Ao ouvir o pedido de Benjamim, Antonela quis imediatamente abrir a porta do carro em movimento e sair para não ter que escutá-lo.
Ela o observou, enquanto ele, atento a estrada não percebeu o quanto ela estava confusa.
— Por que considerou que eu voltaria a trabalhar para você? – a pergunta o pegou desprevenido e então ele freou o carro bruscamente fazendo o corpo de Antonela se lançado para frente – o que está acontecendo com você?
Benjamim parou o carro. Não conseguiria ter aquela conversa com Antonela enquanto dirigia. Percebeu então que estava apenas alguns metros de distância da fábrica. Travou o carro para garanti que ela não sairia até ouvir tudo o que tinha para dizer.
— Uma grande injustiça foi cometida contra você – ele disse, enfatizando para que talvez ela aceitasse suas boas intenções – estou tentando consertar as coisas aqui.
Um falso e forçado sorriso surgiu nos lábios de Antonela que não demonstrava nenhuma concordância com o que ele dizia. Ela passou a mão sobre os cabelos soltos e lançou o olhar para frente, observando a velha fábrica de Henrico logo a frente.
— E se eu não aceitar voltar a trabalhar para você, o que acontecerá? – Ela girou o pescoço e olhou para ele – vai retirar todo o investimento da fábrica do meu pai? Vai desfazer a parceria? Afinal, você não vai mais se casar com Alessia.
Fazia sentido suas indagações, porém elas trouxeram a certeza de que Antonela recusaria seu pedido.
— Eu não investi na fábrica do seu pai devido à Alessia – ele precisou desviar o olhar para longe – fiz por você, para manter você aqui, perto de mim.
A confissão fez o coração dela parar de repente por frações de segundos. O rosto de Antonela tornou-se vermelho e seus olhos tremeram assim que Benjamim a encarou de volta. Ela jamais imaginou ouvir aquilo dele, não depois dele abandonar Alessia no altar.
— Não acha que é um pouco tarde demais para consertar as coisas? – Benjamim olhou para ela confuso – eu me lembro que depois que você me abandonou no altar e me enganou só para me levar para cama, nunca mais me procurou depois daquilo e nem se esforçou para me manter por perto. Por que está fazendo isso agora?
Aquele não era o rumo que a conversa deveria tomar. Ele nem sequer deveria ter confessado seus sentimentos, nem ouvir Antonela confessar os seus. Mas havia algo diferente no olhar dela, algo profundo e desafiador.
Ele não gostou do que viu.
— Achei que você não se importava – os olhos de Benjamim brilharam de curiosidade – você mesmo disse que não se lembrava daquela noite, que o que aconteceu entre nós dois foi totalmente insignificante.
— Eu disse e continuo pensando assim – ela se agitou como se a conversa a incomodasse e desfivelou o cinto de segurança – mas considero sua atitude estranha e não preciso das suas desculpas agora.
Ela levou a mão até a maçaneta e tentou abrir o carro, em vão. Continuou insistindo, mas Benjamim não se moveu para destravar o veículo.
Ao contrário, ele a estudava, tentando encontrar verdade em suas palavras.
Olhou para o chão onde ela pisava e o viu vazio. Deixaria que as coisas entre eles terminassem assim? Deixaria que Antonela partisse de sua vida pela segunda vez sem fazer nada para impedi-la?
Ele não podia mais negar a si que Antonela invadia seus pensamentos a qualquer hora, e que era ela quem fazia seu coração acelerar. Isso aconteceu desde o primeiro momento em que ele colocou os olhos nos dela pela primeira vez.
Sentindo o coração acelerar, ele girou os calcanhares e a alcançou, segurando em seu braço fortemente e a puxando de volta. Os olhos assustados de Antonela miram os seus, quando ele a envolveu pela cintura, disposto a não a deixar ir.
— E eu digo a você que não aceito suas condições – ele aproximou o rosto do dela – eu não vou deixar você ir embora da minha vida pela segunda vez.
Ela ficou surpresa ao ouvi-lo dizer aquilo. Suas mãos congeladas sobre o seu peito. Seus olhos estão fixados nos dele. O calor das mãos dele sobre sua cintura. Mesmo que ela pensasse em fugir, seu coração não permitiria.
Ela o viu se aproximar e encostar seus lábios nos dela. O gosto ainda era o mesmo de anos atrás. A língua envolvendo a sua, enquanto com os olhos fechados, ela o deixava beijar como na noite em que ficaram juntos.
Ela sentiu-se afastar, ainda de olhos fechados, desejando um pouco mais do seu beijo. Nenhum dos dois conseguiu dizer nada por longos segundos. Ela voltou a olhar nos olhos dele novamente e não havia mais confusão. Antonela entendia tudo agora.
Viu-o se afastar e voltar a entrar no carro e, enquanto Benjamim partia, ela ficava parada como se ele tivesse ido embora levando um pedaço dela com ele.

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