Benjamim segurou Antonela e, a protegendo com o próprio corpo, ignorou as palavras da mãe e rompeu a multidão. Os colocou no carro e partiu em velocidade. Seu sangue fervia em suas veias. Ele descobriu que Carlota poderia ser cruel, mas não imaginou que ela ultrapassaria todos os limites.
O caminho foi silencioso, embora os dois tivessem muito o que conversar. Benjamim se remoia por dentro com as atitudes de Carlota. Ele sentia que jamais conseguiria perdoa-la por aquilo. Adam descansava no banco de trás e eles não queriam envolver o garoto com suas preocupações.
Quando estacionaram o carro, Fred e o advogado já estavam no local. Carmélia e Dominique correram na direção dos dois e mal acreditaram quando viram Adam com eles.
— Então é verdade o que os noticiários estão dizendo? – Dominique sussurrou quando viu Carmélia levar Adam para dentro – como o Adam foi parar na cidade?
— Ninguém sabe dizer – Benjamim se aproximou e ficou parado ao lado de Antonela, que permanecia calada e aérea.
Preferiu não entrar nos assuntos que ele suspeitava. A hora não era de suposições. Benjamim sabia que precisava correr contra o tempo para provar que Antonela não havia sido a responsável pelo desaparecimento de Adam.
Entraram na casa e se reuniram na pequena sala. Dominique preparou um café. Antonela não havia comido nada desde aquela manhã. Seu rosto ainda carregava uma palidez anormal e sua expressão continuava pesada pela preocupação. Ela não conseguia se concentrar em nenhuma palavra dita naquela reunião.
— Por que não me disse que recebeu uma ordem judicial? – a voz de Benjamim rompeu sua distração.
Quando ela finalmente o olhou, Benjamim segurava o documento nas mãos. Ela havia o largado sobre a mesa da sala e planejava contar aquilo a ele, mas os acontecimentos daquele dia a impediram de agir racionalmente.
— Não tive tempo de te contar – ela sussurrou e desviou o olhar em seguida.
— Não pode esquecer de uma coisa como essa – ele sacudiu o papel em frente aos olhos dela, mas sua voz era calma e reconfortante – estamos aqui para garantir que o Adam permaneça com você.
Ela sabia que Benjamim estava se esforçando o suficiente para garantir aquilo, mas ela duvidava que ele conseguisse cumprir aquela promessa. Depois do episódio daquele dia, a probabilidade de Adam ser tirado dela aumentava.
— Eu e a Antonela ficamos cerca de vinte minutos do lado de fora – benjamim tentava explicar ao advogado o que havia acontecido naquela manhã – não vimos ninguém se aproximando da casa.
— Essa não é a única entrada para a fazenda – concluiu Dominique – existe um caminho pelos fundos. Quem pegou o Adam conhecia bem o local.
Aquele debate era inútil, pensou Antonela. Ela se levantou, enxugando as mãos suadas na calça e olhando para o corredor que dava acesso ao quarto, disse.
— Preciso ir ver o meu filho – um nó sufocou sua garganta – preciso ficar ao lado dele antes que o perca para sempre.
Ela girou as costas rapidamente e saiu da sala em passos largos, sem dar nenhuma chance a nenhum deles de tentar impedi-la. Benjamim se levantou com a intenção de segui-la, mas foi impedido por Dominique.
— Deixe que ela vá – segurou no braço dele – está sendo difícil para ela.
Benjamim sabia que estava, mas precisava convencê-la de que aquilo não aconteceria. Voltou a se sentar em seguida e voltaram a buscar uma saída para resolver aquele problema.
Ela encontrou Adam no quarto, deitado no chão desenhando em uma folha branca. Percebeu Carmélia o observando de longe quando se abaixou e sentou-se ao lado do menino.
— O que está fazendo? – ela olhou o desenho enquanto ele pintava.
— Não é uma péssima ideia – ele disse, quando olhou para Antonela.
Ela desviou o olhar imediatamente, se aproximou, sentou-se em frente a eles e disse:
— Não é mais seguro para o Adam ficar aqui – o coração dela disparou ao dizer isso – leve-o para dormir na sua casa essa noite.
Benjamim ficou surpreso ao ouvi-la dizer aquilo. Carmélia, ouvindo a conversa, tentou disfarçar o quanto as palavras de Antonela haviam a deixado triste. Mas ela tinha razão. A fazenda já não era mais segura.
— Tem certeza disso? – ele segurou Adam e percebeu que o garoto estava feliz com a notícia – você pode vir conosco se quiser.
O último comentário a pegou desprevenida. Sentiu sua boca secar ao imaginar dormindo tão perto dele. O coração de Antonela bateu mais forte. Aquela seria a primeira vez que ela dormiria longe de Adam desde que ele havia nascido.
— Vou ficar aqui – respondeu e se levantou, se afastando dele – preciso voltar à fábrica amanhã. Com você, o Adam estará seguro e eu conseguirei trabalhar em paz.
Deixou Benjamim e Henrico e voltou para o quarto. Colocou algumas peças de roupa do Adam na bolsa e voltou para entregar a Benjamim. Era a coisa mais difícil que ela estava fazendo nos últimos tempos. Uma sensação de impotência havia tomado conta de Antonela. Se despediu de Adam, prometendo que o veria no dia seguinte. Mas o menino estava feliz porque dormiria na casa do pai, que de alguma forma aquilo aliviou toda a dor do coração de Antonela.
Adam saiu com Carmélia para fora em direção ao carro, quando Fred e o advogado adentraram a casa novamente.
— Não tenho boas notícias – o velho gorducho disse – os boatos no tribunal são de que o juiz já decidiu. Ele entregará a guarda do Adam para você, Benjamim.

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