A voz de Benjamim se infiltrou dentro dela. Carlota olhou para o filho, considerando suas palavras uma grande piada de mal gosto. Foi nesse momento que ela se arrependeu por não ter outro filho, talvez as coisas fossem diferentes agora.
— Casar-se com a Antonela? – essa foi a parte que ela deu importância, porque se Benjamim se casasse com Antonela seus planos estariam arruinados – O que está acontecendo com você, Benjamim? Perdeu o juízo?
— Acho que a senhora não me ouviu direito – ele deu um passo à frente e entrou na casa – quero minha casa de volta. Desocupe-a imediatamente.
Os olhos de Carlota tremeram. Era claro que ela havia ouvido essa parte da conversa, mas foi a informação do casamento que ela preferiu dar mais importância, sem considerar é claro sua situação financeira atual.
Carlota se afastou dele, virou as costas para que Benjamim não visse a preocupação estampada em seu rosto. Como ela contaria a verdade a ele? Como poderia demonstrar todo o seu descontentamento de modo que seu filho percebesse o quanto ele estava sendo cruel?
— Preciso de alguns dias para arrumar um bom lugar onde eu possa ficar – disse Carlota, olhando para as próprias mãos tremulas.
— Eu não posso esperar – disse ele, soltando um ar dramático e impaciente – vou me casar com a Antonela e...
— Essa é certamente a coisa mais idiota que eu já ouvir você dizer em toda a vida – ela o interrompeu de imediato – você já conseguiu a guarda do Adam, por que precisa se casar com ela?
Benjamim teve a impressão de desequilibrá-la, quando Carlota girou rapidamente e o olhou aflita.
— Não cabe a mim explicar meus motivos – deu a Carlota um olhar de advertência – a única coisa que a senhora precisa saber é que jamais conseguirá ter o Adam. Ele voltará para o lugar de onde nunca deveria ter saído: do lado da mãe dele.
Carlota o estudou cuidadosamente e, depois de um curto tempo em silêncio, sorriu, um sorriso indecifrável de alguém que acabara de formular suas próprias conclusões.
— Eu estava certa quando afirmei que você estava apaixonado por ela – disse Carlota em tom seco, desprezível – você foi se apaixonar logo pela mulher que abandonou no altar. Que deprimente…
Benjamim engoliu em seco e permitiu que as palavras de Carlota se infiltrassem em seu coração como um veneno mortal. Foi incapaz de dizer qualquer coisa em sua defesa naquele momento.
— O que você acha que vai acontecer se casando com ela? – continuou na intenção de provocá-lo – que ela também vai se apaixonar por você? Após você tentar roubar o filho dela.
— Eu não vou cair no seu jogo sujo, mãe – trincou os dentes e se defendeu finalmente – você tem vinte e quatro horas para sair da minha casa.
Cheque mate! Carlota havia jogado as cartas, mas quem estava ganhando o jogo era justamente Benjamim. As últimas palavras ditas por ele causaram nela calafrios e tremores. O sentimento de desespero piorou quando Benjamim girou os calcanhares e ensaiou uma saída. Ele não tinha mais nada o que dizer a Carlota e não tinha tempo para perder permanecendo ali ouvindo suas bobagens.
Ele se aproximava da porta quando Carlota gritou.
— Eu não tenho para onde ir – mas Benjamim permaneceu avançando ignorando o medo em sua voz – as empresas do seu pai estão à beira da ruína.

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