O corpo de Antonela estremeceu com o toque dele. Ela não deveria sentir isso ou sentir qualquer coisa relacionada a ele. Antonela devia odiá-lo, por Benjamim querer castigá-la. Mas não era isso que o seu coração dizia.
Quando percebeu estar há tempo demais olhando nos olhos dele, ela recuou. Benjamim não a obrigou a permanecer por perto. Quando a soltou delicadamente e a observou em silêncio, fascinado pela vermelhidão no seu rosto.
Benjamim não sabia como começar aquela conversa, foi como se ele desaprendesse a falar, ao menos ele se sentia assim quando estava perto de Antonela.
— O Adam ainda não se adaptou – ele parou por um segundo, sendo obrigado a desviar o olhar quando percebeu o quanto fazer aquilo era difícil – ele sente sua falta, tem dificuldades para dormir.
Essas não eram as palavras que Benjamim queria dizer, mas, no fundo, ele estava buscando justificativas que fizessem Antonela entender o pedido que ele faria em seguida.
— O que você esperou que acontecesse? – ela sentia uma espécie de choque elétrico na barriga quando voltou a falar com ele – que ele ficasse feliz por viver longe da mãe dele ou do lugar que ele passou a amar? Afinal, o que você quer que eu faça? Tirou de mim todas as minhas defesas.
O efeito que as palavras dela causaram nele foi inesperada. Os olhos de Antonela tornaram-se vermelhos de repente e ela, segurando com todas as suas forças a imensa vontade de chorar, fez ele perceber o quanto ela o odiava.
— É claro que eu não esperava que isso acontecesse – ele disse, mas percebeu estar falando sobre outra coisa – é por isso que estou aqui. Tenho uma solução para esse problema.
De repente, o semblante dele tornou-se duro como pedra ao ver o sorriso debochado que surgira nos lábios de Antonela. Até quando ela continuaria o ferindo com o seu deboche e desdém? Quando Antonela entenderia que ele jamais tivera a intenção de tirar Adam do seu lado?
Ela não acreditava em nenhuma palavra dita por ele. Benjamim jamais arrumaria outra solução que não favorecesse a si, para ajudá-la.
— Você tem uma solução? – ela debochou um pouco mais, mesmo sabendo que aquilo não era o correto a se fazer – como tentou resolver das outras vezes? O que você inventará dessa vez, Benjamim? Que eu fuja com o Adam ou qualquer outra coisa parecida, para que depois você me persiga como um animal?
— Quero que você se case comigo.
Isso era impossível. Antonela teve a sensação de que havia ouvido errado ou que Benjamim falava aquilo apenas para machucá-la um pouco mais. Ela estava literalmente boquiaberta com o que ele acabara de dizer.
— Se casando comigo, você fica perto do Adam e assim nenhum dos dois sofre com a ausência um do outro.
Não. Ela não havia escutado errado. Benjamim estava de fato propondo a ela um acordo de casamento para que ela não vivesse o resto de sua vida longe do filho. Antonela sentiu um nó sufocando sua garganta quando imaginou conviver com Benjamim vinte e quatro horas dos seus dias.
— Isso não pode ser sério – Antonela sorriu incrédula – eu não vou me casar com você.
Benjamim ficou em silêncio digerindo a resposta, embora já esperasse por isso, mas não se preparou para o quanto ela doeria. Reformulou todo o discurso de um modo que Antonela entendesse o que ele queria dizer com aquilo. Ele ainda não havia desistido de convencê-la a aceitar sua ideia.
— Parece um absurdo, eu sei – Benjamim disse e, desviando o olhar, bloqueou todos os sentimentos que poderiam transparecer em seu olhar – mas não vai ser um casamento de verdade. Dormiremos em quartos separados, viveremos como dois estranhos, enquanto você continua ao lado do seu filho.

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