Perdição de Vizinho romance Capítulo 36

É pouco dizer que você é minha luz, meu céu, minha outra metade

É pouco dizer que daria a vida por seu amor e ainda mais

Já não me alcançam mais palavras, não para explicar o que sinto

E tudo que você está me causando

Branco e preto se tornam cor e tudo é doce

Quando está em sua voz e se vem de você

Te Voy A Amar - Axel Fernando

(...)

Ella

Eu já havia perdido as esperanças que o Justin viesse até mim e me quisesse de volta, fui pega completamente de surpresa com sua visita e seu pedido. Mas, mesmo estando ferida, de certa forma, não poderia rejeitá-lo nunca, eu o amo e agora sei que nascemos um para o outro quando a vida, ou melhor, o destino nos deu uma segunda chance.

Desde que voltamos, algumas coisas mudaram, como por exemplo, o fato de que passamos a morar no apartamento dele. Justin não quis mais esperar e, para falar a verdade, nem eu. Poder estar com ele após um dia cansativo de trabalho, acordar e saber que ele será a primeira imagem que verei, não tem preço. Não me desfiz do meu cantinho, é claro. Só o Tom que ainda está em processo de se familiarizar com o novo lar, por vezes até, entrando no prédio em que morávamos ou só ficando parado em frente e miando.

Há alguns dias, tenho tido algumas crises de mal-estar, ficando tonta com frequência e vomitando, ele tem andado bastante preocupado comigo, acredito que seja o medo devido a fatos do seu passado, tenho tentado tranquilizá-lo, porém, não tem sido uma tarefa fácil.

Justin saiu há mais ou menos uns vinte minutos, dizendo que precisava fazer algo importante, não o contrariei. Enquanto isso, estou cozinhando e o aguardando voltar. 

— Cheguei, querida. — ouço sua voz rouca, seguido pelo som da porta fechando.

— Oi, amor — desligo o fogo, limpando minhas mão num pano de pratos que está em meu ombro — Então, vai me contar porque de tanto mistério? O que foi fazer tão repentinamente?

Ele vem até a cozinha e para ao meu lado, segurando um saco de plástico. Põe a mão dentro, retirando um teste de gravidez de farmácia e erguendo em frente ao meu rosto. Franzo o cenho.

— Não estou entendendo, Justin. Eu não estou grávida. — digo isso mais para mim mesma do que para ele.

— Sejamos sinceros, amor… Você tem tido enjoos constantes, não consegue segurar nada por muito tempo no estômago, porque logo sai correndo para vomitar, está emotiva, chorando com facilidade, sua cintura está mais larga e não, não estou te chamando de gorda, continua linda e gostosa. E por último, mas não menos importante, seus seios estão mais volumosos, o que para mim é um ponto positivo. — sorri de canto, deixando-o bem sexy.

— Mas sempre nos protegemos, Justin. — altero um pouco meu tom de voz, meio nervosa somente em pensar nessa possibilidade.

— Sempre? Tem certeza disso? — arqueia as sobrancelhas me fazendo pensar.

Sua pergunta me faz lembrar de duas ocasiões em que transamos, antes de morarmos juntos, das quais podem ter resultado numa gravidez e outras depois. O meu nervosismo aumenta, por isso olho para o teste em suas mãos.

— É só fazer, meu anjo. Não precisa ter medo, se estiver grávida serei o homem mais feliz desse mundo. — se aproxima de mim, beijando minha testa.

— Vai mesmo? 

— É claro. Não vou mentir que por muito tempo havia desistido dessa ideia, porque ela sonhava em ser mãe e, infelizmente, não teve a chance — se refere a Maria Julia — Mas com você, eu quero tudo, não me contento com pouco. Se estiver esperando um filho meu, essa criança será muito amada. 

Se abaixa, ficando na altura da minha barriga, beijando-a. Acho muito lindo seu gesto, meus olhos chegam a brilhar.

— Vai. — coloca o teste na palma da minha mão e meneia brevemente a cabeça.

Sigo receosa em direção ao banheiro, começo a pensar em várias coisas ao mesmo tempo. E se eu realmente estiver grávida? Nem mesmo quando estava com o Marcelo, eu pensava em filhos, porque meu ex não era esse tipo de homem, que sonha em ser pai, no fim das contas acabei deixando essa possibilidade de lado. Agora, aos trinta anos de idade, quase trinta e um, sem ter planejado algo dessa magnitude, analiso todos os prós e contras. Pensar em ter um serzinho crescendo dentro de mim, não é algo que eu tenha de fato sonhado um dia.

Fecho a porta do banheiro, abro a embalagem e retiro a caneta. Nas instruções diz que se aparecer uma listra é negativo, duas é positivo. Pego o potinho colhedor de urina e faço xixi, jogando fora o excesso que passou da linha indicada. Ponho a caneta em pé no potinho de plástico e aguardo. Lavo as mãos e cruzo os dedos, pedindo por tudo o que é mais sagrado para que o resultado seja negativo.

Cinco minutos se passam, então me preparo para o veredito final. Com a mão trêmula e suada, puxo o teste e quando vejo o duas listras, paraliso. Engulo em seco sem saber o que fazer. Toda a minha vida está prestes a mudar e nem mesmo sei como agir diante disso.

— Amor? — Justin dá dois toques na porta, me chamando.

Pisco repetidamente, voltando a realidade.

— Vou abrir a porta — ele avisa e vejo a maçaneta girando — Então? 

Ele põe somente a cabeça para dentro do banheiro, olhando não somente para mim, mas tudo ao redor e seus olhos miram o objeto em minhas mãos, enquanto estou sentada na tampa do sanitário, sem conseguir pronunciar uma palavra sequer.

— Está tudo bem? Qual foi o resultado? — se abaixa em minha frente.

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