possível invasor. Quando atravessava o corredor, viu a porta abrindo e Dominique entrando apressadamente em casa, chamando pelo seu nome.
A voz dela estava abafada, como se ela estivesse com a boca encostada em um buraco de fechadura. Antonela ainda tentava se recuperar do susto quando Dominique a alcançou. Com o celular em punho, destravou a tela e mostrou a Antonela as últimas notícias.
— Merda – ela disse, colocando a mão sobre a boca – de onde a Carlota tirou essa narrativa?
— A Alessia se juntou a ela contra você – Dominique a olhou com o rosto subitamente sombrio – as duas estão espalhando mentiras, narrativas para destruir sua reputação de boa mãe. Carlota está jogando pesado para tomar o Adam de você.
Antonela se arrastou até o chão porque não suportava o peso do corpo sobre as próprias pernas, quando, colocando a mão na cabeça, deixou o desespero a dominar. Pegou novamente o celular das mãos de Dominique e leu as notícias pela segunda vez. Entre elas, estava uma em destaque.
“Antonela tentou abortar Adam, mas suas tentativas falharam. Ela tentou assassinar o próprio filho.”

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