O Padrasto 1 romance Capítulo 26

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

O táxi estaciona em frente à casa de vovó, pago a corrida e saio do carro, fechando a porta sem esperar o troco. Ao me aproximar do portão, o segurança ordena para que seja aberto rapidamente, tenho certeza que ele notou o quanto estou apressada.

— Senhorita Julha, está tudo bem? — pergunta o homem ao me ver atravessar os grandes portões.

— Está tudo bem, James. Está tudo bem — digo, minha voz soa embargada.

Eu atravesso a sala de estar e noto como está silenciosa, até que a voz da vovó me desperta do meu devaneio.

— Querida, venha cá. Eu quero que conheça Emanuel, um grande amigo da nossa família.

Paro bruscamente e volto a minha atenção para vovó, que está acompanhada de um homem com mais ou menos sessenta anos, negro, cabelos grisalhos, elegantemente vestido com um terno. Não me passa despercebido o largo sorriso gentil que enfeita os lábios do estranho. Rapidamente seco as lágrimas e coloco um sorriso nos lábios, tentando disfarçar a tristeza que carrego no coração.

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