Murilo
O horário do expediente normal de trabalho na empresa já estava chegando ao fim e eu não via a hora de voltar para casa e para a minha mulher, algo que eu sempre aguardava ansiosamente durante todo o dia.
Às vezes eu desejava ficar em casa e apenas curtir a Virgínia a sua gravidez, mas ela, como grande cabeça dura que é, não concorda com os meus planos maravilhosos e praticamente me obriga a vir para a FERZ.
Mas vir é uma coisa e ficar na empresa tanto tempo quanto fosse necessário era outra completamente diferente, e eu não planejava ficar de maneira indefinida na FERZ até que conseguisse colocar todo o trabalho em dia.
Os tempos haviam mudado e agora eu tenho coisas e pessoas muito importantes me aguardando em casa, e foi pensando nisso que eu liguei para Arlete para avisar que já estava de saída e que todos os recados importantes seriam tratados no dia seguinte.
— Há algo que talvez prefira resolver logo hoje — Arlete falou com um tom de apreensão na voz.
— Não há nada que possa me prender aqui por mais tempo.
Eu não ficaria de maneira alguma e como já havia deixado claro, qualquer que fosse o assunto, seria tratado apenas amanhã.
— A Bruna ligou e disse que tem algo muito importante para tratar e que seria mais inteligente de sua parte se retornasse a ligação dela.
Mas que absurdo! Como a Bruna se achava no direito de me fazer ameaças como aquela? Por certo ela tinha esquecido do que fez com a Lavínia e como escapou impune, algo que eu não pretendia repetir, caso ela continuasse a pisar em meus calos.
Foi exatamente isso que falei para Arlete e que trouxe um riso nervoso a voz da minha secretária, me deixando ao mesmo tempo curioso e preocupado.
— Eu não entendi sobre o que ela estava se referindo, mas acredito que seja algo que envolva algo de grande valor ou uma quantia bastante alta — Arlete disse em tom de dúvida, me deixando ainda mais curioso.
— Por que pensa dessa forma? — perguntei já me sentindo tenso e ainda mais irritado.
Nunca pensei que poderia ter me enganado tanto assim com alguém, como aconteceu com a Bruna. Ela é uma mulher sem caráter algum e era quase inacreditável que eu tenha mantido uma relação com ela por mais de três anos, sem ter percebido a pessoa que ela realmente é, mas esse não era o momento para reflexões e aguardei impaciente pela resposta de Arlete.
— Chegue a essa conclusão porque ela pediu para eu te avisar que sabe sobre o leilão e que toda a imprensa também vai saber.
Não era possível que aquele maldito do Ethan esteja usando novamente a Bruna para essa sua vingança ridícula e agora ela está me chantageando, assim como eu tenho certeza de que ele está fazendo com a Mari!
Tentei controlar a minha raiva, respirando várias vezes em um exercício bastante eficaz para manter a serenidade e dispensei a Arlete. Tinha que agir, o mais rápido possível.
— Tem algo mais — Arlete impediu que eu encerrasse a chamada — Joshua está aqui.
— Peça-lhe que entre — orientei a minha secretária — E você pode encerrar seu expediente, Arlete. Até amanhã.
Aguardei a entrada do irmão da Beatriz, a garota que no final das contas foi a maior causa de toda aquela confusão, andando de um lado para outro da minha sala, enquanto isso, disquei o número de Virgínia. Eu chegaria atrasado naquele dia, pois pretendia resolver isso de maneira definitiva e era melhor avisá-la.
Mas iria mentir para ela, algo que eu abomino completamente.
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