Ethan
Saí da loja de Mariana me sentindo péssimo.
Ela tinha me rejeitado sem nem mesmo ouvir o que eu tinha a dizer sobre qualquer coisa, mas ainda assim, eu jamais poderia culpá-la por qualquer coisa. Eu fui realmente um cretino com Mariana e agora estava apenas colhendo os frutos do que plantei, por mais chula que fosse essa baboseira toda.
Mas eu ainda não tinha perdido todas as minhas esperanças e lutaria com unhas e dentes para conquistar aquela mulher terrivelmente atrevida, que me conquistou sem se esforçar nenhum pouco para isso.
A verdade é que desde que eu a vi descendo as escadas da mansão de Murilo na casa de praia, Mariana tinha conseguido me abalar e derrubar todas as minhas resoluções e o que tinha determinado para a minha vida.
Lembrei da minha decisão de ir visitar os meus pais em Campo Limpo, mas eu não poderia sair de São Paulo sem antes resolver algumas situações pendentes e a mais importante delas era ter uma conversa muito séria com Murilo Fernandes.
O fato de Mariana estar com tanta raiva de mim não se deve apenas às palavras grosseiras que disse para ela quando esteve em meu escritório, e das quais eu me arrependi desde o momento em que as falei.
Sei que aquilo que Mariana realmente desejava era que eu resolvesse de uma vez por todas a minha briga com Murilo e desistisse dessa maldita vingança, que não me trouxe nenhuma satisfação ou paz.
Tudo o que eu tinha conseguido até agora era apenas me aborrecer e causar muitos problemas para mim mesmo, entre eles o meu envolvimento com uma garota extremamente egoísta e fútil como Bruna e o pior de todos, perder a Mariana, justamente quando estávamos nos entendendo tão bem e eu estava muito próximo de conquistá-la de maneira definitiva.
Então, se é aquilo que ela quer de mim, e eu sei que sim, então eu farei. Faria qualquer coisa para ter a minha namorada de volta, agora sem nada para atrapalhar a nossa relação. Ao menos foi isso que eu pensei.
Antes de sair a procura do Murilo, no entanto, eu me senti na obrigação de ir até o cemitério. Eu precisava me despedir de uma vez por todas de alguém e encerrar esse ciclo da minha vida.
Eu estava totalmente disposto a ouvir a versão dele de sua história com Beatriz, seguindo, é claro, um conselho de Mariana.
E foi com essa intenção que liguei também para Joshua. Ele poderia ser o equilíbrio necessário entre Murilo e eu, caso a minha raiva e todos os sentimentos negativos que nutri por tantos anos acabasse por suplantar o meu bom senso, haveria alguém entre nós.
E Joshua era a melhor pessoa para isso, tendo em vista a sua relação com Beatriz, e o fato de ele sempre ter sido alguém sensato e justo, e que não seria levado por nossa antiga amizade para fazer algo que contrariasse aquilo que ele tanto acredita, o poder do diálogo.
— Parece que você está lendo mentes, meu amigo — Joshua disse com animação, ao atender a minha ligação — Estava mesmo precisando falar com você.
— Pois não parece — Eu não estava brincando — Há dias em São Paulo e até o momento eu não recebi nenhuma visita sua.
— Estou em débito com você, realmente — Concordou Joshua com nítido pesar e até mesmo um traço de tensão na voz — Mas adianto que tenho uma ótima justificativa para ser um amigo assim tão ausente e relapso
Mesmo antes que Joshua pudesse revelar sobre o que estava falando, algo me disse que ele estava se referindo a alguma mulher e eu não consegui conter a risada e menos ainda o tom repleto de ironia de minhas palavras.
— Antes que me diga, eu já posso afirmar com toda a certeza que sei do que está falando — contei ainda sorrindo — Parece-me que aquele anjo travesso e que tem o hábito de andar com flechas encantadas também te pegou.
A risada de Joshua do outro lado da linha foi algo verdadeiramente extravagante.
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