Antonela ficou esperando Benjamim acrescentar alguma coisa depois do beijo, mas Benjamim parecia querer deixá-la confusa e perturbada. Ele aquiesceu de leve e caminhou até o carro, abriu a porta, sentou-se em frente ao volante, dando partida e desaparecendo rapidamente.
Ele não soube explicar para si o porquê havia ido embora daquela forma. Tinha o olhar atento para a estrada, mas sua mente se distraia nas lembranças do que acabara de acontecer.
O silêncio dele não era para castigar Antonela, mas para poder organizar seus próprios sentimentos. Amar uma mulher era algo inédito e ele não havia aprendido como lidar com aquilo ainda.
Deveria ir para a empresa, mas resolveu passar em casa antes, e arrumar suas coisas e partir da sua antiga casa. Deixaria tudo para Carlota, embora tivesse sido ele a comprar o imóvel com o dinheiro do seu trabalho.
Ele não suportaria ouvi-la dizer que era a dona de tudo e que ele devia a ela qualquer favor ou agradecimento. Benjamim seria livre das chantagens de Carlota e jamais daria a ela outra oportunidade de ameaçá-lo.
Chegou em casa, estranhando o fato de ter carros oficiais estacionados em frente à entrada. Quando entrou, encontrou Carlota parada, o aguardando ansiosamente. Ela olhou para ele, sentindo um bolo de palavras sufocando sua garganta, mas não conseguiu dizer o que precisava.
— Estou ligando para você algum tempo – as palavras morreram em sua garganta pela segunda vez – Dante Ortega está aqui.
Ela desviou o olhar para a sala, indicando a ele onde o encontraria. Prendeu a respiração ao ouvi-la dizer isso. O que o governador do estado queria com ele? E por que não avisou que lhe faria uma breve visita?
Benjamim ignorou completamente o olhar angustiado de Carlota e se dirigiu a sala. Ele sabia que ela queria dizer a ele muitas coisas, implorar para que ele ficasse, e o fato dela não voltar nesse assunto o fez sentir um pouco melhor.
Ao cruzar a porta, viu Dante se levantar, cercados pelos seus seguranças e caminhar em sua direção para cumprimentá-lo.
Havia uma tensão em seu rosto que Benjamim não soube distinguir por que motivo existia.
— Desculpe ter vindo sem avisar – ele pigarreou e abaixou o olhar – sinto muito pelo que aconteceu, Benjamim.
Benjamim não sabia do que ele estava falando, até ver um jornal jogado em cima da mesa de centro. Seu rosto estava estampado nele. Abaixou-se lentamente, levando a mão até o objeto e o pegando.
Ele mal podia acreditar nas notícias expostas ali.
— Sinto muito que sua noiva tenha perdido o bebê e você tenha sido obrigado a abandoná-la – Dante prosseguiu e havia muito constrangimento no tom de voz dele – eu deveria ter vindo a cerimônia, mas tinha uma reunião muito importante ontem à noite.
Dante continuava se justificando como se tivesse sido ele o causador de toda aquela confusão. O sangue de Benjamim fervia a cada frase que ele lia naquele jornal. A declaração havia sido dada pela própria Alessia algumas horas atrás.
— O que está escrito aqui não é verdade – ele jogou o jornal no chão com fúria - Não havia bebê para a Alessia perder, mas o senhor não entenderia. Como mesmo disse, não estava aqui para ver a cerimônia.
Benjamim olhou para ele pela última vez e pegou seu paletó sobre a poltrona, preparando-se para sair.
— Só mais uma coisa, Benjamim – as palavras do governador o fizeram parar para ouvi-lo – onde posso encontrar Antonela Bianchi?
Benjamim girou o pescoço lentamente para fuzilá-lo com o olhar. Tudo bem que Dante retirasse seus investimentos da empresa, mas Antonela ele não permitiria que fosse roubada dele.
— Você é o governador do estado – expressou seu desapontamento – descubra por si só.
Como se tivesse entendido o quanto Benjamim ficara furioso com sua pergunta, Dante observou silenciosamente ele partir. Era natural que Benjamim estivesse com raiva e lhe tratasse como se ele fosse o culpado. Dante resolveu não se importar.
Do lado de fora da casa, Benjamim voltou a entrar no veículo. Sentia como se estivesse se afogando em um mar de confusão. Primeiro, a mentira de Alessia sobre a gravidez arruinou todos os seus negócios, agora Dante vai atrás de Antonela.
Ele achou que sua vida voltaria a ter paz, e estava completamente enganado.
No carro abafado, ele ligou para Henrico e exigiu que o velho fosse à sua empresa imediatamente. Henrico também era uma vítima das mentiras de Alessia, mas estava na hora de alguém fazer alguma coisa para pará-la.

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