O Padrasto 1 romance Capítulo 24

Resumo de Capítulo Vinte: O Padrasto 1

Resumo de Capítulo Vinte – O Padrasto 1 por Deane Ramos

Em Capítulo Vinte, um capítulo marcante do aclamado romance de Erótico O Padrasto 1, escrito por Deane Ramos, os leitores são levados mais fundo em uma trama repleta de emoção, conflito e transformação. Este capítulo apresenta desenvolvimentos essenciais e reviravoltas que o tornam leitura obrigatória. Seja você um novo leitor ou um fã fiel, esta parte oferece momentos inesquecíveis que definem a essência de O Padrasto 1.

Tentei afogar minhas dores,

mas elas aprenderam a nadar.

Frida Kahlo

Um mês depois...

Meu jantar de aniversário aconteceu conforme o planejado. Vovó fez questão de participar de cada detalhe — da decoração até a sobremesa. Foi uma noite memorável. As pessoas elegantes, a comida saborosa e o vinho de uma safra especial deixou tudo perfeito. Mas o que realmente impressionou a todos foi o belíssimo conversível importado vermelho que vovó me deu. Realmente, eu não esperava. Mas fiquei muito grata e feliz, mesmo achando que ela não precisava ter me dado um presente tão caro.

Naquela noite senti muita falta do meu pai. Fiquei imaginando o quanto ele ficaria feliz ao comemorar o meu aniversário, eu adoraria que ele estivesse presente em um momento tão importante.

Sentada em minha cama, enquanto olho as fotos do meu aniversário que saiu em uma revista, eu penso em mamãe. Ela não me ligou para me dar os parabéns, nem para brigar comigo. Nada. Não deu nenhum sinal indicando que se importa um pouquinho comigo.

— Julhinha?

— Entra, vó — digo ao ouvir a sua voz do outro lado da porta.

— Com licença, querida — diz, colocando sua cabeça pelo vão da porta.

— Não precisa pedir licença, vó. Sente-se aqui. — Bato com a mão na cama ao meu lado.

— Está olhando as fotos da festa? — ela pergunta enquanto se aproxima com um largo sorriso de satisfação nos lábios.

— Sim, ficaram lindas — digo com sinceridade.

Vovó tira os sapatos e se senta ao meu lado, colocando suas pernas em cima da cama.

— Eu ainda não me acostumei a ter fotos minhas em colunas sociais — digo, arrancando uma gargalhada da vovó.

— Eu sei, minha querida, mas logo você se acostuma — diz com convicção. — Que linda! — diz vovó ao ver a pulseira em ouro branco cravejada com pequenos corações de diamantes.

— É sim — dou um sorriso, satisfeita. — Eu ganhei de Lucca — digo, meu coração apertado. Não consigo esconder a tristeza com a sua ausência.

— Eu sei, querida, também estou com saudades dele.

Assinto com a cabeça. Não sei o verdadeiro motivo que fez Lucca voltar para a casa dos seus pais. Ele havia me dito que voltar para lá seria a sua ruína, então, mudar de opinião tão de repente me fez pensar que deve ser algo muito importante que ele não quer compartilhar no momento. Eu não vou negar que sinto a falta dele e que torço para que as aulas na faculdade comecem logo, assim ele não vai demorar muito para retornar.

— Logo ele estará de volta, minha querida.

(...)

É véspera de Natal, vovó e eu estávamos dando os últimos retoques na decoração animadas com o jantar que ela irá oferecer para alguns amigos mais íntimos.

— Depois do seu aniversário, eu tenho te achado um pouco tristinha. O que está acontecendo, Julha?

No fundo, ela sabe que sinto saudade de casa, e de Christopher — só que esse ela nem imagina. Eu não sabia que sofreria tanto com a ausência dele. Foram muitas as vezes que me vi tentada a ouvir todas as mensagens que ele me enviou, ler as palavras de carinho com que ele descreveu seus sentimentos por mim, sei que seria um martírio, mas pelo menos eu o sentiria mais perto e, como disse Lucca, eu sofreria ainda mais. E ele tem razão nisso. Por que eu deveria mexer em uma ferida que havia criado uma casca, impedindo que eu sofra ainda mais?

Contar ao meu primo o motivo de muitas lágrimas que ele presenciou foi libertador. Eu precisava dividir isso com alguém, e ele é o meu companheiro, amigo que muitas noites me deixou dormir em sua cama enquanto era tomada pela tristeza. Eu não sei se suportaria passar por isso se não o tivesse comigo.

— Julha?

— Não se preocupe, vó, só estou cansada. Esses dias de festas me cansaram um pouco — digo e dou um pequeno sorriso.

Eu não quero chateá-la com os meus assuntos, sei bem o quanto lhe faz mal ouvir o nome, ou qualquer assunto relacionado à minha mãe.

— Querida, saiba que se você precisar conversar, não hesite em se abrir comigo.

— Obrigada. Vovó, eu quero te fazer uma pergunta, mas não precisa responder se não quiser. Eu vou entender.

— Pode falar, querida.

— O meu tio nunca vem aqui? Eu vejo como a senhora olha as fotos dele com tristeza — pergunto, desviando do assunto.

— Seu tio é difícil. Os anos passaram, mas ele continua o mesmo — fala com pesar.

— Mas e o Natal? Eles virão, não é mesmo?

— Não, querida, seremos só nós e alguns amigos. Julha, o seu tio prefere passar as festas na casa da sogra. De preferência, bem longe de mim. Eu não o julgo por isso, sei o quanto ele é ressentido por achar que eu amava mais o seu pai — diz, tristonha.

— Me desculpe por tocar nesse assunto, vó. — Pego suas mãos e as acaricio. — Um dia ele vai se dar conta do quão injusto tem sido com a senhora e saberá que amor de mãe é igual para todos os filhos, e que você o ama tanto quanto amava meu pai. — Um aperto se forma em meu peito ao ver os olhos da minha vó marejarem. — Não fique assim. Um dia ele se dará conta da mãe maravilhosa que você é e o quanto foi tolo por ter passado tanto tempo longe. — Eu a envolvo em meus braços em um abraço carinhoso antes de depositar um beijo em seu rosto.

— Fico tão feliz em tê-la comigo — diz, acariciando meu rosto.

— Eu também estou muito feliz por estar aqui.

Depois de passar o dia todo ocupada com a preparação do jantar da noite de Natal, exausta, suada e desejando insanamente por um banho, eu subo para o meu banheiro e encho a banheira, despejando sais na água. Assim que está cheia o suficiente, entro lentamente e sento-me, apoiando a cabeça na borda e relaxando quando o meu corpo fica coberto pela água norma. É exatamente isso que estou precisando.

Quando me dou conta, percebo que fiquei mais tempo do que gostaria dentro da água, que já está fria. Obedecendo ao clamor do meu corpo, eu pego a toalha dobrada que está em cima de uma peça de madeira ao lado da banheira e enxugo o meu corpo antes de colocar um roupão. Em frente ao espelho na bancada da pia, escovo meu cabelo e o prendo em um coque perfeito no alto da cabeça, em seguida faço uma maquiagem leve, realçando apenas os lábios com um batom vermelho-fogo.

No closet, coloco o vestido vermelho-cereja longo que vovó, com seu bom gosto, me ajudou a escolher. Ele é todo trabalhado em renda com pedrarias até o quadril, e a saia em seda possui uma fenda na altura da coxa. Calço um par de sandálias de tiras douradas de salto alto e me olho no espelho. Dou um sorriso satisfeito ao ver que estou linda. O inverno esse ano veio com força total, agradeço a Deus por terem inventado o aquecedor ou eu iria congelar com esse vestido. Para completar o look, coloco um par de brincos que vovó me deu.

Desço a escada sob os olhares de alguns convidados que já se fazem presentes. Sou recepcionada pela vovó, que ao se dar conta da minha presença caminha em minha direção com um largo sorriso nos lábios.

— Você está linda, minha querida.

— A senhora também está uma gata, vó — digo assim que desço o último degrau.

De braços dados, nós caminhamos entre os convidados. Docemente, vovó faz questão de me apresentar aos que não conheço. Obstinada, eu cumpro a minha missão ao sorrir amavelmente para cada um dos seus amigos. Não sei quanto tempo fico envolvida nas conversas sobre negócios sorrindo para quem insiste que devo seguir a carreira do meu pai na advocacia. Quando já não suporto mais os assuntos desagradáveis, eu me aproximo da vovó e peço permissão para me retirar.

Caminho me esquivando dos convidados, receando ser interceptada por alguém com perguntas invasivas sobre a demora de vir morar com a minha avó. Inconvenientes, é isso que são. Acabo chegando tranquilamente à cozinha, então me junto com a Carol e a Joana, que param os afazeres e olham para mim.

— Menina, você está parecendo aquelas atrizes de Hollywood.

Dou um sorriso tímido e faço uma pequena reverência em agradecimento.

— Verdade, agora só falta um príncipe — completa Carol.

Reviro os olhos e faço uma careta antes de mostrar a língua para ela, fazendo-a gargalhar.

— Agradeço o elogio, mas dispenso o príncipe. — Pego uma taça de espumante de uma bandeja que está em cima do balcão e tomo um generoso gole.

— Não dispense os príncipes, Julinha. Uma menina tão jovem e linda como você já tão descrente do amor?

— Algumas pessoas não nasceram para viver uma linda história de amor, acredito que eu sou uma delas. — Dou outro generoso gole em minha bebida.

— Não diga bobagens. — Ela balança a cabeça de um lado para o outro, não concordando com a minha afirmação.

— Senhorita Julha.

Eu giro e olho para o jovem garçom vestido com um uniforme impecável e com as mãos nas costas.

— Sim. — Pouso os meus olhos no homem, que me fita visivelmente envergonhado, parecendo não saber direito o que dizer. Inclino a cabeça para o lado e arqueio as sobrancelhas em um modo questionador, esperando que diga as palavras que lhe fugiram.

— Bom... é... eu... — ele limpa a garganta. — Sua avó a aguarda na sala com os outros convidados.

— Ah, claro, eu já estou indo.

O homem se vira e sai, então tomo de uma única vez a bebida da minha taça, deixando-a sobre a bancada para só então caminhar para a sala para me juntar aos convidados. Ao entrar na sala, percorro os olhos pelo ambiente em busca de vovó e não demoro a vê-la com um algumas pessoas ao seu redor.

— Querida, aí está você. — Um sorriso largo aparece em seus lábios ao me ver aproximar.

— Boa noite, senhores. — Volto a minha atenção aos homens que fazem parte do grupo.

— Nos deem licença.

— Por favor, senhora Thompson. — Os homens assentem com a cabeça.

— Com licença — digo e, em seguida, saio acompanhando a minha avó.

— Venha, querida, eu quero apresentar algumas pessoas a você.

De mãos dadas seguimos na direção de três pessoas paradas perto da lareira. Meus olhos contemplam uma belíssima loira de longas madeixas vestida com um tailleur verde-claro, um par de saltos altíssimos e um sorriso simpático enfeitando o seu rosto. O homem ao seu lado possui um corpo esguio e cabelo curto grisalho, um homem bonito, elegante e de muito bom gosto. Mas os meus olhos seguem para outra direção. Um rapaz, que só me dou conta dos seus belíssimos olhos azuis quando estou perto, também está muito bem vestido.

— Boa noite, Vincenzo — cumprimenta vovó gentilmente quando nos aproximamos.

— Senhora Thompson. — Rapidamente o homem coloca o copo na bandeja de um garçom que passa por nós recolhendo os copos vazios, enquanto outros reabastecem os convidados.

— Boa noite. — O homem pega a mão da minha avó por entre as suas e deposita um selinho estalado. — Vincenzo, deixe de formalidade. — Ela faz um gesto com a mão no ar como se estivesse espantando alguma coisa. — Elizabeth, como vai? — cordialmente, vovó cumprimenta a bela mulher.

— Eu estou bem, e a senhora, como está? — Cumprimentam-se com um breve beijo no rosto.

— Estou muito feliz, como podem ver — vovó diz e volta a sua atenção para mim. — É um prazer recebê-los em minha casa — afirma a minha vó, toda cheia de si.

— Nós é que temos a honra de fazer parte deste jantar maravilhoso — completa a bela sra. Vincenzo.

— Erick, meu menino de ouro.

Não controlo o ciúme que me atinge ao ouvir a minha vó o tratar com tamanha intimidade, então franzo o cenho e fito o belo rapaz, que cheio de si se aproxima da vovó, segura e beija suas mãos enrugadas pelo tempo com as unhas pintadas na cor nude.

— Boa noite, dona Iolanda. Eu quero me desculpar por não ter vindo ao aniversário da sua neta, tive alguns contratempos.

— Não importa, querido, isso é passado. O importante é que agora estão aqui.

O rapaz se afasta da vovó sem desviar o seu olhar de mim.

— Quero que conheçam a minha neta Julha. — Ela dá um largo sorriso, visivelmente feliz, ao voltar a sua atenção para mim.

— Meu Deus, é a Julha? — o homem pergunta ao levar as mãos aos lábios em espanto, o mesmo acontece a mulher ao seu lado.

— Sim. Vejam como a minha menina cresceu.

Sem entender nada, eu fico olhando para os dois me encarando, visivelmente emocionados.

— Julha, esse é o dr. Vincenzo, o melhor advogado desse país e amigo de infância do seu pai.

Fico boquiaberta enquanto procuro alguma lembrança do homem à minha frente, mas nada encontro. Seu olhar para mim é carinhoso, e mesmo que eu não me lembre dele, não consigo deixar de sentir uma carinho inexplicável por alguém que um dia foi especial na vida do meu pai, do meu herói.

— Eu e seu pai éramos amigos de infância, Julha. Depois que nos casamos seguimos caminhos opostos, mas ele foi o meu melhor amigo e sempre será. — Suas palavras me emocionaram. — Meu Deus, você é muito parecida com ele.

— É bom ouvir isso — digo com sinceridade.

O homem e sua esposa me cumprimentam com um beijo no rosto antes do seu filho se aproximar e fazer o mesmo. O perfume refrescante do rapaz faz com que os cabelos da minha nuca se arrepiem.

— Você era apenas um pequeno anjo quando eu e o seu pai nos afastamos. — Seu tom de voz soa amargo.

Por que será que uma amizade de tantos anos acabou? Algo me diz que tem mais nessa história do que ele está dizendo. Eu não me recordo de ouvir papai falar de nenhum Vincenzo em nenhum momento.

— E o que aconteceu para se afastarem? — Não controlo as palavras que saem da minha boca, então o silêncio ensurdecedor que se faz presente não me deixa ter dúvidas de que Katherine foi o motivo.

Fico alguns minutos conversando com a minha vó e o casal, que engatou uma conversa muito diferente da que estávamos tendo minutos atrás. Eu não insisti em questionar mais sobre a suposta participação da mamãe no término da amizade de longa data do meu pai e o homem que está à minha frente, mas em outro momento irei pedir que vovó me conte o que aconteceu. Não acredito que a minha mãe tenha feito algo contra esse homem. Desconfiada de que a descoberta do interesse de Vincenzo em minha mãe fez com que o meu pai se afastasse, faz com que o carinho que senti por ele minutos atrás desapareça.

A festa está animada e embalada pela pequena orquestra que vovó contratou para essa noite. Uma música romântica começa a tocar e Erick me convida para uma dança, então gentilmente eu aceito.

Não demora para que os fotógrafos que a minha avó havia liberado para participarem da festa comecem a tirar algumas fotos minhas com Erick, incomodando-me um pouco. Eu gosto de tirar fotos entre amigos, em porta-retratos e nas minhas redes sociais, não com pessoas invadindo a minha privacidade.

— Achei que estivesse sentindo a minha falta, que gostaria de me ver...

— Eu senti, mas não precisa me sufocar.

— Está bem. — Ele me solta e se vira de frente para mim.

— Qual é o seu problema? Que bicho te mordeu?

— Me desculpe — diz com um sorriso meio sem graça antes que um silêncio insuportável tome conta do ambiente.

Eu me viro para olhar melhor para ele, e assim que o faço eu me perco no fundo dos seus olhos azuis.

— Por que você foi obrigado a voltar para a casa dos seus pais? — Noto que Lucca não se sente à vontade quando toco no assunto que tanto o incomoda.

Ele volta a atenção para o lustre no teto do meu quarto e solta o ar dos pulmões na tentativa de liberar a tensão que toma conta do seu corpo.

— É tudo muito complicado — diz em um tom carregado de culpa de algo que não consigo desvendar.

— Eu quero te ajudar, então me conte o que está acontecendo — eu o incentivo enquanto acaricio o seu cabelo.

— E por quê? — pergunta, incrédulo.

— Eu gosto de você, priminho.

— Você não entenderia. — Ele dá um pequeno sorriso e volta a sua atenção para mim.

— Você não pode afirmar isso — rebato.

— Você é tão teimosa!

— Está na genética, baby — digo e dou uma piscadela. — Tudo bem. Quando sentir vontade de conversar sobre isso, pode me procurar. — Eu me levanto para sair do quarto, mas ele agarra o meu pulso e me faz parar. Assim que me viro para ele, vejo o medo em seu olhar, por um momento eu me arrependo de estar forçando-o a falar algo que o incomoda. — Não precisa falar, não agora. — Sou o mais sincera que consigo, pois agora temo o que ele tem para dizer.

— Eu acho que preciso falar sobre isso — engole em seco —, preciso desabafar, não suporto mais esconder o que sinto. — Sua respiração está ofegante e uma camada de suor começa a se formar em sua testa. Ele está muito tenso.

— Lucca?

— Eu vou ficar bem — diz, fingindo uma confiança que não vejo em seus olhos.

— Quando você veio pra cá, por um momento eu te odiei. Detestei ter que dividir tudo o que eu tinha com você. Era cômodo ter a atenção da minha vó voltada só pra mim. Mas com o passar dos dias eu fui notando algo diferente em você. Eu... eu não queria acreditar que sentia algo por uma garota tão idiota, ladra de objetos e pessoas — diz com um sorriso pesaroso nos lábios.

— Lucca, eu não...

— Shiu, por favor — pede. — Apenas me ouça. Eu comecei a nutrir por você um carinho inexplicável, um sentimento que me fazia dormir todos os dias com você em meus pensamentos. Ao mesmo tempo em que eu tinha vontade de te guardar dentro de um potinho, tinha a necessidade de estar ao seu lado para provocá-la só para te ver irritada, porque assim eu te achava muito mais bonita. Eu me odiei por ter te desejado você, prima, e novamente eu estava fazendo a coisa errada. Eu... eu achei que estava apaixonado por você e tentei me convencer que Isadora me faria esquecer o grande amor da minha vida.

Cada palavra que sai da boca de Lucca faz meu coração contrair com uma dor tão forte que não consigo controlar a lágrima que começa a rolar em meu rosto.

— O que eu mais queria era esquecer que ela não pode ser minha.

Eu o encaro com o cenho franzido, confusa, sem entender o que ele está tentando me dizer.

— Eu sou um filho da puta cretino que está apaixonado pela irmã.

Assim que ele termina eu fico boquiaberta, em silêncio, mas em meus lábios se forma um sorriso divertido.

— Eu sei o que você está pensando que sou doente — ele diz com lágrimas nos olhos.

— Lucca... eu... não... bom...

— Tudo bem, Julha, não estou pedindo que você entenda. Eu só confio em você o suficiente para contar que sou apaixonado pela minha irmã de criação. Eu odeio ter que admitir isso, mas eu confio você, diabinha. Você é muito mais que a minha prima, é minha amiga, parceira — ele completa com a voz falha e lágrimas escorrendo em seu rosto.

— Não estou pensando nada disso. E só para não se sentir tão culpado, eu tenho que dizer que achei que estar apaixonada pelo marido da mãe era coisa de outro mundo. — Dou um sorriso sem graça para Lucca, que me olha com uma expressão um pouco confusa. Aos poucos, a sua mente acaba montando o quebra-cabeça e ele se dá conta do que acabei de dizer.

— Você? — Seu olhar para mim é de espanto.

— Não me olhe assim. — Desvio o olhar.

— Puta merda. Você está apaixonada pelo marido da sua mãe? — diz em um tom mais baixo, como um cochicho. Lucca me fita com os olhos semicerrados e pula em cima de mim, fazendo cócegas em minha barriga.

Neste momento, eu sinto que o peso que carregava saiu de suas costas. Depois da nossa “guerra de cócegas”, eu deito a cabeça em seu peito e me abro com o meu primo. Por fim, acabo sentindo o meu corpo sendo liberado das amarras que me prendiam a um passado sem futuro.

— Foi por isso que veio morar com a vovó?

Assinto com a cabeça.

— Você pode me chamar de covarde, mas essa foi a única maneira que encontrei de me manter viva.

Lucca vira a cabeça para o lado e me encara sem entender o que acabo de dizer.

— Eu estava morrendo, Lucca. Todo dia um pouco de mim morria — digo, meus olhos fixos em um ponto do quarto.

Passa um filme com algumas cenas de momentos maravilhosos com Christopher e outros do meu sofrimento quando via a minha mãe em seus braços. Sem conseguir controlar as lágrimas, um soluço escapa dos meus lábios. Lucca me envolve em seus braços, apertando-me contra o seu corpo antes de dar um beijo estalado no topo da minha cabeça.

— Estamos fodidos — diz em um tom brincalhão.

— É, estamos — afirmo.

***

As festas de fim de ano já passaram e as minhas férias estão bem divertidas. Ane e Bruno estão passando duas semanas comigo. Eles trouxeram o meu diploma que a minha mãe nem isso fez questão de ir buscar. Não tocamos no assunto Christopher e Katherine, o que para mim é um alívio, eu já estou cansada de chorar por algo que não iria funcionar. Eu fiquei muito triste em não poder participar do baile de formatura, mas prometi para mim mesma que vou aproveitar o da faculdade quando me formar.

Quando estamos com as pessoas que amamos e fazendo o que gostamos o tempo não passa, ele simplesmente voa. Hoje está sendo um dia triste para mim, estou voltando do aeroporto com o coração apertado, onde deixei a Ane e o Bruno que estão voltando para Nova Iorque. Prometi que no próximo verão irei para o aniversário de Ane, que agora encasquetou que vai se casar assim que ela e Bruno se formarem.

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