Atenção, trata-se de um continuação! Para que você possa entender o contexto deste história, é necessário que tenha lido o primeiro volume da série: HEDIONDO.
IRON
Não era hora pra arrependimentos, não era hora de bancar a marica chorona e deixar anos da minha vida pesar nas costas. Agora, eu tinha que agir. Eu não ia deixar Kane, vivo ou morto para trás. Não nas mãos desses fodidos, principalmente Jhon.
A culpa era uma lazarenta desgraçada que estava acabando comigo!
Eu beijei Érina, querendo dizer pra ela que ficaria tudo bem. Mas, depois daquele lance no prédio, ter deixado ela viver… Tudo andou caminhando para um rumo fodidamente complicado. Eu não sou mais o mesmo. Eu afrouxei a barra, eu enfiei a irmandade no cú numa porra de missão suicida e eu andei acreditando em liberdade.
Já se passou muito tempo desde o dia em que John rasgou a minha cara, e eu podia jurar que o irmãozinho do peito tinha virado cinzas. Não faço ideia de quantas vezes soquei minha imagem no espelho acreditando que esse rasgo de bosta era um caralho de peso para se carregar, mas o filho da puta esteve debaixo dos lençóis esse tempo todo, esperando o momento certo pra me foder!
Agora, isso precisa acabar. Ele e Koch, vão morrer numa vala vazia, sem ninguém.
Por todo esse tempo de merda, por Kane, por Dom, por Sore e principalmente… Pra que meu filho e minha mulher não tenham o peso de toda essa merda levada nas costas!
Quando a porta do elevador abriu, eu era um fodido com raiva, cagado de ódio e tensão.
Não esperei acontecer, simplesmente saí atirando, desviei de algumas miras, revidei e sai intacto. Eu sabia que ele estava naquele andar, mas o lugar era grande e extenso pra caralho, então eu teria que brincar de esconde esconde.
Adentrei um corredor longo, tinha alguns corpos caído no caminho e comecei a procurar sala por sala. Eram áreas de internações não emergenciais. Érina estava presa em uma dessas pocilgas, até que cheguei no acesso ao elevador principal, e vi o corpo de Kane caído na porta.
Ajoelhei ao seu lado, peguei seu armamento, guardei nos acessórios do colete escondido debaixo da blusa larga, fechei os olhos e notei o silêncio no corredor. Peguei os seus braços e comecei a puxá-lo para uma sala mais próxima, cobri o seu copo e prometi silenciosamente tirá-lo daqui.
Eu saí para fora, fechei a porta e respirei fundo.
— É sério que você fez isso? — perguntou John, sem mostrar as caras e me fazendo ter cautela — Voltou só pra buscar um corpo?
Um barulho fez eu apontar para um lado do corredor, um outro barulho me fez mirar pro outro lado, e eu estava começando a ficar puto com essa merda.
— Aparece, cuzão! — gritei ouvindo o eco da minha voz — Tá com medo de levar paulada de novo?
Ele surgiu vestido, novamente, de um jeito impecável. Os óculos no estilo piloto, o uniforme de alta patente, o excesso de medalhas e o cap amassado, incomodando o T.O.C do otário. Ele não mudou porra nenhuma, só fez cagada pra se achar no topo. Ele ainda está a mesma merda.
— Eu acho que a última paulada, quem levou foi você. — respondeu vestindo as luvas negras, preparando-se para um embate meio marica.
— Até um idiota novato como você percebeu que fazia parte de um plano. — retruquei, sabendo que ele ficaria com raiva.
— Retire o que disse, poço de merda inútil. Você não é um soldado, não tem uma patente decente e não é ninguém para me dirigir a palavra.
Eu larguei minha arma no chão, estralei os meus dedos e o músculo dos ombros.
— Eu tentei te ensinar a ser um soldado, e você não aprendeu porra nenhuma. — cuspi minhas palavras com raiva — Não importa quantas medalhas você pendure no peito, você é descartável. É por isso que você está aqui, porque se essa merda der errado, você é um cuzão substituível. E sua patente, poço de bosta, vai ficar com alguém que se acha um otário igualzinho a você.
Ele partiu pra cima, passou cego do lado gritando e berrando. Eu atingi o ego dele, e isso o deixava uma marica emputecida.
— Cala a sua boca! — berrou tentando me acertar de novo.
Ele tentou socar, tentou empurrar, socar de novo. Quase conseguiu me atingir num golpe baixo, me esquivei de suas pernas ágeis e o filho da mãe acabou socando a parede. Fez um buraco, mas isso não o fez parar. Ele tentou, tentou e tentou de novo, mas eu ainda só estava vendo um novato surtado agindo de uma forma imbecíl. Era o mesmo Jhon de antes, irritado por viver na sombra do irmão.
Eu peguei no seu colarinho, ao mesmo tempo que puxei sua farda, taquei ele com força contra a parede e o fiz bater as costas. Ele caiu cego, mas se levantou rápido e pegando distância.
— Se continuar assim, você vai ficar igual ao seu irmão… — recitou Jhon, um tanto cansado — Se tentar um pouco mais, talvez, ficará aos pés de Iron… Olha só, infelizmente o talento não está no sangue de todos os Primes… Se fosse Iron, a missão teria sido um sucesso…! — Ele ajeitou a roupa e tomou sua posição de combate novamente — Eu quero que você se dane!
— Eles jogaram sujo comigo, Jhon. Fiz coisas que um soldado não deveria fazer, nem mesmo em nome de sua nação. — tentei abrir seus olhos.
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