Certamente aquela havia sido a noite mais longa da vida de benjamim. Depois de toda a confusão com Alessia, a casa ficou silenciosa. Ocasionalmente, ele ouvia os gemidos de Carlota rompendo o silêncio.
Não havia ninguém que estivesse sofrendo mais do que ela.
Ele tomou um banho, deitou-se olhando para o teto sob a luz do abajur, mas não conseguiu dormir. Havia muitas coisas que precisavam ser consertadas e ele não descansaria enquanto não colocasse cada coisa em seu devido lugar.
Levantou-se, quando os primeiros raios de sol apontaram no céu. Precisava se apressar se quisesse alcançar Antonela antes que ela partisse da casa de Henrico, sabe Deus, para onde.
Viu Carlota, caminhando de um lado a outro no meio da sala, vestindo sua camisola branca. Com os olhos vermelhos e os cabelos desarrumados. Quando viu Benjamim se apressou para alcançá-lo.
— Precisamos conversar – ela levou a mão próximo dele na intenção de tocá-lo, mas quando o olhar frio de Benjamim a alcançou, ela recuou imediatamente.
— Sinto muito, mãe, mas estou de saída.
Ele disse em um tom seco, quando girou a maçaneta da porta pronto para ignorar os apelos de Carlota e abandoná-la, lamentando-se eternamente pelo que havia acontecido.
Ele não se importava se ela estava sofrendo ou não, porque aquilo tudo só havia acontecido por seus caprichos e chantagens e Benjamim não estava disposto a esquecer isso tão facilmente.
Mas Carlota dessa vez não teve medo de segurá-lo, obrigando a parar e olhar para ela pela segunda vez.
— Sei que eu agir errado ao forçar você a se casar com Alessia – os olhos dela encheram-se de lágrimas – mas eu queria aquele neto tanto quanto você. Sabe o quanto esperei por isso?
Benjamim soltou o ar, que estava preso nos pulmões desde o momento em que Carlota começou a falar. Depois, fechou os olhos, decididos a não dar a ela qualquer chance de se desculpar.
— Eu já disse que não quero falar sobre isso, agora – ele foi arrogante, era inevitável – preciso consertar o erro que você cometeu com a Antonela quando a forçou a se demitir da empresa.
Os olhos de Carlota se estreitaram e ela franziu o cenho.
— Eu não quero mais a minha família envolvida com essa gente – voltara a seu tom natural de voz, soberbo - já não é o suficiente tudo o que aconteceu e você ainda planeja deixar aquela mulher trabalhar para você?
— Aquela mulher foi a maior vítima de toda essa história – elevou o tom de voz, demonstrando o quanto estava impaciente – a senhora cometeu uma injustiça com ela e comigo também. Estou indo consertar esse erro.
Carlota sentiu um nó sufocar sua garganta ao lembrar o que havia feito com Antonela. Aliás, não se meter em suas decisões era o mínimo que ela poderia fazer depois de tudo o que havia acontecido.
Talvez, se aceitasse suas decisões, Benjamim se acalmaria e a perdoaria pelos erros que havia cometido.
Percebendo que ela havia recuado, desistindo de prolongar o assunto, ele finalmente se preparou para partir, quando se lembrou de uma última coisa. Parou, virou-se e olhando nos olhos abatidos dela lhe disse:
— Hoje mesmo vou embora dessa casa – os olhos de Carlota se arregalaram em espanto e ela sentiu como se o seu coração estivesse sendo partido em dois – não há mais motivos para permanecermos morando juntos.
— Eu já disse que preciso falar com você – ele a interrompeu – ou você não escutou essa parte da nossa conversa?
O rosto dela tornou-se vermelho quase que imediatamente, quando ele se aproximou, olhou para a casa de Henrico e em seguida segurou na mão de Antonela.
— Acho melhor sairmos daqui – os olhos dela abaixaram para a mão dele que segurava a sua com tanta firmeza – por favor, Antonela, venha comigo.
Foi como o poder de uma hipnose. Antonela simplesmente não conseguiu recuar, nem negar o pedido. Deixou que o calor de suas mãos envolvesse todo o seu corpo e a conduzisse até o seu carro.
Só quando Benjamim entrou e sentou-se ao seu lado, ela percebeu o que estava acontecendo.
— Para onde devo levá-la? – ele ligou o carro e saiu para longe dali.
— Não lembro de ter pedido carona a você – o sorriso voltou a se formar em seu rosto – mas, se quer saber, estou indo para a fábrica. É lá que trabalho agora.
As palavras de Antonela o fizeram lembrar dos motivos que o levaram até ali. A tensão se formou em seu rosto e Benjamim travou o maxilar antes de dizer.
— É por isso que estou aqui – ele fez uma pequena pausa, desfrouxando a gravata que parecia sufocá-lo – vim pedir para que você volte a trabalhar para mim.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O filho secreto do bilionário