— Está me desafiando – ele afirmou desviando o olhar – acha que pode me vencer, mas não acontecerá dessa vez. Estou certo da sua rebeldia desenfreada. Da sua crença que pode fazer tudo sem ter o castigo que merece. Vou te dar uma segunda chance e exigir que você reconheça o seu erro agora mesmo.
— Pois digo que recuso a sua oferta, pai – lançou um olhar intenso e virou as costas – não vou obedecê-lo, não quando minha honra está em jogo. Eu não quero me tornar a chacota da cidade.
— E quer permitir que eu me torne? – Alessia deu de ombros passando um recado claro de que não se importava nem um pouco com aquilo.
De repente, seu coração tornou-se gelo e suas entranhas começaram a se contrair. Henrico sentiu que havia chegado no limite com Alessia. Não havia mais nada que pudesse fazer para consertar as coisas. Viu-a como uma fruta estragada. Precisava ser descartada antes que apodrecesse toda a cesta de frutas restantes.
— Essa é sua resposta final? – ele indagou ainda com um pouco de esperança.
— Essa é minha resposta final – ela disse com enorme desdém.
Henrico não esperou que seus batimentos se acalmassem, ou que seus sentimentos paternos ultrapassassem sua raiva. Ele agarrou Alessia pelo braço e a arrastou escada abaixo sem nenhum remorso. Ela gesticulava e gritava, retraindo o corpo a cada degrau que eles avançavam, mas Henrico não retrocederia.
Ele havia dado a Alessia muitas chances, tantas as quais jamais havia dado a Antonela e por muito menos havia deserdado a primeira filha, repetindo por diversas vezes que ela estava morta para ele.
Abriu a porta da casa e arrastou Alessia para fora.
— Deixarei suas roupas do lado de fora – ele disse e não havia nenhuma emoção em suas palavras - até lá, comece a pensar sobre tudo o que fez e onde conseguira um emprego. Não quero que volte a bater em minha porta. Não há mais lugar para você em minha casa.
Os olhos azuis-claros do velho foram a última coisa que Alessia viu antes dele fechar a porta e deixá-la do lado de fora. Ficou parada por longos minutos diante da porta fechada, acreditando que ele iria voltar, se arrepender e colocá-la para dentro novamente, mas isso não aconteceu.
Alessia caiu de joelhos e berrou de dor. As palavras ecoavam em sua cabeça como uma marcha fúnebre:
“Agora você está só, sem casa, sem emprego e sem o Benjamim”.

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