Prometi a mim mesma que nunca mais iria me apaixonar por Ulisses, pois, uma vez que ele partiu meu coração, podia partir de novo. Achei que não iria encontrá-lo mais, mas o destino tem seu próprios planos. Ele acabou se tornando o pai dos meus filhos, e, agora, moramos juntos.
Ele sempre tenta me conquistar, mas o rejeito todas as vezes. Apesar de estar mudado — é mais maduro e responsável agora —, tenho medo de me machucar de novo. Não tenho certeza se ele realmente gosta de mim ou se acha que gosta por causa dos gêmeos.
Mas, depois de ficar sabendo que ele tinha tentado se matar, tudo mudou. Pensar em perdê-lo para sempre me fere; não sei se eu conseguiria aguentar. Quero que ele se lembre de mim, mas, se isso significa ele se lembrar do trauma e querer se matar de novo, então não quero mais.
Podemos construir algo novo juntos. Decidi esquecer o passado e focar no presente, não só por mim ou por ele mas pelas crianças.
"Ellie."
“Dahlia, fiquei feliz por você ter aceitado me encontrar.”
Dahlia é a líder espiritual da nossa igreja. Sempre converso com ela quando estou triste ou extremamente feliz. Ela era como uma mãe para mim: estava lá quando perdi meus pais, e, sem ela, acho que não conseguiria passar por tudo que passei. Liguei para ela hoje porque precisava de um conselho em relação à minha decisão.
“Claro, estou sempre disponível para você”, diz ela com gentileza.
Eu a abraço. “Obrigada, Dahlia, você é incrível.”
"Agora chega de enrolação, me diga por que você quis me ver."
Dou uma risadinha e, então, solto um suspiro. Estávamos sentadas no nosso lugar favorito em um café.
“Decidi dar uma chance para o Ulie", digo.
Ela apenas assente e me pede para continuar.
"Descobri que ele tem amnésia dissociativa, que é quando a pessoa bloqueia uma determinada informação da vida dela. Ele ficou com esse trauma depois de sofrer um acidente há uns 11, 12 anos. Segundo os pais dele e o médico, quando ele acordou do coma de três meses e soube do acidente, tentou se suicidar, pois se sentia culpado por ter matado alguém. Mas, por algum motivo, ele não se lembra disso. E, recentemente, descobriu que também esqueceu das nossas memórias da faculdade. Mas a parte engraçada é que só não se lembra de mim, do resto da faculdade, ele se lembra.
"Ele queria recuperar essas memórias, mas eu o impedi. Tenho medo de ele se lembrar do acidente, o motivo pelo qual ele tentou se matar. Não quero isso." Minha voz falha, e lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto sem parar, mas continuo a história mesmo assim.
"Não consigo ficar calma sabendo disso. Só de pensar em perdê-lo me faz enlouquecer. Já aceitei o que sempre tentei negar, que me apaixonei por ele de novo. É mais forte agora do que antes, e é por isso que dei uma chance para ele provar seu amor por mim."
Dahlia se aproxima e me dá um abraço apertado. "Você fez o certo, Ellie. Sempre se lembre de que tudo acontece por um motivo e sempre confie nos planos de Deus para a sua vida. Existe um motivo para ele ter te esquecido e um motivo para você ter feito aquele seu plano doido. Mas, ainda assim, não quer dizer que o que você fez está certo. Você decidiu as coisas sozinha e se recusou a seguir o processo normal de ter um filho e uma família.
"Sei que ele te machucou, mas não quero que você odeie o amor ou se impeça de se apaixonar. Você sabe como o seus pais te amavam e como eles amavam um ao outro. E se lembre de que na Bíblia diz que três coisas duram para sempre: a fé, a esperança e o amor. E o amor é o mais forte entre os três. Nunca tenha medo de amar alguém. Não se prive de amar e ser amada, você merece o amor."
Era exatamente disso que eu precisava. Estou mais calma agora. Dou um abraço nela de novo. "Obrigada, Dahlia, por sempre estar ao meu lado, principalmente quando eu mais preciso."
Depois disso, vou direto para casa. Não disse aos gêmeos que iria chegar tarde hoje, então tenho certeza de que estão me esperando.
Quando chego, estranho, pois a sala está escura. Será que as crianças já dormiram? Então, as luzes se acendem um pouco, e vejo pétalas espalhadas pelo chão e velas que parecem indicar um caminho. Chego à sala de jantar, onde vejo Amelia numa fantasia de garçonete.
"Boa noite, madame. Vou levar a senhora até a sua mesa", diz ela, séria.
Sei que tenho que entrar no personagem também, mas quero provocá-la um pouco. "Mas eu não me lembro de ter feito uma reserva."
Amelia se retrai, mas se recupera depressa. “Alguém reservou uma mesa para você.”
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Pai Encantado do Meu Bebê
Boa noite. Quando termos os capítulos finais deste romance? Obrigada....