Resumo de Capítulo 32 – Capítulo essencial de Perdição de Vizinho por Alê Santos
O capítulo Capítulo 32 é um dos momentos mais intensos da obra Perdição de Vizinho, escrita por Alê Santos. Com elementos marcantes do gênero Romance, esta parte da história revela conflitos profundos, revelações impactantes e mudanças decisivas nos personagens. Uma leitura imperdível para quem acompanha a trama.
Afundando, tão cansado de pensar
De todas as coisas que você precisa de mim
Quem você acha que eu deveria ser?
Com vontade de sentir você comigo
Mas eu não posso fazer isso comigo
Toque tão suave, mas as palavras matam
Nigthmares - Ellise
(...)
Justin
Quem sou eu? O que estou fazendo comigo mesmo? Estou acabando com a única chance de ser feliz por puro medo, por pura covardia. Sim, covardia por não conseguir ser o homem que a Ella merecia, porque me deixei levar por aquelas manchetes que o ex-marido dela jogou em minha cara. Não, eu não sou bom para ninguém, não posso estar perto dela, se houver a mínima possibilidade de fazê-la sofrer. Ella já sofreu demais, merece alguém melhor.
Alguém que possa cuidá-la, protegê-lo e, definitivamente, esse alguém não sou eu.
Com as mãos na cabeça, sentado na ponta da cama, me lamurio, sinto-me um crápula por desejá-la ao meu lado, mesmo sabendo que posso machucá-la. Lágrimas silenciosas escapam dos meus olhos.
Queria ter coragem de ir atrás dela, de dizer que tudo o que falei anteriormente foi bobagem e que podemos ser felizes, mas estaria mentindo para mim mesmo, porque o melhor que posso fazer agora, é mantê-la o mais longe possível de mim.
Ergo a cabeça e as lembranças de nós dois me invadem. Lembro da primeira vez que nos esbarramos na entrada do seu prédio, do jantar que fiz para ela, das vezes em que a provoquei, que a pressionei. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que transamos, parecia que nossas almas haviam entrado em fusão, era como se fossemos um só naquele momento, não somente dessa vez, mas em todas as vezes em que nos amamos. Não se tratou apenas de sexo, era mais como um encontro de almas.
Lembro-me da nossa ida ao parque, de como ela estava receosa por estar perto de mim, de como tinha medo de tudo dar errado. E eu, agi como um cretino, disse tantas vezes a ela que tudo ficaria bem, que nada ficaria entre nós, para na primeira oportunidade, deixá-la ir sem nem ao menos tentar.
Idiota! Burro! Cretino! Filho da puta!
Xingo-me mentalmente, tentando me desfazer de todos os meus fantasmas, mas é impossível, quando estão todos vivos em minha mente.
Levanto, andando de um lado para o outro com o rosto banhado em lágrimas e as mãos na cabeça.
— Inferno! — soco a parede em minha frente.
Estou tão anestesiado, que nem sinto dor na mão.
— Eu te amo, Ella. Eu sempre vou te amar. — murmuro, como se ela pudesse escutar.
Estou morto por dentro, acabado e completamente em pedaços.
Só queria nunca ter visto aquele homem, queria que tudo isso não passasse de um pesadelo, porém, é real.
Sou um homem quebrado, não posso envolvê-la em minha vida de merda. Até cheguei a pensar que podia, que conseguiria deixá-la entrar, mas foi um erro. Um erro dos grandes.
Se eu pudesse, hoje não sairia de casa, mas tenho um dever profissional a cumprir, pessoas precisam de mim, preciso ao menos tentar reverter o meu erro de alguns anos, salvando o maior número de pessoas que puder. Esse tem sido o meu maior objetivo há tempos e permanecerá sendo.
Cambaleio sem forças até o banheiro, tomo um banho, permitindo que a água do chuveiro leve consigo toda a minha dor. Saio, me visto, pego meus pertences e sigo para fora de casa.
Ao chegar em frente aos dois prédios, instintivamente, meus olhos vão em direção ao apartamento dela. Travo o maxilar, contendo o nó em minha garganta. Tomei a minha decisão e preciso seguir em frente, assim como também, permitir que ela faça o mesmo.
O mais incrível é como tudo me lembra ela, até mesmo estar dentro do meu carro. Seu cheiro está impregnado em cada parte de mim, não será uma tarefa fácil esquecê-la. Esquecer tudo o que vivemos. E para falar a verdade, talvez eu não queira esquecer. Porque será uma maneira de tê-la sempre comigo.
Sei que está com raiva de mim.
— Esse é o problema, já estou ferrado faz tempo, fiz isso para não causar nenhum mal a ela.
Ele ri secamente.
— Você pirou, só pode — balança a cabeça para os lados — Eu cansei disso, cansei de te ver se depreciar. Cara, tem noção da mulher maravilhosa que acabou de perder? Pensa, Justin, pensa, porra! — cutuca a têmpora com o dedo indicador.
— Eu tô pensando, porra! Essa é a razão para eu mantê-la longe, sou um fodido.
Nando levanta, andando de um lado para o outro e massageia o osso nasal, pondo a mão na cintura.
— Pelo menos me deixa entender o que te fez tomar essa decisão. — volta a olhar para mim.
— O ex marido dela foi até mim no hospital, disse umas verdades em minha cara. Verdades essas que todos, inclusive você, sempre me deixaram cego, sem poder enxergá-los.
— Você não pode estar falando sério — diz balançando a cabeça para os lados outra vez — Não pode. A bebida de ontem mexeu com seu cérebro. Justin, ao menos uma vez na vida me escuta, tá?
Senta novamente, olhando para mim.
Respiro fundo, enchendo meus pulmões de ar, pronto para ouvi-lo.
— Você é um bom homem, merece toda felicidade do mundo. O que aconteceu com a Maria Julia foi uma fatalidade, você não poderia fazer nada, ainda que fosse entendido da área. Coloca isso em sua cabeça antes que seja tarde demais. Ou vai se perder outra vez. — ele fala pacientemente.
Sei que meu amigo tem razão no que diz, mas não é isso que a minha mente quer me fazer entender e olhar aquelas manchetes sobre mim, me fizeram ver isso.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Perdição de Vizinho
Lindo, estou chorando 😢 😢 até agora...