O ʟᴇɪʟᴀ̃ᴏ romance Capítulo 175

" A confiança em você é o primeiro segredo do sucesso. "

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• ALESSA AMATTO •

Após o banho decidi ir até o quarto de minha mãe.

Assim que entrei notei estar acordada alisando os cabelos de minha irmã.

— Mãe, o que acha de pintar um pouco? Pode ser no seu quarto. — Convoquei e me deu um sorriso positivo — Pedirei para alguém pegar os cavaletes que tem guardado lá no escritório para colocar aqui, deste modo não precisa se esforçar além do necessário, tenho certeza que a senhora não aguentará ficar em pé por muito tempo, não é mesmo?

— Claro que aguento! Só dormi pouco. Tomei um remédio para dor, já me sinto bem melhor — sorri da forma como falou e da careta que fez —, estou cansada e bastante feliz. Essa madrugada pude relembrar os velhos tempos.

Com sua voz animada, relatou discretamente seus momentos de amor. A deixei por alguns minutos, pedi que Ângelo subisse com os cavaletes, depois retornou para pegar às telas que havia separado. Uma em especial, foi a última a ser levada.

" Retirei meus sapatos para me conectar a ela e quando Ângelo voltou, estava emocionada "

— Está tudo bem? — afirmei que sim, e comentei ser devido à gravidez — Entendo.

Seguimos juntos ao segundo andar me preparando para pintar o Vinhedo em chamas. Penso que será a maior tela que já pintei em um curto espaço de tempo, sendo que amanhã é o meu aniversário e preciso me apressar com esse quadro para entregar ao Domenico.

Minha mãe se colocou de pé com um pouco de dificuldade, porém a disposição de pintar estava maior que a dor e a deixei à vontade, me desliguei do mundo dando início à pintura, durante o processo meus olhos se inundaram com a lembrança e o sofrimento daquele dia fatídico.

Até hoje Dom não confirmou, mas, sim! Tenho certeza que foi meu pai que fez essa maldade. Algumas lágrimas caíram sobre minha paleta de cores se misturando com as tintas.

" Futuramente, quando alguém perguntar como foi que fiz essa obra, posso contar com riqueza de detalhes que as lembranças estavam tão vivas em meus pensamentos, que dei tudo de mim, até minhas lagrimas. "

Saí do meu devaneio com o toque de minha mãe alisando meu braço... encarei sua face com uma expressão preocupada.

— Porque choras desse jeito... — ao se aproximar vi sua boca abrir em choque — meu Deus, Alessa! Que pintura linda filha — me afastei um pouco para ver, pois esse eu não fiz como as demais, nessa peguei as cores exatas para cravar sobre essa tela todo o sofrimento que aconteceu naquele dia —, que perfeição minha menina, traços marcantes, detalhes tocantes e acima de qualquer coisa, cores vivas.

— Por que mudou? A senhora não falava assim mãe! Obviamente não lembro de tudo, no entanto, recordo que afirmava ter traços marcantes e cores vivas, mas detalhes tocantes, nunca ouvi. — Comentei sobre a diferença na frase que utilizava para mim.

— Você era mais nova e tinha o hábito de jogar primeiro as cores vivas por cima delas, traços marcantes dando forma à sua obra de arte. Cada autor tem uma maneira de criar sua obra e essa é sua, mas diante dos meus olhos, vejo uma pintura totalmente diferente Alessa, você não pintou por pintar ou por gostar, esse projeto carrega muitas lembranças tristes.

Concordei admirando como realmente parecia com o dia em que tudo aconteceu.

— O que quero dizer é que todos os detalhes... esse céu bem detalhado ou as chamas altas, filha, você teve a perfeição de colocar o dia cobrindo a escuridão, é como se eu estivesse diante dessa janela. Sei que tudo aconteceu ao amanhecer, consigo perceber esse desespero na forma como pintou primeiro a janela, para depois colocar o detalhe por trás dela. — me virou de frente para ela e beijou minha testa — Sua arte é única filha, é viva... tão viva que sinto como se estivesse diante dessa janela, entende?

Escutar um elogio vindo de minha mãe me encheu de felicidade que o choro me consumiu. Ganhei um abraço sincero.

— Entendo perfeitamente, foi o pior dia que tive ao lado de Domenico... — o silêncio caiu sobre nós e as lágrimas voltaram a rolar no meu rosto — essa pintura tem um grande significado para mim, sei como foi sofrido para meu amado, é tão doloroso que se iguala ao maior medo que tive durante anos, como se todas as minhas obras de artes que dediquei meu tempo e amor para criá-las, estivesse em um único lugar e alguém de alma escura e coração tomado pelo ódio ateasse fogo nessa sala, tornando tudo que mais amo em cinzas. Domenico passou por isso, eu estava lá e meus pés sabem mais do que ninguém o quanto à terra aqueceu naquele dia, essa pintura foi desejo dele, não meu, pois nunca pintei nada tão triste, nunca...

Recebi um abraço que durou não sei quanto tempo e quando me soltei dele estava me sentindo melhor, mas a lembrança daquele dia ainda vagueia por meus pensamentos de tal forma que sinto arrepios na pele. Olhei para os meus pés totalmente cicatrizados, com algumas marcas desse dia tão triste. — Balancei a cabeça de modo a focar no agora e olhei as horas, vendo que possuo mais duas ou três para adiantar o máximo.

Nem que eu vire à noite acordada, entregarei amanhã esse quadro ao meu amado. Comecei a colocar mais detalhes nas chamas que estavam altas e meus olhos tornaram a lacrimejar, não deixei que o choro insistente me parasse e a cada risco azul sobre o laranja para dar um toque a mais nas bordas deixando esse quadro ainda mais realista, vi que já se aproximava do meio-dia fui no closet da minha mãe e peguei o lençol para jogar por cima da tela, não quero que Domenico o veja antes do tempo.

— Parou? — expliquei que tenho minha primeira consulta com a obstetra, e que esse quadro é meu presente de aniversário para Domenico, que não deve visualizar antes de ficar pronto — Queria ir, mas é melhor não filha, prometo que na próxima eu vou.

— Tudo bem mãe, outras virão, tenho certeza que você e minha irmãzinha vão adorar escutar o coraçãozinho do Vincenzo. — passei o olho em sua obra de arte antes de parti, observei com nitidez um campo com um céu cheio de nuvens brancas e um vestígio de uma árvore se iniciando — Lindo!

— Ainda não! Mas ficará. — Lhe dei um beijo e segui para o banheiro.

Assim que comecei me despir escutei a voz do Domenico.

— Mia Bella! Seu marido chegou... — Sorriu antes de informar onde estava e logo apareceu no banheiro com seu terno impecável.

— Vou me juntar a ti. — não demorou para estarmos tomando banho juntos e me ajudou a lavar os cabelos que agora não estão tão compridos — Nem podemos dar uma namorada, pois vai ao médico!

— Sim... — sorrindo confirmei — mais tarde!

— Fiquei até duro! — olhei para baixo confirmando o fato — Sei esperar, sou paciente... exceto se permitir que possa colocar nessa bundinha.

— Nada disso! — falei e saí do boxe — Pode parar.

— A porta foi aberta amor! — gritou me dando um susto — Nem vem com essa! Quando bater é para deixar entrar!

— Que porta? Está louco Domenico? — parei na entrada do boxe e mirei seu rosto — Do que está falando?

— Digamos que meu pau é um refém e sua bunda o cativeiro — tive que segurar o riso ou pensaria que autorizei sua visita em minha porta dos fundos — Alessa, te conheço mulher, já raspei sua boceta! Olhe para mim, permita convencê-la de ser torturado pela porta dos fundos. Só para registrar! Amo uma tortura nesse bumbum aí... — Me deu um olhar suplicante e fiquei de acordo.

— Ok, fale logo! — Apenas porque fiquei curiosa.

— Voltando a comparação! Meu pau é o refém, bonzinho e legal e, seu bumbum, é o cativeiro torturador, ele quer arrancar do meu pobre pau uma confissão importante... — fiquei tentada a questionar, todavia, tenho medo e balancei a mão para que continuasse — certo, vamos lá. O lugar é estreito e escuro por que não tem iluminação... mais o quê? — fez cara de pensativo, me fitou com os olhos arregalados e estalou o dedo como se lembrasse — Porra, como pude esquecer é... úmido... — disse e voltou a me encarar com a cara mais cínica do mundo — fica assim não, esse cativeiro aí é muito gostoso e me recebe bem sabia? E, amo as torturas, quando ele fica nervoso, começa o interrogatório e fala que só vai me soltar quando responder o que ele quer, na verdade, dar o que tanto deseja. — Estalou a língua diversas vezes em negação.

— Fala logo qual é à pergunta, Domenico! — indaguei devido estar bastante curiosa — Anda, responde!

— Ele fica nervoso e pergunta: CADÊ O LEITE? — gargalhei da imensa sem-vergonhice que acabei de escutar — Amor, é sério, ele pergunta cadê o leite, me dá leitinho! E começa a me estrangular, essa bunda aí é gulosa, quando quer tenho que dar, entende?

— Não, é claro que não entendo! — Expliquei me recuperando da crise de riso.

— Sério! Nesse exato momento estou em telepatia com sua bunda, ela acabou de me dizer que quer torturar meu pau mais tarde, só aceito se você também ficar de acordo... é só o que eu acho!

— Dom, você acha demais e minha bunda não conversa comigo que sou sua dona, quanto mais com você! — Declarei séria pegando a toalha e saindo do banheiro

— ELA ACABOU DE DIZER QUE VOCÊ ESTÁ A FIM E DIGO MAIS! TOQ! TOQ! — explodi em uma gargalha na porta do banheiro — DEIXE-ME ENTRAR!

— NÃO! — Gritei para ouvir.

— VEREMOS MAIS TARDE... — Fingi que não ouvi e escolhi meu vestido para ir ao médico, pois Antônia disse ser melhor para a consulta...

" Estou nervosa, quero saber de tudo... Meu Vincenzo, meu amor! "

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