Perdição de Vizinho romance Capítulo 34

Se você não consegue relaxar 

Então não tem que fingir

Como não há nenhuma escapatória

Eu nunca deveria ter deixado você entrar

Porque você me deixou para baixo

The Worst - Jhené Ayko

(...)

Ella

Duas semanas se passaram e eu tenho feito tudo que está ao meu alcance para evitá-lo. Ele deixou bem claro o que queria e não serei eu a tentar fazê-lo mudar de ideia. Mas não posso negar que cada vez que olho para seu apartamento pela janela, meu coração dispara. Só Deus sabe quantas vezes imaginei que ele viria até mim, arrependido e implorando para voltar, porém, sei que isso não passa de um sonho. E para falar a verdade, a garota sonhadora que um dia existiu em mim, morreu faz tempo.

Cansei de implorar pelo amor de quem deixa claro que não quer nada de mim. Talvez eu tenha nascido mesmo para ficar sozinha e por muito tempo consegui curtir a minha própria companhia… Meu erro foi deixá-lo entrar, ou melhor, invadir. Porque foi exatamente isso que o Justin fez, invadiu não somente a minha privacidade, como também o meu coração. Sinto muita falta dele, dos nossos momentos juntos. 

Às vezes, até me martirizo, pensando se ele está acompanhado de alguma mulher em seu apartamento, por essa razão, decidida a expulsá-lo da minha mente e coração, parei de olhar pela janela. Somente me aproximo para abri-la ou fechá-la, tenho evitado até mesmo, olhar de soslaio. Chega de me machucar.

Como se não bastasse todo esse drama que está a minha vida, Marcelo continua na cidade e vive atrás de mim, não cansa de enviar milhões e milhões de solicitações de amizade em meu facebook, mesmo eu recusando todas as vezes. Já perdi a conta de quantas vezes já esteve em meu escritório a minha procura, sorte eu não estar lá e meus amigos saberem ser bem persuasivos. E, aparentemente, ele não descobriu onde moro.

A pedido dos meus amigos, tirei uns dias de folga, essa é a vantagem de trabalhar para si mesmo, você é seu próprio chefe e pode fazer seus horários, tirar férias quando quiser. É claro que não costumo me dar esse luxo, mas dessa vez foi necessário, precisava relaxar, tirar um tempo para mim, colocar as ideias no lugar.

Já está anoitecendo e daqui a pouco eles chegam para me buscar, combinamos de sair hoje, ou melhor, eles só faltaram me ameaçar de morte para me fazer sair de casa. Estou sem o menor ânimo, mas depois de tanto negar ao pedido deles, decidi aceitar para deixá-los contentes.

Tomo um banho e procuro uma roupa legalzinha para a noite, mas a verdade é que minha vontade para me vestir bem tem a ver com meu humor. E, definitivamente, meu humor está péssimo ultimamente. Ainda assim, me forço a colocar um look legal, quem sabe assim, me animo.

Escolho um vestido preto brilhante, com decote bem extravagante em v, seu comprimento vai até um pouco acima das coxas. Faço uma maquiagem chamativa — porque se é para fazer isso, quero fazer direito — modelo meus cabelos com a chapinha, deixando leves ondas, calço um par de saltos finos também pretos e, pela primeira vez em alguns dias, me sinto melhor. Por incrível que pareça, consigo até mesmo sorrir, o que significa que minha tática funcionou.

Assim que termino de me arrumar, ouço o som de notificação em meu celular, provavelmente são meus amigos avisando que chegaram, porém, quando iria olhar do que se trata, sinto meu estômago embrulhar, um enjoo terrível me sobe. Fecho a boca, impedindo de me sujar e corro até o banheiro, me ajoelho no chão às pressas, ponho uma mão em cada lado do assento sanitário e coloco os bofes para fora.

— Argh! — murmuro, fazendo careta e sentindo minha boca amargar.

Levanto, apertando o botão da descarga e abaixo a tampa do sanitário. Lavo as mãos e escovo os dentes. Volto para o quarto, retoco o batom, limpo o suor do meu rosto com um papel e saio de casa, indo ao encontro de meus amigos.

(...)

— Uau! — Alexia fala, me olhando de cima a baixo e assobia.

— Minha deusa voltou! — Oliver comenta, balançando as mãos no alto da cabeça.

— Amiga, você está maravilhosa. — Barbara elogia sorrindo.

— Tá mesmo, se eu fosse homem ou gostasse da fruta, eu te pegaria, pode apostar. — Alexia brinca, me fazendo rir.

— Obrigada, vocês são os melhores e estão uns delicinhas. — me aproximo, dando um beijo na bochecha de cada.

Entramos no carro do Oliver, que veio dirigindo dessa vez e seguimos para a boate.

Ao chegar, procuramos por uma vaga para estacionar e logo entramos na algazarra que está o lugar. Enquanto andamos, nos direcionando ao bar, o jogo de luzes me dá uma certa tontura, paro por alguns segundos, me recompondo e volto a segui-los.

— Está tudo bem, amiga? — Barbara pergunta, parecendo me analisar, assim que sentamos nas banquetas atrás do balcão.

— Está sim, acho que desacostumei a ver gente. — respondo em tom de brincadeira, a fim de não preocupá-los.

— Tem certeza? Parece meio pálida… — Alexia fala.

— Tenho sim, fiquem tranquilos, estou bem.

Dão de ombros e chamam o barman.

Cada um deles pedem tequila, no entanto, eu salivo, desejando um coquetel de frutas com leite condensado. Eles até estranham meu pedido, mas não dizem nada.

Quando nossos pedidos chegam, pegamos e vamos para a pista de dança, não demoram a encontrar companhia, somente eu fico dançando sozinha. Vou me deliciando com a bebida, à medida que movo meu corpo ao som da música eletrônica, me permitindo extravasar todo estresse ou qualquer tipo de aflição.

Repentinamente, sinto mãos em minha cintura, nem me importo em saber quem é, enquanto eu estiver sendo respeitada, está tudo bem. Continuamos dançando e o homem aproxima cada vez mais nossos corpos, mesmo de costas consigo sentir sua ereção crescendo contra minha bunda, enquanto ele cheira meu pescoço. Em outros tempos, eu até poderia querer ser desejada dessa maneira, ser tocada, mas quando penso em sexo, a única imagem que me vem a mente é a do Justin.

— Que tal irmos a um lugar mais tranquilo…? — ele sussurra em meu ouvido.

Viro de frente para ele, já tendo acabado meu drinque.

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