Antonela se afastou de Benjamim quando percebeu o efeito que o corpo dele causava no seu. Enxugou o rosto, soltou os braços ao lado do corpo e encheu os pulmões de ar. Sua mente divagou para Adam e o medo quase a impediu de sair do hospital. Ela temia que aqueles fossem seus últimos momentos com o filho.
Saíram do hospital em silêncio, com Benjamim caminhando ao seu lado, atento a cada movimento, quando Antonela o segurou pelo braço e o impediu de continuar.
— Podemos ir pelo outro lado? – ela perguntou, estreitando os olhos para fora – eu não quero ter que encontrar aqueles jornalistas.
Benjamim girou o pescoço e tentou observar o movimento fora do hospital. Mal havia percebido que eles estavam apenas alguns metros da saída. Não fazia muito sentido eles darem aquela volta toda se o carro que os esperava estava praticamente na entrada do hospital.
Mas quando ele se virou novamente e viu o desespero estampado no rosto de Antonela, ele concordou, segurou na mão dela e saiu a compelindo para o outro lado.
Eles caminharam por vários minutos assim, de mãos dadas, sem se dar conta do que estavam fazendo, somente quando avistaram o carro se afastaram, percebendo, enfim, o que havia acontecido.
Não teve tempo de pensar sobre aquilo, quando Benjamim levantou os olhos, avistou a figura do governador, que acenou para eles e chamou a atenção dos jornalistas que estavam presentes.
Benjamim não soube ao certo se estava com raiva da presença de Dante ou se era pelo fato dele ter chamado a atenção da qual ele e Antonela estavam fugindo. Mas estranhamente, quando ele olhou para o lado, viu Antonela sorrir, como se não se importasse com a presença de mais ninguém, como se ver Dante já a deixasse contente.
Não dava para fingir que aquilo era um pouco estranho e que incomodou Benjamim profundamente. Ele teve vontade de agarrar Antonela e arrastá-la até o carro, levando-a para bem longe dali. Porém, quando o pensamento concluiu em sua mente, Dante já estava na frente deles, cortejando Antonela.
Ele engoliu o nó que se formava em sua garganta como se sentisse dor.
— Eu soube que o Adam receberia alta no hoje – levou a mão de Antonela até os lábios e a beijou – que bom que os encontrei antes de partir.
O maxilar de Benjamim travou imediatamente e ele fechou os punhos como se segurasse toda a vontade de bater no governador ali mesmo. Ele estava tocando em Antonela e isso Benjamim não podia suportar.
Dante não o cumprimentou, como se Benjamim não existisse.
— É uma pena que tenha chegado tarde demais – ele agarrou o braço de Antonela e a puxou – nós já estamos de saída.
Antonela retraiu o corpo, dando um claro recado de que não iria com ele a lugar algum. Foi como um soco dado em seu estômago, foi exatamente isso que Benjamim sentiu quando Antonela se recusou a seguir ao lado dele.
— Eu não vou ser indelicada com o governador.
Mas o governador estava sendo indelicado com ele. Aquilo era uma agressão aos seus sentimentos.
Havia um brilho de satisfação no rosto de Dante ao ouvi-la dizer aquilo. Logo, os olhos dele recaíram sobre Benjamim. Era possível ver o quanto ele estava satisfeito em vencer aquela batalha.
— O que você está fazendo? – ele a puxou novamente, sussurrando bem perto do seu ouvido – tentou fugir dos jornalistas e agora está chamando a atenção deles.
Ele indicou com a cabeça que uma multidão de repórteres se aproximava de onde eles estavam. Os neurônios de Antonela pareceram se conectar de repente e ela entendeu o que acontecia.
— Entre no carro que irei levá-la para casa – insistiu – o Adam está esperando.
Mas Antonela ignorou completamente as palavras de Benjamim. O que o deixou ainda mais cheio de ciúmes. Ela o obrigou a soltá-la e se aproximou de Dante sorridente. Benjamim piscava, encarando a cena como se não acreditasse que aquilo pudesse acontecer.
— O Dante me leva até em casa – disse ela – nos encontramos na fazenda.
Benjamim ficou boquiaberto ao vê-la virar as costas para ele e sair caminhando ao lado de Dante, e pior, agarrada no braço dele, como se os dois já fossem íntimos há muito tempo.
— Posso dormir com você?
— Sempre que quiser – passou a mão sobre o cabelo do garoto e o viu se afastar em seguida.
Voltou a fechar a porta do carro e ordenou que Fred saísse dali. Mais tarde, Benjamim se arrependeria disso. O remorso por partir e deixar Dante conquistar cada vez mais o coração de Antonela o corroeria até a morte.
— Por que não fica, senhor? – A voz de Fred rompeu o silêncio, enquanto ele dirigia lentamente pela estrada de chão - não deveria deixar o governador tão perto da Antonela.
— Eu não deveria, mas se eu ficar lá, vou ser preso por agredir o governador do estado.
Fred riu da conclusão dele e, em seguida, ouviu Benjamim acrescentar.
— A Antonela está me castigando pelo beijo que dei nela e não toquei mais no assunto.
— O senhor a beijou? – desviou a atenção da estrada e olhou para ele com os olhos arregalados.
— Foi só isso – repetiu agora com um sorriso sincero no rosto – mas não sei se vale a pena contar meu fracasso amoroso.
Mas o sorriso desapareceu quando ele pensou que Dante poderia ser mais esperto e levá-la para a cama.

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