Os Irmãos Cavalcanti: Rendida romance Capítulo 31

Davi

Eu ouvia as súplicas da Gabriela ao longe, mas não me importei, seu sofrimento não era maior que o meu.

Não tinha tempo a perder. Segui o médico, me sentei e entreguei o braço.

Tudo veio de uma só vez.

Eu era pai!

Lorenzo era meu filho!

Fechei os olhos enquanto tiravam meu sangue para uma bolsa, ainda abismado com tudo isso!

Um filho.

Uma emoção indescritível me varreu dos pés a cabeça.

Tudo fazia sentido!

Ele era a minha cara!

E o que senti quando o peguei no colo! Ele se acalmou no mesmo instante e se concentrou na minha voz! Era o sangue! O reconhecimento visceral antes do racional..

Junto com a felicidade veio a tristeza.

Não acredito que a Gabriela fez isso comigo.

Mas no momento, eu só quero me concentrar em salvar o meu filho.

Levaram meu sangue e eu me levantei.

Fui ao banheiro e lavei meu rosto.

Quando voltava para a sala de espera, parei por um momento, ainda pensando em tudo.

Olhei para Gabriela.. tão jovem.

Quem a vê não poderia dizer que tem um filho.

Mesmo sofrendo, continuava muito linda.

Então entrei e ela se levantou no mesmo instante.

Não falou nada e nem eu.

Só nos fitamos.

Seu olhar era de tristeza, mágoa, arrependimento, súplica, medo.

Vi as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

Desviei e me sentei.

Lucas e Gustavo se sentaram ao meu lado.

- Tenha calma, irmão. Muita calma. - Lucas pediu.

- É, tudo ficará bem. - Gustavo acrescentou.

Eu não falei nada. Apenas fiquei observando.

Uma enfermeira se aproximou e avisou que a cirurgia havia iniciado. Disse também que Gabriela já poderia ver a irmã.

A observei andar colada a Priscilla, em direção ao quarto em que estava a sua irmã.

Me virei para o moço que os ajudou, ainda estava ali porque Lucas tinha pedido.

- Qual é o seu nome? - perguntei.

- Rodrigo.

- Muito obrigado pelo que fez. Salvou as meninas e ao meu filho. - agradeci.

- Por nada. Estava parado a espera de um passageiro pois trabalho de uber, vi o acidente acontecer e uma senhora sair do carro correndo, mas dava para ver que tinha outras pessoas dentro do carro. Só fiz o que qualquer outra pessoa do bem faria. - explicou.

Agradeci mais uma vez e ele se despediu.

- Passe pela sede da empresa Cavalcanti amanhã. - pedi antes que ele saísse e dei o endereço. Ele garantiu que iria.

- Quero que o ajude com o que precisar. Parece ser um rapaz humilde e trabalhador. O que ele fez significou muito mesmo, quero retribuir de alguma forma. - me virei para Lucas e ele entendeu.

Garantiu que trataria disso.

Theodoro estava calado, e agradeci por isso, pois acho que me passaria se ouvisse a voz dele.

A enfermeira trouxe comida para mim, segundo ela precisava comer por ter tirado sangue.

Concordei e comi, pois queria estar bem quando meu filho saísse da cirurgia.

Estava inquieto, sentia o tempo arrastando..

Passando devagar demais.

Ninguém saia e dizia alguma coisa.

Estava impaciente.

Gabriela voltou para a sala de espera, pois Bianca adormeceu.

Se sentou quase ao meu lado.

Eu conseguia sentir seu cheiro.

Eu percebia seus movimentos.

Eu ouvia seus gemidos de choro.

Era angustiante.

Queria lhe abraçar e dizer que o nosso filho vai ficar bem.

Sentia a necessidade de colar seu corpo ao meu, de a aconchegar em mim e garantir que tudo ficaria bem.

Mas como? Se não fosse o acidente eu não saberia que é meu filho, porque ela escondeu isso de mim.

Afastei esses pensamentos na hora.

Agora não é o momento para ficar preso nisso!

Só pensava no meu filho.

Foram 4 horas a espera.

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