— Você tem certeza de que ele estava em casa dormindo?
A pergunta de Benjamim assustou Antonela e a deixou ofendida.
— Acha que estou mentindo? – Ela soltou o ar com força e olhou para ele sem acreditar – você estava comigo esse tempo todo. Está insinuando que eu trouxe o Adam para a cidade?
— Não foi isso que eu disse – ele se afastou dela, impaciente e percebeu que, mesmo que Adam estivesse sonolento, o garoto ouvia toda a discussão.
Se afastou de Antonela quando percebeu que ela se irritava a cada segundo. Sentou-se com Adam nos braços, enquanto Vladir parecia se divertir com a discussão deles. Segurando o rosto de Adam nas mãos, Benjamim o ergueu, obrigando o menino a olhar nos olhos dele e o perguntou.
— Como você veio parar aqui, Adam?
Ele esfregou os olhos. Benjamim considerou anormal a sonolência dele. Tinha algo de errado com Adam, a qual ele não soube explicar.
— Eu não me lembro – respondeu e depois voltou a recostar a cabeça dele sobre seu ombro e dormiu.
— Eu disse a você que o encontramos dormindo no banco da parada de ônibus – voltou a repetir Vladir – infelizmente terei que abrir uma queixa contra vocês, por abandono de incapaz.
Antonela deu um salto. Não sabia se pela rapidez com que Vladir havia dito isso ou por imaginar os problemas que aquela denúncia provocaria para ela. Sentiu suas mãos tremularem. Estava tão concentrada nas palavras que ele havia acabado de pronunciar que não percebeu Benjamim tomando a frente e contradizendo.
— Não pode fazer isso, Vladir – foi quase como uma súplica – a Antonela está sofrendo uma ação judicial e pode perder a guarda do Adam. Se você fizer isso, estará tudo perdido.
— Se eu não fizer isso, quem estará perdido serei eu – Vladir rebateu – a minha intenção não é tirar o filho de ninguém, mas a imprensa já sabe que o garoto estava abandonado na cidade, logo isso estará em todos os jornais. Se eu não abrir uma denúncia, posso perder meu emprego.
Antonela e Benjamim se entreolharam e murmuraram alguma coisa e, antes que ele pudesse dizer qualquer palavra que realmente alguém entendesse, observou Antonela esmorecer, quando Vladir a segurou, quase desfalecida. O delegado gritou na sala para chamarem ajuda médica.
— Leve ela para o meu carro – Benjamim olhava a situação com desespero – vou resolver isso.
Vladir fez exatamente o que ele pediu. Benjamim colocou Adam no banco de trás, ao lado de Antonela, agora desacordada, e dirigiu rapidamente até o hospital. A cada minuto que passava, as coisas pareciam piorar lentamente. Enquanto Antonela era levada para um setor emergencial, Benjamim pediu atendimento médico para Adam.
— O que aconteceu com ele? – O médico responsável por todo o tratamento de Adam parecia preocupado. O menino mal se mantinha acordado.
— É o que quero que o senhor responda – Benjamim tinha o semblante carregado de angústia – encontramos Adam desacordado na cidade. Acha que tem alguma coisa a ver com a doença dele?
— Improvável – ele examinava Adam – vou fazer alguns exames nele.
Voltou a ficar imóvel porque não imaginou voltar àquele hospital tão cedo. Estava tudo indo perfeitamente bem e agora as coisas pareciam ter voltado para o início. Depois de algum tempo, ele saiu do quarto e foi em direção onde Antonela estava. Quando Benjamim saiu de casa naquela manhã, tinha um plano claro em mente, mas nada deu certo.
Procurou informações de onde ela poderia estar e a encontrou na sala de medicação, agora acordada com o rosto cheio de lágrimas. Benjamim se via em uma situação difícil. Não saberia o que dizer a ela para acalmá-la, a última vez que tentou fazer isso piorou a situação.
Mas não havia o que dizer, depois desse episódio com Adam, a probabilidade de Antonela perder a guarda do filho havia aumentado consideravelmente.
— Não se provarmos que foi a Carlota quem sequestrou o Adam e o trouxe até a cidade.
Imediatamente, ela jogou o corpo para trás e fechou os olhos. Estava tudo perdido, não tinha como eles provarem aquilo. Ninguém havia visto Carlota fazer aquilo.
— Vou ver como o Adam está e depois volto para te buscar – ele tocou levemente na mão dela, mas Antonela não reagiu, ela estava afundada na própria dor – não se preocupe, a Carlota não vai conseguir ficar com o Adam.
Ela não conseguirá ficar com o Adam, mas certamente conseguiria tirá-lo dos braços de Antonela. Quando Benjamim voltou ao quarto onde Adam estava, percebeu que ele estava mais ativo dessa vez. O médico caminhou na direção dele e lhe disse:
— Não há motivos para que ele fique aqui – voltou a olhar para Adam, depois olhou para Benjamim – você pode voltar amanhã para saber o resultado dos exames, mas sinceramente, senhor Benjamim, esse garoto foi induzido ao sono.
— Está dizendo que ele foi topado? – Benjamim sentiu o coração disparar.
— Tenho quase certeza disso.
Ele nem precisava ter dito isso. Benjamim também havia suspeitado. Depois, Benjamim tirou Adam do quarto e foi buscar Antonela. Ligou para Fred, pedindo que ele levasse o advogado até a fazenda.
Levou os dois para fora do hospital e levou um susto com os jornalistas e Carlota no meio deles gritando, e acusando Antonela de ser uma péssima mãe.
— Você abandonou o meu neto nessa cidade, sozinho? – os olhos de Antonela se arregalaram – você vai pagar caro por isso, Antonela, e seu castigo será nunca mais ter esse garoto com você novamente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O filho secreto do bilionário