O ʟᴇɪʟᴀ̃ᴏ romance Capítulo 151

" Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente. "

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Estou à mesa com mia donna, meu pai, Alessandra à direta, Lexie ao lado de Constância que a fez comer duas vezes, e meu tio distraído com seus pensamentos.

— Tio! Está tudo bem? — em silêncio disse que sim — Tem certeza?

— Sim, filho apenas pensativo com os últimos acontecimentos, só isso! E, com saudades do meu ragazzo e da minha nora. — Tancinha alisou seu rosto que rapidamente se iluminou — Quando viajamos?

— Amanhã, irmão, e queria saber se podemos ficar na sua nova casa Nico? Até as coisas se normalizarem um pouco. — Ia responder quando fui interrompido.

— Claro que pode! Amo vocês por perto! — Alessa falou toda animada — Mãe, lá possui um lindo terraço com uma vista perfeita.

— Ótimo saber disso, a propósito, posso pintar um pouco? Sinto tanta falta! — minha sogra questionou, me fazendo recordar da tela do vinhedo em chamas que Alessa nem começou a pintar, planejo cobrar mais tarde.

O almoço foi tranquilo, na verdade, parcialmente, por conta do susto que tivemos mais cedo. — Vittorio merece sentir muita dor.

Com todos alimentados ficamos de pé, meu tio e Constância foram para o quintal com Lexie, que anda enchendo os dois de perguntas. Meu tio fica todo bobo, devido ela estar cada dia mais unida a eles.

O clima ficou um pouco estranho quando meu pai nos convidou para irmos até o escritório, troquei olhares com Alessa. Senti me puxar mais para perto, e juntos fomos atrás dos dois.

Devidamente acomodados, meu pai pediu que Alessandra falasse o que tanto queria dizer no dia anterior. Fiquei sem entender, porém, me mantive calado e apreensivo, visto não parecer ser coisa boa.

— Quero que saibam que tudo que revelarei aqui hoje, só tomei conhecimento um dia antes do Vittorio me vender para o Franco... — senti um frio na barriga acompanhado de um pressentimento ruim — no dia em que obtive essas informações, cheguei em casa mais cedo e fui para o quarto da minha menina como estava acostumada a fazer...

O silêncio caiu sobre nós, e vi que o assunto era mais complicado do que imaginei, pois Alessandra olhou para as mãos, e posso julgar que está nervosa, porque tem beliscados os dedos.

— ... Continua! — meu pai exigiu — Por favor!

— Rico, lamento muito... — meu pai se colocou de pé, e já sabia o que ela iria compartilhar — passei pelo corredor do escritório e o escutei falando sozinho.

— Conta! Alessandra — tornou a exigir — por obséquio, diga de uma vez!

— Inicialmente ficou um pouco confuso, por não saber de quem se tratava até Vittorio falar o seu nome, Rico, ele repetia diversas vezes... Blanca sempre foi meu amor, Blanca era tudo para mim! — enxugando as lágrimas relatou e sem perceber as minhas começaram a descer no meu rosto — Ele bradou: a matei porque se não fosse minha, do Enrico também não seria.

— Então é verdade? Minha Blanca estaria viva? Minha mulher era para estar viva e conosco?

— Sim, meu amor, e não sei como fez isso! Tampouco faço a mínima ideia, mas sim, ela estaria viva se não fosse o Vittorio, e penso que a única pessoa que pode lhe dizer com exatidão é o próprio! Ele te odeia Rico, por isso me pediu para te matar, e destruir tudo que tem... isso você já sabe, sendo que contei no dia em que te conheci! — Vi o medo nos olhos dela.

Talvez Alessandra esteja imaginando que meu pai vá culpá-la por não contar para ele, e isso tem deixado ela ainda mais nervosa. Passei o braço por cima de Alessa para tocar o ombro da minha sogra, mas desisti quando senti mia Bella tremendo.

— Amor! O que foi? — Questionei alisando suas costas.

— Dom... contarei como soube que ele tinha matado sua mãe, eu nem imaginava ser minha sogra, e agora estou juntando as peças na minha cabeça — concordei enquanto aliso seu rosto —, no meu aniversário de 15 anos ele estava como sempre, estressado, e muito violento.

— Meu amor... vai no seu tempo! — Pedi, devido estar tremendo demais.

— Preciso contar logo... então! — respirou fundo, e me encarou com seus olhos avermelhados — Sabia que não seria nada bom, pois é o dia do falecimento de minha sogra... todos os anos ele me batia, e me culpava por nascer mulher que se fosse o herdeiro que tanto desejava a data não seria tão dolorosa, e amenizaria sua dor, entende?

— Não foi sua culpa raio de sol, seu pai é um maldito que preferiu te culpar do que ter batido com a própria cabeça na parede até se matar! — Meu pai mencionou.

Virei o máximo que pude para ficar de frente para ela... beijei-lhe a cabeça, e pedi que continuasse.

— Depois que minha mãe foi embora todos os dias, ele me batia, e me culpava por tudo de ruim que havia acontecido em sua vida, quando completei 15 anos, despertei com ele jogando... — puxou os pés para cima do sofá, e alisou eles —, era três horas da manhã quando acordei com ele jogando uma panela de água fervendo em meus pés... — Alessa puxou o ar com exagero, e um soluço alto rompeu seus lábios seguido de um choro desesperador de cortar a alma.

— Amor, não precisa, para, não têm que contar mais nada. Chega! — a peguei em meu colo e abracei tentando passar para ela através do calor do meu corpo todo o amor que tenho.

— Acordei aos berros com a dor e assim que viu que tinha despertado, gritou um grande e sonoro feliz aniversário, sua inútil... ele estava bêbado. — Explicou como se fosse a justificativa para suas atitudes.

— Para filha, por favor — Alessandra pediu e Alessa negou com a cabeça —, não faça isso consigo mesma.

— Comecei a gritar desesperada, pois as bolhas começaram a subir em minha pele, e ele me colocou de pé, me obrigou andar sobre elas... antes de me bater até eu perder a consciência, me confidenciou que matou a mulher que mais amou e que para o meu azar o meu aniversário caiu na mesma data de sepultamento da Blanca, o grande amor da sua vida. — Começou com aquelas crises de falta de ar, e corri atrás da Emilia para me arrumar um daqueles sacos de papel que só ela tem.

Assim que Emi me forneceu, voltei para o escritório, lhe entreguei e a cada sugada desesperada pelo ar que Alessa dava, alisava suas costas, pedindo aos céus para que ela ficasse bem.

— No dia seguinte estava me obrigando a fazer praticamente todos os afazeres da casa com meus pés queimados, naquele tempo não tinha medicamento, ele não cuidou de mim. Eleonora, que gastou do próprio bolso, e me explicou como tratar, mas foi proibida de me ajudar.

Enchi seu rosto de beijos, e sussurrei em seu ouvido o quanto a amo, que agora está segura e que nunca mais passaria por isso.

— Depois ele passou um bom tempo sem me bater, mas sempre que podia jogava na minha cara que todos os problemas da sua vida eram por minha culpa, por haver nascido mulher. — finalizou, em seguida me abraçou — Nunca mais quero falar disso!

— Não é culpa sua filha, o carcamano do seu pai é um doente, e logo pagará com à vida — segurou sua mão e a puxou para um abraço —, jamais foi sua culpa!

Meu pai permaneceu calado durante um bom tempo..., na verdade, todos nós, e ficamos absolvendo os relatos do sofrimento da minha amada.

— Ele pagará em vida! Tenho fé que sim, a lei do retorno é certeira. — Meu pai, declarou, sentando com minha sogra, beijou seus lábios, e a mesma respirou aliviada, lhe dando um abraço.

Após tudo esclarecido, o silêncio caiu sobre nós por um longo tempo, e suponho que ninguém tem coragem de falar mais nada. — Prefiro assim...

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