Benjamim saiu tão depressa que, quando Antonela se deu conta, já era tarde demais. Foi inevitável seu rosto se fechar como um dia nublado. Ninguém soube explicar por que ele havia partido tão depressa, mas Antonela imaginava seus motivos, a presença de Dante o incomodava.
Ela ficou pensando sobre aquilo, enquanto observava o lugar vazio, sentindo como se seu dia tivesse perdido completamente a graça.
— Você está bem, Antonela? – a voz de Dante rompeu o silêncio, fazendo-a lembrar que o governador permanecia ali.
Ela olhou para ele e forçou um sorriso, mas Dante conseguia perceber o nervosismo passando pelo seu corpo. Nos dedos entrelaçados, na vermelhidão do rosto. Nos olhos vigilantes procurando por algo que perdeu. Ele também se deu conta de que Benjamim havia partido. Ao contrário de Antonela, ele viu o momento em que ele havia ido embora e por um instante considerou ser melhor assim, mas parecia que Antonela o via muito mais do que apenas como pai do seu filho, ela olhava para Benjamim de uma forma diferente.
Antonela estava tão perdida em pensamentos que levou um instante para notar a expressão no rosto de Dante. Era como se ele soubesse de algo que ela não sabia.
— Está tudo bem – Antonela respondeu desviando o olhar – estava procurando o Adam, pelo jeito todos já entraram.
Dante sabia que ela mentia e poderia desistir dela ali mesmo, mas não foi o que ele fez. Voltou a se aproximar, um passo depois, outro. Segurou no rosto de Antonela e, por um momento, ela até mesmo pensou que o governador a beijaria, mas ele não fez isso.
— Que tal jantar comigo um dia desses?
A pergunta a pegou desprevenida. Antonela nunca havia sido convidada para um jantar, ainda mais um jantar romântico. Arregalando os olhos, ela abriu os lábios, mas não conseguiu dizer nada. Não saberia o que dizer, afinal nunca havia vivido um momento parecido com aquele.
— Vou encarar o seu silêncio como um sim – Dante se antecipou.
Antonela abaixou o olhar. Sorriu sem graça. Era uma solteirona desajeitada, bonita, mas desajeitada. O que Dante, um homem experiente, pensaria dela, quando Antonela dedicava a vida apenas para cuidar do filho? Há quanto tempo ela não saía para se divertir?
— Eu aceito seu convite – elevou os olhos, mas se afastou em seguida – é só me dizer o dia e a hora.
Ele concordou satisfeito e sorriu radiante. Antonela o observou olhar as horas no relógio enquanto pensava na próxima coisa que diria a ele. Pensou em convidá-lo para entrar, afinal era o governador do estado, mas Dante foi mais rápido e frustrou todos os seus planos.
— Preciso ir – abaixou a mão, a enfiando no bolso da calça – ainda sou o governador do estado. Mas espere minha ligação para marcarmos o nosso jantar.
Ela não disse mais nada depois disso, apenas concordou silenciosamente enquanto Dante se inclinava e tomava em seus braços, dando um abraço e desejando melhoras para o Adam.
Depois, ele partiu e Antonela só entrou na casa quando não viu mais o carro do governador na estrada.
Se deparou com Dominique e Carmélia a esperando na entrada com expectativas nos olhos. Antonela mal pode acreditar que elas duas a vigiassem desde o princípio.
— Você está sendo cortejada pelo governador do estado? – Dominique disse e podia ver o quanto ela estava fascinada com aquela ideia – já pensou você se tornando a primeira-dama?
— Não viaja, Dominique – Antonela revirou os olhos, sentou-se no sofá e mudou de assunto propositalmente – onde está o Adam?
— O Benjamim transou com você e depois fingiu que não te conhecia – não foi a resposta que Antonela esperava – o que você ainda espera dele? Siga com sua vida e pare de esperar o Benjamim decidir.
O suspiro que Antonela deu foi como de alguém obrigado a ouvir uma resposta que só imbecis recebiam. Ela não gostou, mas era a verdade e Dominique tinha toda a razão.
— Saia para jantar com o Dante e agarre essa oportunidade de ter um homem bom ao seu lado – disse – todos precisamos de um romance para nos aventurar.
Ela estava pronta para rebater aquelas palavras, quando Adam entrou na sala correndo e se jogou no colo da mãe. Antonela foi envolvida pela energia do filho e pela felicidade de vê-lo tão bem depois de quase perdê-lo completamente.
Depois disso, alguns dias se passaram sem notícias de Dante, nem mesmo de Benjamim. Adam permanecia evoluindo, melhorando um pouco cada dia mais. Não havia notícias de Carlota nem mesmo da ação judicial que ela havia movido pela guarda de Adam.
As coisas estavam calmas demais, coisa a qual estranhou Antonela. Se preparava para voltar a trabalhar na fábrica naquela manhã quando recebeu uma ordem judicial. Ela precisava se apresentar ao juiz naquela semana e, sem saber o que aquilo significava, quase entrou em desespero.
Pegou o celular para ligar para Benjamim, mas desistiu em seguida. Se despediu de Adam e saiu de casa quando se deparou com o carro de Benjamim estacionado em frente à casa.
Ele saiu por um instante, olhou nos olhos dela e lhe disse com a voz áspera.
— Entre no carro, precisamos conversar.

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